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NBB Caixa

Entrevista: Gustavo de Conti

17-05-2024 | 06:01
Por Liga Nacional de Basquete

Treinador do Flamengo vê time no melhor momento da temporada para voltar à decisão do NBB CAIXA antes de enfrentar o Bauru Basket na série de semifinal

Três vezes campeão do NBB CAIXA, o técnico Gustavo de Conti quer voltar à final após ficar fora dela na temporada passada. A série melhor de cinco jogos contra o Bauru Basket, pela semifinal, começa neste sábado, às 15h, no ginásio do Tijuca Tênis Clube. Antes do início do mata-mata, o treinador participou de um bate-papo com os jornalistas Marcius Azevedo e Juvenal Dias, da Liga Nacional de Basquete, e Gustavinho Lima, Nezinho e Allana Glauco, comentaristas do NBB CAIXA.

Gustavo de Conti quer voltar à final do NBB CAIXA. Foto: Gilvan de Souza/CRF

Como avalia essa temporada e como o Flamengo chega para a semifinal?
A temporada foi bastante longa para nós. Já tem sido nesses seis anos que eu estou no Flamengo. Ainda bem que ela é bem longa, com muitos jogos, isso quer dizer que a gente sempre vai até às finais das competições, joga competições internacionais. O time foi mais uma vez remontado da temporada passada para essa. A gente perdeu muitos jogadores, outros entraram e é sempre um pouco mais difícil, mas, para mim, também serve de motivação. Desde a época do Paulistano, as equipes sempre mudavam bastante. Lá era um outro motivo, porque o jogador jovem se destacava e acabava indo para outras equipes. No Flamengo, é mais por opção nossa. Alguns jogadores vão para o basquete internacional, que foi o caso do Yago. É sempre um desafio grande, mas é uma coisa que eu gosto também, eu gosto de mudar os jogadores, gosto de trabalhar com jogadores diferentes, mas acho que eu estou amando que o time continue o mesmo de temporada para temporada e espero que a gente possa continuar com a maioria dos jogadores para a próxima para dar sequência ao trabalho. A gente sempre prepara a equipe para chegar nas finais no melhor momento. Acho que a gente está chegando num ótimo momento agora. O time está bem entrosado, bem concentrado, está sabendo conhecer melhor o espaço um do outro e isso tem sido muito importante nesta reta final.

O Bauru vem de uma série muito física contra o Vasco, enquanto o Flamengo está um período sem jogar. Você pretende aumentar ainda mais a sua intensidade ou ir com um pouco mais de cautela por se tratar de um primeiro jogo?
Os nossos times sempre vão jogar muito intensos. O basquete hoje exige muito da parte física, da parte mental também, mas muito da parte física. A gente sempre vai procurar jogar com bastante intensidade, sempre correndo muito forte a quadra. Vejo muito jogadores e treinadores dando entrevista, todo mundo fala muito de intensidade. Mas o que é a intensidade para mim? O que eu quero do meu jogador? Se determinado jogador precisa ir no rebote de ataque, tem que ir no rebote de ataque em todas, não pode selecionar. Se a gente decidiu correr a quadra e que os laterais corram até o corner, eles têm de correr todas. Isso é intensidade. Não é você disputar um rebote forte e dez você não disputa. Você corre duas vezes forte e as outras não corre. A gente sempre vai jogar assim. Não posso ficar perdendo muito tempo pensando como o Bauru vai entrar. A gente pode pensar de várias formas. Pensar que Bauru jogou cinco jogos e está cansado. Ou pensar que Bauru jogou cinco jogos, passou e está motivada. Não dá para ficar muito tentando imaginar o que que Bauru vai apresentar. A gente tem de esperar o melhor Bauru da temporada. Eles estão vivendo um grande momento, chegaram no melhor momento da temporada. Eles vêm numa crescente muito grande e, no segundo turno, estavam em oitavo e terminaram em quinto e eliminaram o quarto. A gente tem de esperar o melhor Bauru.

