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Laço eterno

28-10-2025 | 09:07
Por Marcius Azevedo

Ala do Flamengo, Gui Deodato se emociona ao falar de Larry Taylor, com quem jogou no Bauru Basket e que se despediu das quadras: "É um cara que eu amo muito"

Mais do que companheiros de time no Bauru Basket, Gui Deodato e Larry Taylor construíram uma relação de vida. Atualmente no Flamengo, o ala cresceu ao lado do “Alienígena”, que chegou ao Brasil sem falar português, mas logo conquistou todos pela generosidade e pelo exemplo dentro e fora de quadra. Foram anos de convivência, risadas, desafios e gestos que marcaram para sempre sua trajetória.

O americano naturalizado brasileiro anunciou sua aposentadoria e, claro, Gui não poderia deixar de falar do amigo, uma mistura de pai e irmão. “Ele é uma das minhas pessoas favoritas. Para além do atleta que estamos acostumados a ver, ele é um ser humano incrível. E é disso que eu prefiro falar. Logo quando o Larry chega ao Brasil, nas primeiras semanas, mesmo sem falar uma palavra em português, eu também não falava inglês, pude ajudá-lo com algumas coisas básicas, como ida ao mercado, coisas assim, na minha função de juvenil, jogador mais novo do elenco. A nossa relação é de muitos anos, de uma parceria gigante. Fica difícil para mim distinguir se é uma relação de irmão ou de um pai, porque tudo que o Larry fez, por exemplo, para mim tem impacto muito grande na minha vida até hoje”, afirmou.

Gui e Larry

Gui Deodato e Larry Taylor no Jogo das Estrelas; parceria muito além das quadra. Foto: Luiz Pires/LNB

Gui se emociona ao falar do ex-companheiro. Hoje, com uma carreira consolidada, o ala olha para trás e vê o quanto Larry foi importante para o seu crescimento pessoal e profissional. “Sem o Larry, eu talvez não tivesse virado jogador. Ou pelo menos não seria o atleta que sou hoje. Porque ser atleta vai muito além da quadra, do que todo mundo vê. Tem muitas coisas como postura, integridade, cavalheirismo e altruísmo. O Larry, enquanto pai e amigo, foi muito crucial na minha história. Me ajudou muito. Em uma época difícil, pagou lanche para mim, me deu carona, me deixava ficar na casa dele porque eu morava longe do ginásio, me deu tênis”, contou. “Ele também me desafiava muito, jogávamos muito um contra um. E, obviamente, eu nunca ganhava. Ganhei apenas uma vez”, recordou, rindo.

O ala do Flamengo fez questão de revelar uma passagem para exemplificar o tamanho do coração de Larry. “Ele estava em uma sequência incrível, fazendo um campeonato melhor que o outro. E ele tinha a possibilidade de ter um aumento muito grande. Até porque existia uma série de times atrás dele. Mas o Larry preferiu ficar no Bauru. Além disso, ele não aceitou todo o aumento que estavam oferecendo e pediu que melhorassem a condição dos mais novos. Eu estava entre esses jogadores, não ganhava tão bem e foi um valor que fez a diferença. Jamais vou esquecer.”

A relação ficou ainda mais forte com o tempo, principalmente quando eles se tornaram companheiros de quarto. A vida entre viagens e jogos se tornou mais leve. “Sempre rimos muito e, para mim, é muito satisfatório falar dele, falo com muito orgulho. É um cara que conheceu a minha família, sempre foi muito bem-vindo na minha casa e, de alguma maneira, eu pude conhecê-lo de uma maneira que nem todo mundo teve esse privilégio. Eu me sinto privilegiado por isso.”

Gui Deodato e Larry Taylor construíram uma relação de vida. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket

A trajetória em quadra terminou oficialmente para Larry, que decidiu encerrar sua carreira sem alarde, sem aviso prévio, na última sexta-feira. Ele será homenageado no jogo entre Bauru Basket e Caxias do Sul Basquete, nesta quinta-feira (30/10), em jogo válido pelo NBB CAIXA, no Panela de Pressão.

Para Gui, Larry estará guardado para sempre em seu coração. “É um cara que tem uma carreira incrível, que construiu uma carreira muito linda no Brasil, na seleção brasileira. E eu vejo, com muito orgulho, assim, de um privilégio muito grande, ter participado de vários momentos da carreira dele. Em vários momentos que foram grandes na carreira dele, eu pude estar por perto. É um ser humano diferente. Vou tê-lo para sempre como meu irmão, eu acho que ele prefere assim a chamá-lo de pai. É um cara que eu amo muito e que eu vou sempre levar todos os ensinamentos dele para minha vida”, finalizou.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete, com patrocínio máster das Loterias, Caixa Econômica, Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball, bola oficial Molten, marca oficial Kappa, e parcerias oficiais Cruzeiro do Sul Virtual, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.