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Prancheta do Gustavinho: Hora dos jovens mostrarem experiência!

18-04-2023 | 05:40
Por Liga Nacional de Basquete

Em Pato Branco, Paulistano e Pato Basquete iniciam mais uma série das oitavas de final do NBB

5° Paulistano (21 V – 11 D)  x Paulistano 12° (10 V – 22 D)

Poucos analistas apostaram no Paulistano antes do início do campeonato, mas o Tigre brigou até as rodadas finais e por pouco não entrou no G4 ao final da temporada regular.
Tem que respeitar… Afinal, o Paulistano tem três Finais NBB e é um dos quatro únicos times que conseguiram a proeza de levantar a taça de campeão da competição.

Comandante do elenco mais jovem da NBB (média de idade de 21,1 anos), o treinador Demetrius sabe otimizar o potencial físico e atlético do elenco e durante a competição aprimorou os conceitos táticos da equipe, se tornando cada vez mais difícil de ser batido.
O Paulistano possui a 2ª melhor eficiência defensiva, com 97,1 pontos sofridos a cada 100 posses de bola (73 pontos por jogo). Além de ser a equipe que mais força “turnovers” dos adversários (16 por jogo).

Bem montado, o Tigre tem um garrafão sólido, com os pivôs Victão, os jovens Brunão e Andrezão e os irmãos Doria, bons tanto na proteção do aro como defendendo jogadores menores depois de trocas. Os alas Anderson Barbosa e Kevin Crescenzi marcam bastante na linha de passe e sustentam muito bem suas posições no 1×1. Sem falar em Adyel, líder de bolas recuperadas (1,9 br).

Adyel encaixou como uma luva no jovem time do Paulistano (João Pires/LNB)

Ofensivamente, o alvirrubro tem dois armadores que cresceram demais nas mãos do treinador Demetrius. A dupla vem causando estragos nas defesas opostas. Nate Barnes faz a linha de três pontos parecer perto. São 57 bolas triplas em 24 jogos com 43% de aproveitamento.

E o talentoso Adyel é ousado, tem visão de jogo, corre muito bem a quadra e faz bolas espetaculares, mas ainda carece de consistência na seleção de arremessos (12,5 pontos por jogo com 34% de aproveitamento).

Gui Abreu é outro que subiu de produtividade com o coach “Dema”. Podendo atuar em múltiplas posições, soma 11,8 ppj e 5,4 rpj.

Gui Abreu teve uma grande evolução na temporada 22/23 (João Pires/LNB)

Em confrontos de oitavas de final, somente duas vezes na história do NBB o 12° bateu o 5°.
A 1ª vez foi o rival do Paulistano, Pinheiros, que caiu frente ao Mogi das Cruzes em 2014 (3 x 1 nos playoffs que a época era melhor de 5). Aqui cabe um “pedido de licença” para relembrar aquela equipe que para mim tem um valor especial…

O chamado time de guerreiros, o Mogi, além de contar com um Ginásio Hugo Ramos lotado e barulhento, tinha uma equipe muito bem estruturada pelo treinador espanhol Paco Garcia. Eu fiz parte dessa campanha como armador, ao lado de Jason Smith, Guilherme Filipin, Jefferson Campos, Ted Bento e um garrafão difícil de penetrar com Marcus Toledo, Daniel Alemão, Sidão, Thomas e Jeff Agba. Como se pode notar, era um time muito competitivo e muitas vezes a posição na tabela não indica o potencial real do time. Posso afirmar que não foi surpresa (pelo menos para a apaixonada cidade de Mogi das Cruzes) a quebra do tabu contra o então campeão da Liga das Américas, o Pinheiros, com estrelas do calibre de Shamell, Joe Smith, Rafael Mineiro, Bábby Araújo entre outros craques.

Com certeza Demetrius lembra bem desse time, já que seu fortíssimo time de Limeira, com jogadores consagrados do peso de David Jackson, Ronald Ramon, Renato Lamas e Guilherme Teichmann, após estar vencendo por 2 a 0 foi eliminado de virada (3 x 2) dentro do Ginásio Vô Lucato, por esse time mogiano.

É evidente que são águas passadas, já que Dema depois disso passou por outras três equipes e no comando do Bauru alcançou o ápice da carreira ao ser campeão do NBB em 16/17. As lições aprendidas devem ser compartilhadas e sem dúvidas o “treineiro” tem experiência de sobra para passar para seus “meninos”.

Um raio-x do Pato Basquete

O Pato Basquete conseguiu sua segunda classificação seguida para os playoffs. O projeto bem estruturado vem colhendo os frutos de ter uma estrutura organizada e pés no chão.
Em quadra é fácil observar uma equipe bem treinada e que conta com um apoio incondicional vindo das arquibancadas. Pato Branco abraçou o basquete e ganhou uma torcida vibrante que vem enchendo o ginásio durante toda a temporada.

Em sua primeira temporada como treinador principal no NBB, o detalhista Jece conseguiu implantar sua filosofia de jogo. Bem organizado taticamente, sabe as limitações do time e quem tem que ter mais volume de jogo nos momentos decisivos.

Cresceu na reta final da competição com três vitórias seguidas para fechar a fase de classificação, inclusive um valioso triunfo contra o Minas fora de casa. Contando com ótimas atuações de Fabrício Veríssimo, que anotou 16,6 pontos e 7 rebotes nos jogos derradeiros (8,8 ppj e 5,1 reb no total da competição).

Um jovem jogador de 22 anos que teve tempo de quadra e manteve boa regularidade jogando sob o comando de Jece foi Gabriel Novaes. Oriundo das categorias de base do Palmeiras e depois vindo de uma breve passagem pelo basquete argentino, mostrou boa leitura de jogo e conseguiu 9,1 pontos e 4,8 rebotes em 26 minutos por jogo.

Um dos principais jovens do NBB 15, Gabriel Novaes também tem sido destaque do Pato Basquete (Júnior Agassi)

Bem espaçado em quadra, o Pato tem dois pontuadores com bastante talento individual que costumam assumir o jogo no “clutch time” (momento de decisão). Em sua primeira temporada atuando no Brasil, o ala da seleção da Venezuela, Jose Materan, está afiado nas bolas de longa distância, 52 convertidas com 42% de aproveitamento.

Outro estrangeiro estreante no NBB é Romário Roque. O armador da seleção colombiana é agressivo em relação à cesta e tem personalidade para chutar bolas importantes, acumulando 15,6 pontos e 3,9 passes para a cesta.

Nessa série vai se criando um “match” interessante entre Roque x Adyel.

Com 15,6 pontos por jogo, Romario Roque não tem sido apenas um dos cestinhas do Pato, mas de toda a liga (Junior Agassi)

O coach Jece iniciou sua carreira no profissional justamente como assistente técnico de Demetrius em Limeira em 2010 e herdou a disciplina tática e seu perfil trabalhador.
Foi também assistente de Dedé Barbosa, outro “Ás” da prancheta em Limeira e no próprio Pato Basquete. Dando sequência ao trabalho, Jece conseguiu mostrar seu valor à frente do projeto paranaense, se classificando para mata a mata do NBB.

Pela campanha consistente durante toda temporada, o Paulistano carrega o favoritismo nesta série. Será intrigante observar como muitos dos jovens vão encarar sua 1ª participação em playoffs. Principalmente no primeiro jogo fora de casa, no vibrante ginásio do Sesi em Pato Branco.