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nasceu guerreiro

14-09-2025 | 02:22
Por Marcius Azevedo

Com uma história de superação, João Vitor ultrapassou infância traumática e nunca desistiu do sonho de ser jogador; agora está com o nome da história da LDB com um triplo-duplo

João Vitor nasceu guerreiro. Aos 3 anos, perdeu a mãe vítima de um assassinato.  Nunca chegou a conhecer o pai. Cresceu nos braços da avó Cleide ao lado da irmã e, com o apoio de um tio adolescente, aprendeu cedo que a vida não seria fácil, mas que a coragem poderia carregar sonhos. Entre desafios, lágrimas e noites de luta silenciosa, ele encontrou na própria força um caminho para se tornar gigante nas quadras. Neste domingo (14/09), com um triplo-duplo na vitória do IVV/Cetaf sobre o Vasco/Tijuca, pela Série Prata, ele colocou o seu nome na história da LDB.

O armador de 1,86m se tornou apenas o 12º jogador na competição com dois dígitos em três das principais estatísticas do basquete em uma partida da LDB. É uma das situações mais difíceis de se alcançar, afinal exige excelência ofensiva, defensiva e uma leitura de jogo acima da média. Foram 13 pontos, 12 assistências e 11 rebotes.

João Vitor anotou 13 pontos, 12 assistências e 11 rebotes na vitória do IVV/Cetaf sobre o Vasco/Tijuca. Foto: Maurício Almeida

“Contei muito com o apoio e confiança da minha equipe, desde a comissão, diretoria até os atletas que me dão todo o suporte. Sem meus colegas de time, eu não teria conseguido esse marco tão importante para minha carreira. Fico muito feliz, porque há anos eu venho batendo na trave, desde o sub-18, mas nunca tinha conseguido. Hoje eu pude ser feliz em realizar esse marco”, afirmou o jogador de 21 anos.

Os companheiros de time foram os responsáveis por atualizá-lo ao longo dos quase 32 minutos em que ficou em quadra, mas ele só soube do feito quando o cronômetro zerou. “Meus colegas de time falavam que faltava pouco, falavam que ia acontecer, eu não acreditei quando o assistente técnico veio falar, já me emocionei na hora em lágrimas de felicidade, porque eu sou um trabalhador nato desde pequeno. Eu nasci guerreiro e é isso que vou levar para minha vida. Sempre é o que eu quero passar para todo mundo. Trabalho duro e esforço compensam e eu sou a prova disso”, disse João Vitor.

E ele tem razão. As dificuldades foram para muito além da infância. A entrada no esporte só foi possível com a ajuda de Flávio, da Associação Cristã de Moços. “Com 10 anos, eu pedia para jogar basquete para minha avó, mas não tínhamos condições, até porque o basquete não é tão acessível no Brasil”, contou. “Foi então que Deus mandou um anjo chamado Flávio, que tenho como padrinho, que me proporcionou entrar na ACM, onde pratiquei vários esportes, futsal, basquete, natação e tudo mais, mas, com 11 anos, foquei no basquete, porque criei essa paixão pelo basquete.”

 

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Com 12 anos, João Vitor entrou no Palmeiras e ficou cinco anos por lá. Ele acabou sendo dispensado na pandemia da covid-19. As portas se abriram no Corinthians, quando participou pela primeira vez da LDB. Com Léo Figueiró, recebeu sua primeira chance no adulto, estreando no NBB CAIXA no clássico com o São Paulo na temporada 2022/23. A parada seguinte foi em Mogi das Cruzes, passou também pelo Basket Osasco até chegar no IVV/Cetaf. “Embarquei no ônibus para o Espírito Santo, onde jogo até hoje, pelo segundo ano na LDB. Fui muito bem por todos.”

Nesta estrada, o armador conheceu outra pessoa que tem sido importante em sua carreira: Marcel Pedroza. Ele foi como um tio, um irmão mais velho ou até um pai em muitos momentos. A relação vai além de empresário/jogador. “Ele sempre cuida de mim”, revelou João Vitor, que, claro, trocou mensagens com ele logo após o triplo-duplo.

João Vitor prova que cada obstáculo pode ser transformado em vitória e que os sonhos mais difíceis de alcançar podem se tornar realidade quando se nasce com coragem no coração. “Sigo evoluindo ano após ano, cuidando de tudo o que preciso melhorar, então imagino conseguir engatar na elite do nosso basquete, ter uma carreira profissional longeva e vitoriosa com toda a bênção divina”, finalizou.

E ninguém duvida disso, João Vitor, afinal você nasceu guerreiro.

A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete, com patrocínio máster da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.