Re(Luz)ente

Jhonatan Luz saiu do banco no terceiro jogo das quartas de final do NBB CAIXA para desafogar o duelo de alto contato físico contra o Paulistano com sua experiência e ajudou o Sesi Franca a garantir vaga entre as quatro melhores equipes da temporada 2023/24. Campeão nas últimas cinco edições da competição, o ala quer o sexto título seguido e almeja bater recordes de conquistas. Antes disso, já deixou a dona Rosemary contente mais uma vez, com seus 19 pontos que renderam a classificação às semifinais como presente antecipado de dias das mães.

Jhonatan Luz comemorando mais uma semifinal na carreira com o Sesi Franca. Foto: Marcos Limonti/ SFB

“Quem mandou eu ser o cestinha da partida? Agora tenho que dar entrevista”, comentou Jhonatan se direcionando para sua mãe na arquibancada do ginásio Antonio Prado Jr., do Paulistano. Um local que o ala conhece tão bem, afinal foi jogando justamente pelo time da capital de São Paulo que conquistou seu primeiro título de NBB CAIXA, na temporada 2017/18, quando bateu o Mogi Basquete por 3 a 1 na final. Essa foi sua última das três temporadas que passou no Tigre, no ano anterior vivera a decepção de perder o título para o Bauru Basket, em uma decisão que foi 3 a 2.

Antes disso, Jhonatan, que competiu 15 temporadas das 16 do NBB CAIXA, só não esteve na primeira, já tinha passagens por Araraquara, Limeira, o próprio Sesi Franca e o Palmeiras, antes de sua temporada de estreia no Paulistano, em 2015/16. Foi nessa primeira passagem pelo time francano que teve suas melhores médias de pontuação (14 e 10,7). Mas a fome era pelos títulos.

Depois da vitória histórica com o Paulistano, empilhou conquistas sendo uma espécie de amuleto que atraia títulos com times diferentes. Levantou o troféu em 2018/19 e 2020/21 com o Flamengo, últimos anos de triunfos do Rubro-Negro. A temporada 2019/20 não teve conclusão pela pandemia da covid-19. Depois disso, retornou para o Sesi Franca e ajudou nas duas primeiras conquistas do time em sua trajetória no NBB CAIXA. Ou seja, Jhonatan é uma “Luz” por onde passa, como sinônimo de títulos nos últimos anos, isso sem falar de BCLA, Mundial Interclubes, Copa Super 8.

“Só tenho orgulho do que estou fazendo na minha carreira, são seis finais e cinco títulos seguidos. Naquela final contra Bauru, tropeçamos, fiquei muito magoado, pois estávamos ganhando. Mas isso me fez crescer muito mais, a derrota ajudou bastante e me ensinou muita coisa. A cada campeonato que perdia, dava mais vontade de ir para cima no próximo ano para conquistar na próxima temporada. Minha mãe ensinou isso, que é na derrota que temos que nos fortalecer mais. Tem que ser mais forte, mais rápido, mais inteligente e focar sempre no melhor possível”, ressaltou o atleta.

Jhonatan e a dona Rosemary, ao final da partida do Sesi Franca contra o Paulistano. Foto: Marcos Limonti/ SFB

Quando questionado sobre o papel da dona Rosemary na ajuda do fortalecimento do filho, Jhonatan encheu os olhos de lágrimas e quase não conseguiu responder. Embargado, disse: “Aí você quer me fazer chorar… Minha mãe é tudo… (Respirando profundamente)”

“Eu lembro, quando comecei a jogar, é uma história que sempre conto, estava mal na escola e ela me tirou um ano do basquete. Eu cabulava para treinar, estava no Esperia nessa época, e ela falou: ‘o esporte te leva a muitos lugares, mas sem o estudo você não chegará a lugar nenhum’. Ela me tirou nessa temporada e o time foi campeão, eu sempre era vice. Chorei muito, fui para os livros, os diretores da equipe ligavam, minha mãe não deixava. Falava: ‘enquanto ele não passar de ano, ele não volta!’ Tive que estudar mesmo, pegar firme nos livros, deixei um tempo o basquete de lado, foi muito difícil. Hoje, faço por merecer todo esse esforço, essa mulher é tudo para mim, ela que me dá força, me ajuda em tudo que eu preciso, tento retornar para ela um pouco do que ela faz para mim. Só dela poder estar aqui no jogo me vendo já sou um campeão. Nesses momentos de playoffs, eu tiro forças através dela e do meu filho (Ethan), que agora completa seis meses de vida, eles me trazem uma força profunda. Estou muito feliz do que faço, espero que ela esteja por aqui comigo por muito tempo”, declarou o ala do Sesi Franca.

Jhonatan e sua companheira Kadija, atleta de Handebol do Pinheiros, postam muitas fotos do filho e seu crescimento mês a mês, mostrando que a fase nova do atleta é muito boa fora das quadras também.

Cinco títulos de NBB CAIXA não é para qualquer atleta. Jhonatan poderia estar satisfeito pelo lado pessoal, já dentro dos seus 37 anos, com sua mãe assistindo de perto, mas pelo lado profissional, a vontade é de buscar ainda mais. “Quero vencer até o final da minha carreira, quero tentar ser o maior vencedor do NBB CAIXA, respeitando os caras que já venceram bastante, mas estou focado para alcançar o máximo.”

Não dá para duvidar de quem está conquistando os principais campeonatos nos últimos anos e foi um dos personagens que ajudou o Sesi Franca a chegar a sua sexta semifinal no NBB CAIXA, a terceira seguida. Jhonatan explicou o que faz para estender sua carreira e adiar ao máximo sua aposentadoria. “Costumo cuidar bastante do meu físico, também do lado mental, sabemos o quanto é desgastante. Muitas viagens, muita cobrança, particularmente, pelo time, pela cidade. Ter a cabeça boa, ainda está longe de me aposentar, sempre está no horizonte, é muito cansativo, mas procuramos deixar a cabeça boa para o corpo aguentar.”

Até onde essa mente cheia de boas memórias chegará nesta temporada e até onde o brilho da luz alcançará só será revelado mais adiante, com novos capítulos ainda por escrever e com mais alegrias para dona Rosemary por vir.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.