E o Flamengo vive o seu melhor momento?
O nosso time está chegando no melhor momento. Fisicamente já teve ótimos momentos durante essa temporada, no Super 8, na reta final da Champions (League Américas). O nosso preparador físico, vocês conhecem bem, o Bruno Nicolaci. Ele conseguiu manter o time em um alto padrão. Mas mentalmente é o melhor momento nosso da temporada. O time entendeu o que e jogar no Flamengo, o que é disputar títulos. A gente bons momentos na temporada, como o título do Super 8, mas tivemos também momentos que machucaram bastante, com a final da Champions, que perdemos. A gente teve algumas derrotas inesperadas também no NBB, feias assim, por exemplo, a derrota para São José. Foi uma derrota feia, perdemos por 18 pontos. A derrota para o Pato foi muito dura lá, onde perdemos na prorrogação. O primeiro jogo do campeonato contra o Minas, a gente perdeu feio também 15 pontos para mais, mas principalmente a Champions calejou muito a gente. A gente decidiu que não quer mais passar por isso, não quer mais passar por derrota, não quer mais ser eliminado. A gente vai fazer o máximo. É claro, se o outro time for melhor, vai ganhar e vai passar, mas a gente vai fazer o máximo para que isso não aconteça, porque a gente está muito forte nessa parte mental por causa dessas derrotas.

Suas equipes sempre jogaram com um ritmo alto, o que não aconteceu nesta temporada. Qual o motivo desta mudança no estilo de jogo? 
É um pouco da característica dos jogadores. A gente tem jogadores que não correm tanto, que não aceleram tanto, mas também tem uma discordância minha da fórmula. Quem sou eu para questionar a fórmula do pace (ritmo)? A fórmula do pace tem algumas falhas. Eu prefiro considerar em vez de posse de bola, o play. E qual é a diferença disso? A posse de bola, você atacou, pegou um rebote, você continua na mesma posse de bola. O play é quando você ataca, pega o rebote e conta um outro play. Por isso prefiro considerar essa fórmula do play. Eu sei que vai mudar um pouco, vai melhorar um pouco. Se for considerar o pace com o play, vai melhorar um pouco porque a gente é um time que ataca muito o rebote ofensivo. A gente é um time que vai muito para o lance livre. Eu prefiro um time que joga com uma pace mais acelerado, mas as características dos jogadores que a gente tem hoje, elas são mais para gente jogar um pouco mais estacionado, jogar mais o cinco contra cinco, e explorar o que a gente tem de melhor neste aspecto. Somos um dos times que mais têm aproveitamento de bola de dois pontos hoje, dentro da área, e um dos que mais bate lance livre também no campeonato. Então, dentro dessa forma que a gente escolheu jogar, um pouco mais estacionado, a gente se propôs a ser uma das melhores equipes que faz isso, com os melhores aproveitamentos. A gente meio que tira o mid-range, a gente ataca muito os três pontos e dentro do garrafão,  mas, claro que, quando você tem um jogador como Scott Machado, não pode proibi-lo de fazer mid-range, porque é uma das melhores bolas que ele tem.

Gustavinho vê o Flamengo no melhor momento da temporada. Foto: Gilvan de Souza/ CRF

O Flamengo, nas estatísticas, é um time bastante equilibrado entre ataque e defesa. Esse é o sonho de qualquer treinador?
Esse equilíbrio os números não dizem tudo. Os números não determinam tudo, mas a gente tem uma sequência já de temporadas e uma sequência de estudos, dizendo que se você estiver entre os melhores nos números, você provavelmente vai estar entre os melhores também na competição. Não é definitivo isso. Franca, na temporada passada, mostra isso. Não estava entre os cinco melhores na defesa, só que era o melhor ataque disparado e conseguiu ganhar tudo. Sempre tem exceções, mas, se você consegue equilibrar bem os números e explorar o que o seu time tem de melhor, você vai ter mais chance para ser campeão.

O Flamengo tem uma distribuição grande de pontos entre os jogadores? Isso é uma dosagem do tempo de quadra é versus a quantidade de pontuação?
Uma coisa que eu posso te garantir é que o tempo de quadra não tem conexão nenhuma com a pontuação dos jogadores. Esse jogador já fez 15  e eu vou tirar porque já fez muitos pontos. Isso aí não existe.  A questão da minutagem dos jogadores, o que é considerado, para a gente mexer um pouco minutagem dos jogadores, é somente o rendimento dele ou a intensidade que o jogo está exigindo, é só isso. Não tem isso de esse já jogou oito minutos e está na hora dele sair. Se ele conseguiu jogar 40 minutos, fazendo as situações que o time precisa, ele vai ficar aos 40 minutos sem problema nenhum. Essa divisão na pontuação dos jogadores já é uma característica das minhas equipes de longo prazo. Eu gosto do que eu chamo de margem de segurança. Se, de repente, um jogador que se destaca a temporada inteira, fazendo 30 pontos, 40 pontos e os outros fazem cinco, dez e eu tenho um estilo de jogo que propicia isso, porque é possível criar um estilo de jogo onde um jogador, que tenha um volume de jogo muito alto, possa produzir. Aí chega em determinada época da temporada esse jogador se lesiona, ou tem uma dor de barriga no dia da final. Essa margem de segurança, que eu falei anteriormente, está praticamente acabada. Você vai ter de reinventar o time naquela semana, reinventar o time na final, no momento mais importante. Então acredito em um time onde um jogador faça falta, óbvio, mas que não faça tanta falta. A mesma coisa que o treinador. Divido muito as coisas com a comissão técnica, porque se eu tiver uma dor de barriga no dia da final, o assistente técnico vai fazer o meu trabalho sem problema algum. Acho isso muito importante. Todos nós somos muito importantes para a equipe. Quando faltam um jogador, vai fazer muita falta, mas a gente vai ter condição de ganhar o jogo da mesma forma com os outros. Por isso que as minhas equipes costumam ser assim. E também por uma questão tática também, porque se a gente pega um time esperto taticamente, que defende bem ele, vai travar o que você tem de melhor e você não vai ter resposta. Planificar um jogo contra uma equipe como é o Flamengo, que tem vários jogadores que podem pontuar, fica muito mais difícil para o treinador planificar essa questão tática.

