HOJE
Jogo Íntimo
Por Marcius Azevedo
Há 23 anos juntos, Palloma, gerente do Pato Basquete, e Jece, técnico do Corinthians, vivem a experiência única de se enfrentar enquanto constroem uma história guiada pelo esporte
Há histórias que o esporte escreve com números, marcas e estatísticas. E há outras que só o esporte é capaz de costurar com delicadeza. Encontros improváveis, caminhos que se cruzam e trajetórias que se misturam até virarem algo maior. A de Palloma dos Santos Lima Leite, gerente do Pato Basquete, e Jece Clodoaldo de Moraes Leite, treinador do Corinthians, é assim, um romance que começou entre quadras diferentes, atravessou mudanças de cidade, desafios profissionais, anos de convivência à distância, estabilidade e um detalhe que poucos casais podem contar: de vez em quando, eles precisam ser adversários.
A última vez que isso aconteceu foi recentemente, no confronto entre Corinthians e Pato Basquete pelo NBB CAIXA, no Ginásio Wlamir Marques, em São Paulo. Melhor para o Alvinegro, comandado por Jece, que abriu 2 a 1 no duelo do casal. Mas o placar é apenas um capítulo de uma história que começou lá atrás, em 2002, no Nosso Clube de Limeira.
Palloma havia acabado de chegar, contratada para jogar vôlei. Jece já trabalhava como técnico de basquete nas escolinhas e categorias de base. Eram, como eles mesmos dizem, “defensores” de suas modalidades, cada um na sua rotina, mas dividindo o mesmo ambiente esportivo e, logo depois, a mesma faculdade. Desse convívio, nasceu o relacionamento que já dura 23 anos, está perto de completar 14 anos de casados e que trouxe ao casal a filha Alícia, parte essencial dessa história construída pelo esporte.

Jece, técnico do Corinthians, e Palloma, gerente do Pato Basquete, um relacionamento que há dura 23 anos. Foto: Beto Miller
O maior adversário? A distância
Se dentro das quadras a rivalidade é recente, começando na temporada passada do NBB CAIXA, quando Jece assumiu o Corinthians e Palloma continuou o trabalho como gerente da equipe do Pato Basquete, fora delas o grande desafio sempre foi geográfico. As carreiras os colocaram repetidas vezes em cidades diferentes.
Palloma permaneceu em Limeira enquanto Jece tentava a vida no Rio de Janeiro. No ano seguinte, ela se mudou para acompanhá-lo. Depois vieram Pato Branco e uma fase rara de estabilidade familiar, com os dois trabalhando no mesmo clube.
Mas o esporte pede movimento: Palloma ficou no Paraná, e Jece seguiu para São Paulo para assumir o Corinthians. Mais uma separação, mais um recomeço.
Até que, há dois meses, a vida finalmente reencontrou o timing. Eles voltaram a morar juntos na capital paulista, cada um defendendo seu clube, seus objetivos e suas responsabilidades. “Estar juntos novamente tem nos trazido equilíbrio e o bem-estar familiar que sempre buscamos”, contam.
Quando o amor vira adversário
Enfrentar o próprio cônjuge não é rotina para ninguém. Mas para Palloma e Jece, já são três capítulos dessa história inusitada. Na quadra, o sentimento muda. “Cada um precisa defender seu trabalho, sua equipe e aquilo em que acredita”, dizem. É profissionalismo puro e respeito, e um orgulho silencioso de ver o outro crescer, ainda que do outro lado. “É assim que lidamos com essa situação atípica.”
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Assim como quase todos os treinadores, Jece também tem seus momentos de tensão quando precisa recuperar o moral da equipe durante um jogo especialmente difícil, em que o adversário está mais confortável em quadra. Quando perguntam quem é o mais bravo, o casal responde em coro: Palloma. “Brava no sentido de ser mais enérgica e intensa”, define Jece. Palloma vê o marido mais metódico. “Ele faz tudo no tempo dele, com planejamento, análise e calma, e isso acaba equilibrando nossas personalidades.”
E em casa, dá para escapar do basquete?
Eles riem antes de responder: não. “É inevitável não falar de basquete em casa.” Mas há uma regra invisível: cada um respeita o espaço profissional do outro. “Isso faz o relacionamento funcionar”, dizem.
E esse talvez seja o segredo de um relacionamento que atravessa quase um quarto de século: a capacidade de torcer pelo outro, mesmo quando a tabela marca que são adversários.
Porque, para além dos confrontos, das viagens, das mudanças e das responsabilidades, há algo que não muda: o esporte os apresentou, o amor os sustentou, e a vida continua escrevendo, com placares, conversas, rotinas e pequenas vitórias diárias, a história de um casal que sabe competir, mas sabe ainda mais caminhar junto.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete, com patrocínio máster das Loterias, Caixa Econômica, Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball, bola oficial Molten, marca oficial Kappa, e parcerias oficiais Cruzeiro do Sul Virtual, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
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