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Histórias desobrevivência

30-05-2018 | 03:40
Por Douglas Carraretto

O que explica? Primeiro "match-point" nunca terminou em título nas Finais em melhor de cinco no NBB CAIXA; "especialista" Alex Garcia deu seu ponto de vista

Arbitro Cristiano Maranho, e Estevam, do Brasília, e Teichmann, do Flamengo

Nas cinco Finais em melhor de cinco na história do NBB CAIXA, um primeiro match-point nunca se transformou em título (Divulgação/LNB)

No último sábado, o Paulistano/Corpore venceu o Jogo 3 das Finais do NBB CAIXA contra o Mogi das Cruzes/Helbor e abriu 2 a 1 na série. Com isso, a equipe terá seu primeiro match-point, termo usado em esportes como tênis e vôlei para o ponto que poderá definir aquele jogo.

No caso da decisão, significa que o time do técnico Gustavo De Conti poderá fechar a série e ser campeão do NBB CAIXA já na próxima partida, que será neste sábado, (02/06), no Ginásio Hugo Ramos, às 14 horas, ao vivo nos canais Band e SporTV.

Mas, se depender do histórico das decisões em melhor de cinco do NBB CAIXA, a festa alvirrubra será adiada.

Em toda a história da competição, cinco Finais foram realizadas em melhor de cinco, e em todas elas a equipe que teve o primeiro match-point da série não conquistou o título na primeira oportunidade. Por exemplo: quem abriu 2 a 0, perdeu o Jogo 3, e quem fez 2 a 1, sempre perdeu o Jogo 4.

E o mais interessante: em todos os casos essas sobrevivências aconteceram na casa da equipe que estava com a corda no pescoço. Porém, um fato que joga a favor do Paulistano é que os mesmos times que resistiram no primeiro match-point acabaram derrotados no duelo seguinte em quatro das cinco Finais em melhor de cinco.

A única sobrevivência que terminou em virada foi na temporada passada, justamente com o Paulistano. Na ocasião, o Bauru viu o CAP abrir 2 a 0 mesmo sem o mando de quadra, mas se recuperou vencendo os três duelos seguintes, aplicou a virada épica e sagrou-se campeão do NBB CAIXA pela primeira vez.

Atualmente, o Mogi está com a corda no pescoço e terá que vencer de qualquer maneira no Ginásio Hugo Ramos para forçar a realização do Jogo 5, que se necessário acontecerá no outro sábado (09/06), no Ginásio Wlamir Marques, às 14 horas.

Paulistano terá sua primeira chance de ser campeão sobre Mogi neste sábado, no Jogo 4 (João Pires/LNB)

Mas o que explica esse dado? É certo que o time que tem o primeiro match-point deixa de estar com a “corda no pescoço”, já que mesmo em caso de derrota ainda seguirá com chances de título. Enquanto isso, o adversário joga em clima de tudo ou nada, pois se for derrotado perderá as chances de ser campeão.

Opinião do especialista

Presente em todas as outras Finais em melhor de cinco na história do NBB CAIXA, Alex Garcia, experiente ala do Bauru, tem propriedade para falar sobre o assunto.

Das cinco séries disputadas, foram três sobrevivências em match-points contra ele, mas somente uma delas se transformou em título – na temporada passada com o Bauru em cima do Paulistano. Dono de quatro títulos do NBB CAIXA, o Brabo destacou a dificuldade de explicar esse dado, mas arriscou uma teoria.

“É muito difícil explicar essa situação. Sempre quem está com corda no pescoço tem uma reação mais rápida do que quem está em vantagem. Não sei o que é exatamente, se é relaxamento ou qualquer outra coisa, mas sempre quem está em vantagem fica mais confortável e confiante, e às vezes isso pode atrapalhar. Do outro lado, quem está com a corda no pescoço tem que ir para o tudo ou nada, por isso a concentração e a força de vencer acabam sendo mais fortes”, disse Alex.