No aspecto emocional, mesmo com uma equipe muito experiente, como você se prepara para esse momento decisivo?
Cada um vai buscar sua paz, sua motivação, o que te faz bem na hora do jogo, no dia do jogo. Você acordar cedo, acordar tarde, fazer churrasco, não fazer, comer pizza. Enfim, cada um vai saber o que é melhor para si no dia do jogo e nos dias anteriores aos jogos. A gente tem uma equipe muito experiente, que está acostumada a disputar títulos, então eu confio muito em cada par decidir que o que é melhor em termos de motivação. A melhor preparação mental para os jogadores nesses momentos é estar bem treinado. A gente tem feito exaustivamente exercícios de fundamentos nos nossos treinos nas últimas quatro semanas pelo menos. Toda a temporada a gente fez, mas aprimoramos isso dentro das questões táticas que temos. Os pivôs estão fazendo muita finalização próximo da cesta, os laterais estão simulando muito jogo de pick-and-roll, saída de bloqueio, enfim todos os exercícios que você vê numa escolinha de basquete com crianças de 10, 12 anos, a gente está fazendo, porque eu acho que isso é uma coisa que vai dando confiança para os jogadores. A melhor preparação mental é o jogador estar bem treinado, estar muito consciente do que precisa fazer taticamente e muito confiante do que vai fazer tecnicamente na hora do jogo. Saber tudo que o Bauru pode fazer, quanto mais jogos do Bauru eu assistir, eu vou estar mais preparado e, com os jogadores, é a mesma coisa. Quanto mais informações de qualidade eles tiverem sobre Bauru, sobre o Flamengo, e quanto melhora ele estiverem no refinamento técnico dos movimentos, eles vão estar mais confiantes. É claro que isso vai de cada. Tem jogador que não gosta de fazer muito fundamento na véspera do jogo. Enfim, a gente respeita até um certo ponto, mas todos estão fazendo e isso é uma melhora para todos.

Bauru tem uma rotação mais curta, você quer correr para cansá-los?
Correr sempre vamos tentar correr, independentemente do adversário. Se a gente vai finalizar rápido ou não, é outra coisa, mas a gente vai sempre tentar correr e buscar a cesta fácil. Bauru é um time que sabe a hora de correr, eles priorizam muito o jogo de meia-quadra. O armador, o melhor armador do campeonato, que é o Alex Garcia, porque ele é o armador do time hoje. Ele controla muito ritmo do time, sabe onde passar a bola, ele faz a maioria das transições de bola. Ele controla muito o ritmo da partida. A gente vai tentar também fazer eles saírem desse entre aspas conforto, que é o jogo de meia-quadra. Talvez acelerem mais com (Dontrell) Brite, ou quando eles recuperam uma bola. Mas, depois de fundo bola e na a maior parte do jogo, eles são um time mais de meia-quadra e o que deu certo para eles na temporada toda. A questão da rotação curta, me permite discordar. A rotação é bem ok, eu considero ali pelo menos nove jogadores que estão efetivos nos últimos jogos. Por exemplo, eles têm o (Jeremy) Hollowell, o Maciel, o (Anderson) Rodrigues, que são os três pivôs. Tem o Alex que pode jogar na posição um até a cinco. Pedro Mendonça, Larry (Taylor), Brite, Gemadinha e o (Martin) Cabrera. São nove jogadores efetivos. Claro que você tem toda a razão quando você diz que nos jogos mais difíceis ele jogam basicamente com sete, seis, no máximo oito, mas os outros que estavam jogando menos, que é o caso do Cabrera e do Maciel, entraram e jogaram muito bem contra o Vasco, quando precisou por causa das lesões do Brite e do Rodrigues. A gente vai correr, mas não com o único objetivo de cansá-los, mas sim para manter o nosso ritmo.