Alex esteve presente em todas as Finais em melhor de cinco na história do NBB CAIXA e sobreviveu a 3 match-points contra ele (Fotojump/LNB)

O resumo é: seria totalmente leviano cravar qualquer teoria para explicar o fato citado na matéria. A única verdade é que cada jogo é um jogo e cada série tem sua história. Não há dúvidas de que, pelo que o NBB CAIXA vem mostrando nos últimos anos, tudo pode acontecer. Portanto, preparem os corações para sábado.

+O quebra-cabeça dos quartos: Paulistano e Mogi “quarto a quarto” nas Finais

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, INFRAERO, Avianca, Nike, LG, Penalty e Wewi e os apoios do Açúcar Guarani e do Ministério do Esporte.

Relembre as sobrevivências

– NBB CAIXA 2008/2009: Flamengo 3 x 2 Brasília

Na primeira edição do NBB CAIXA, o Flamengo, dos irmãos Marcelinho e Duda Machado, abriu 2 a 1 na decisão contra o Brasília, de Alex Garcia, Valtinho e Arthur. Com isso, o time carioca foi à capital federal para seu primeiro match-point. No entanto, acabou derrotado no Jogo 4, por 82 a 78, mas sagrou-se campeão ao vencer o Jogo 5 na Rio Arena, por 76 a 68.

– NBB CAIXA 2009/2010: Brasília 3 x 2 Flamengo

Já no ano seguinte, foi a vez do Brasília dar o troco no Flamengo. A equipe candanga, que acrescentou Giovannoni e Nezinho ao seu elenco, perdeu o Jogo 1 no Rio de Janeiro, mas venceu os dois duelos seguintes em casa e teve seu match-point. Os rubro-negros sobreviveram ao ganhar o Jogo 4 em casa por 94 a 74, mas não aguentaram no Jogo 5. No Ginásio Rio Vermelho, em Goiânia, o Time de Lobos foi campeão com vitória emocionante por 76 a 74.

– NBB CAIXA 2010/2011: Franca 1 x 3 Brasília

O segundo dos três títulos seguidos do Brasília aconteceu de maneira diferente. O time da capital federal venceu os dois primeiros jogos da série contra o Franca (líder da fase de classificação), sendo um fora de casa, e teve o match-point para o Jogo 3 no Pedrocão (2 a 0). De maneira emocionante, os francanos, de Helinho, Benite e Rogério Klafke, sobreviveram com emocionante triunfo por 93 a 92. No entanto, os candangos venceram o Jogo 4 na capital federal por 77 a 68 e levantaram o troféu de campeão pelo terceiro ano seguido.

– NBB CAIXA 2015/2016: Flamengo 3 x 2 Bauru

Depois de quatro anos sem Finais em melhor de cinco, a decisão do NBB CAIXA 2015/2016 resgatou o formato das três primeiras edições e teve emoção de sobra. Ao vencer o Jogo 3 em casa, o Flamengo abriu 2 a 1 sobre Bauru e foi a Marília (SP) para seu primeiro match-point. Porém, acabou dominado pelo Dragão, que sobreviveu ao ganhar o Jogo 4 por 94 a 81. Mas, na quinta e decisiva partida, na Arena Carioca 2, o clube da Gávea deitou e rolou e conquistou o tetracampeonato seguido do NBB CAIXA ao vencer por expressivos 100 a 66.

– NBB CAIXA 2016/2017: Bauru 3 x 2 Paulistano

As Finais da temporada passada talvez tenham sido as mais impressionantes até hoje. Depois de duas vitórias incríveis sobre Bauru nos dois primeiros jogos, uma delas em pleno Panela de Pressão, o jovem time do Paulistano abriu 2 a 0 e colocou uma mão na taça. No Jogo 3, no Ginásio Gigantão, em Araraquara (SP), o Dragão fez valer a força de sua torcida, ganhou por 90 a 79 e sobreviveu ao primeiro match-point. Já no Jogo 4, no Ginásio Wlamir Marques, os bauruenses voltaram a se impor e adiaram a festa alvirrubra mais uma vez, com triunfo por 81 a 64. E por fim, no Jogo 5, novamente em Araraquara, o Bauru foi dominante do início ao fim, venceu por 92 a 73 e concretizou a virada épica que lhe rendeu seu primeiro título do NBB CAIXA.