A última equipe que derrotou o Flamengo foi o Bauru Basket. Qual foi o aprendizado em relação a esse jogo? 
Esse outro jogo contra Bauru rendeu muitos vídeos, muito conversa, muitos treinos. A gente travou praticamente ofensivamente, não conseguimos atacar do jeito que a gente queria. As cestas que a gente fez, os pontos que a gente conseguiu foram arrastados, na marra, do jeito que a gente não gosta que seja. Serviu de muito aprendizado e demos uma resposta muito rápida. Dois dias depois a gente estava em Franca, conquistando o primeiro lugar numa vitória importante. O time reagiu bem, não foi uma derrota que abalou muito, mas foi uma derrota que me tirou muito tempo de análise, de treino, de vídeo, de tudo, porque realmente Bauru defendeu muito bem a gente naquele jogo e a gente conseguiu desenvolver o nosso ritmo. Taticamente a gente foi muito mal naquele jogo.

Como é ter convivido com o Olivinha e estar com ele nesta que será a última temporada da carreira?
É um privilégio, sinceramente de coração, poder dividir os momentos de Flamengo com ele nesses seis anos, tanto nos treinos, quanto nas viagens, nos jogos, ele é um cara extremamente divertido, é alto astral. Nunca vi ele discutir, brigar com ninguém em todos esses treinos. Discussão, para o Olivinha, é como estar tomando um café com alguém. Ele é um gentleman, um cara super para cima. É um grande líder, que lidera muito pelo exemplo dele, pelo que ele faz dentro da quadra, é um guerreiro. Alguns podem falar limitado, mas, dentro da limitação, se a gente pode falar, eu não chamo nem de limitação, dentro da característica dele de basquete, ele inventou, por exemplo, uma bandeja diferente, ele inventou uma finalização diferente que pouquíssimo jogadores fazem. Ele tem um touch ali próximo da cesta espetacular, dos melhores que eu já vi, se não o melhor. Ele consegue se equilibrar dentro do desequilíbrio dele. Se dez pessoas baterem o olho nele, vão falar que ele está desequilibrado, mas ele está super equilibrado e finaliza. Na parte tática, o que eu posso falar, é que ele cumpre tudo, faz tudo que a gente precisa e tem aquele algo a mais. Para o treinador é importante olhar para o time e falar: quem é o cara que eu posso colocar agora que vai mudar alguma coisa no jogo? Ele é esse cara. Vai dar um toco, recuperar uma bola, pegar um rebote de ataque que ninguém espera, vai meter uma bola de três mais longa, é um cara super completo. É uma pena que a gente não vai ter mais ele jogando. Tomara que ele continue no basquete de alguma forma. Espero porque é um cara que vai fazer muita falta.

Gustavinho lembrou da resposta rápida da equipe contra Franca após perder para o Bauru Basket, rival da semifinal. Foto: Marcos Limonti/Franca

Em cinco encontros em playoffs, o Flamengo eliminou o Bauru Basket em todos. Isso vale como brincadeira ou existe uma questão de manter essa escrita? 
Essa questão de o Flamengo ter ganho cinco playoffs, você já respondeu. Retrospecto não entra em quadra. É outro time. É muito importante, claro, para a história, para vocês que pesquisam, que tem que dar as informações. É muito importante para o Flamengo também, mas isso não é considerado quando a gente vai planejar alguma coisa, porque isso não quer dizer muita coisa para nós. A realidade é o que a gente está vivendo ali, naquele momento, e Bauru é um grande time e a gente chega em igualdade de condições contra eles. Vamos tentar fazer 1 a 0 no jogo de sábado.

Na série com o Botafogo era o primeiro contra o 16º, depois com o Fortaleza, era o primeiro com o oitava. Agora é o Bauru, o quinto, e um time mais experiente. O que você programa para essa série?
Já que você citou as outras duas séries vou tentar fazer um comparativo. Claro que esta dificuldade vai aumentando, o time terminou melhor na temporada, basicamente os times são melhores, mais duros. Taticamente vamos encontrar mais dificuldade. Botafogo e Fortaleza não eram times tão táticos assim, que jogavam tão planejado. Claro que planejamento sempre existe, mas o Bauru é muito mais. Ele joga naquele ritmo dele, eles dificilmente saem daquele ritmo. O que interessa para eles é o ritmo que eles impõem pro jogo, para defesa, para o ataque. É um time que tem muitas opções na parte tática ofensiva, tem muitas opções, eles têm muito backdoor, têm muita saída de bloqueio, têm muito mão a mão, têm muito sleep. Eles têm muito tudo. Taticamente eles são muito bem treinados pelo Paulo Jaú, o Alex contribui muito para essa questão tática, a visão dele, é um treinador dentro da quadra também. Vamos ter bastante trabalho na parte tática do que nas outras séries.

Qual o nível de liberdade que você dá para os jogadores tomarem as decisões em quadra?
A liberdade é total para os jogadores, mas a gente treina tanto e a gente conversa tanto durante os treinos, passa os vídeos, conversa individualmente, conversa com o time, que eles já sabem mais ou menos, o que é forçar. A gente não vai chegar no ataque nos primeiros cinco segundos jogar um step back de três pontos com uma contestação, por exemplo. O (Franco) Balbi não vai ficar indo para o post de baixo o tempo inteiro. A gente tem noção pelo que treinamos, pelo que eu falo nos treinos, pelo que a gente combina, eles já têm uma noção do que é aceitável e do que não é aceitável. A gente treina muito todas as situações. Por exemplo, a gente fiz isso a temporada inteira, mas nesta reta final acentuou muito, que é a questão de como se comportar faltando cinco minutos, faltando 3 minutos, faltando um minuto e meio, faltando 40 segundos, faltando 15 segundos. Tudo isso é muito treinado, principalmente nessa fase de finais. A gente já sabe o que precisa fazer, os jogadores têm muita consciência do que precisam fazer. É óbvio que a gente não consegue cercar tudo, o improviso vai acontecer e a gente tem de dar essa liberdade para os jogadores, porque a gente tem jogadores que sabem improvisar. Mas, mesmo quando os jogadores improvisaram, a gente vai saber como reagir, porque a gente está treinando também, quando um jogador decide arremessar uma bola que a gente não estava esperando a gente sabe o que fazer, a gente sabe quem vai fazer o balanço defensivo, quem vai no rebote de ataque quando um jogador decide romper por um lado que a gente não está acostumado, a gente sabe como reagir sem a bola, a gente sabe como reagir no rebote de ataque. É tudo exaustivamente treinando. Poucas coisas são sem querer. A maioria das coisas, ofensivamente, a gente já sabe o que vai acontecer. E defensivamente é muito mais rígido, a gente tentar improvisar o menos possível, tenta ter bastante iniciativa, mas seguir quase que 100% o que a gente tem treinado e planejado.

Queria perguntar do Gabriel Jaú, que foi um jogador que cresceu demais e pode fazer diferença para o Flamengo na série? 
O Jaú é um jogador bastante versátil, que desenvolveu bastante o jogo dele nesses últimos anos. Eu me lembro de fazer um contra Bauru, onde a gente defendia deixando ele livre para arremessar de onde ele quisesse e ficava todo mundo ajudando na marcação. Isso faz, talvez, três anos no máximo. O Léo Figueiró era treinador de Bauru. Agora é inimaginável você deixar o Jaú livre para arremessar em qualquer parte da quadra. Um jogador que não tem uma mecânica de arremesso tão boa, mas uma eficiência muito grande, sempre está próximo de 40%, 43% de aproveitamento dos três pontos, cresce muito nas finais. Todo mundo fala que o lance livre dele não é bom, mas, nessa temporada, em três oportunidades, ele empatou o jogo com dois lances livres, convertendo com o cronômetro praticamente zerado. Ele meteu os dois lances livres em três oportunidades nessa temporada em jogos importantes. É um jogador que se desenvolveu muito individualmente, mas que não funciona sem o time também. Ele consegue aproveitar muitos espaços que são criados por outros jogadores, ele vive muito das sobras (rebotes), além das bolas de qualidade que ele faz ali no poste baixo, três pontos, transição, ele vive muito também de assistências, de rebote de ataque, onde o time atacou de uma maneira equilibrada e ele consegue pegar rebotes em boas posições. É um jogador excelente, fundamental para nós, mas que depende também da atuação dos outros. Como parar o Jaú? Bauru vai ter a mesma dor de cabeça que a gente vai ter para parar o Hollowell, para parar o Alex, para parar o Rodrigues. São jogadores que se equivalem e estamos tendo a mesma dor de cabeça que eles têm para parar os nossos jogadores.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.