
HOJE

Rico em detalhes
Por Juvenal Dias
Jogo das Estrelas 2025: maior evento festivo do basquete brasileiro será em Belo Horizonte; conheça os conceitos aplicados na identidade visual do evento
Minas Gerais vai ser palco de mais um acontecimento histórico no País. A 16ª edição do Jogo das Estrelas volta para Belo Horizonte, na Arena UniBH, em 2025, dois anos após sua última edição na capital mineira. Os eventos principais (Torneio de Habilidades, Três Pontos, Enterradas e Jogo das Estrelas) ocorrem na sexta-feira e sábado, dias 21 e 22 de março. Com inspiração na arte barroca, conhecida pelos detalhes, requinte e dramaticidade e que se desenvolveu entre os séculos XVIII e XIX no Brasil, o evento promete uma identidade visual de saltar aos olhos.
Todo Jogo das Estrelas tem uma identidade própria que é traduzida em seu elementos, tal como o logo, uniformes e todo material gráfico tornam cada edição única. A versão de 2025 parte da coincidência de datas com o Dia Mundial da Água (22 de Março) estipulado pela Organização das Nações Unidos (ONU). Água misturada com terra vira o barro que, por vezes, era utilizado como matéria prima para as obras dentro do estilo.
Daniel Gama, coordenador da equipe de design da Liga Nacional de Basquete, explica melhor como surge o conceito da identidade visual do Jogo das Estrelas. “A inspiração principal não focamos exatamente na cidade de Belo Horizonte, até por já ter tido uma edição lá recentemente. Optamos por valorizar o estado de Minas. Veio a questão de coincidir com a data do Dia Mundial da Água. O azul presente entra por isso. Somando muitos elementos que vêm principalmente de cidades históricas. Por exemplo, o artesanato na pedra-sabão. Encontramos referências ali e também na arte barroca, bem presente no estado de Minas, em algumas igrejas. Grandes artistas do Barroco são de Minas Gerais: Aleijadinho, principal nome de escultor e que trabalhava com pedra-sabão, e Mestre Ataíde, referência na pintura, são alguns que buscamos. Dessa arte, os ornamentos barrocos e tiramos também muitos tons que estarão presentes no desdobramento de conteúdos gerados. Alguns tons mais terrosos tem a ver com café e artesanato com barro. Até na fonte das letras que utilizamos, tem algumas imperfeições para fazer alusão ao artesanato.”
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Água e terra são elementos da natureza e, apesar de parecer contraditório, basquete dialoga bastante com natureza, segundo a visão de Daniel. “Partimos do princípio que precisamos da natureza para jogar basquete, a madeira da quadra, o látex que está por na borracha do tênis e da bola. Não tenho dúvidas de que existe essa essa relação.”
E para ele, a responsabilidade se tornou ainda maior, já que Minas Gerais é o estado de seu nascimento. “É um desafio gigante. Liderar essa missão da construção da identidade visual é um desafio redobrado, porque sou nascido em Belo Horizonte, meu pai é de Juiz de Fora, meus avós também, todos meus avós são de Minas. É uma responsabilidade muito grande, é representar onde eu venho, cresci vendo as igrejas, prestando atenção em todos os detalhes. Representar meus antepassados, representar meus amigos, que são de Minas, é gratificante, gratificante chegar nesse posto e poder liderar uma equipe super talentosa.”
No melhor estilo histórico da política do “Café com Leite”, veio a parceria do mineiro Daniel com o paulista Gabriel Rossi, designer da equipe, para a elaboração do elemento que centraliza e mais identifica o Jogo das Estrelas que é o logotipo. “No geral, minha participação foi mais sucinta, entrei no processo para ajudar algumas peças finais no lugar. Tive a missão de criar os detalhes dos ornamentos que contornam o logo. Então, vi algumas referencias sobre arte barroca, outros logos de Jogos das Estrelas que já tiveram uma estética parecida para amadurecer a ideia na cabeça, até começar a colocar no papel e refinar no digital. Depois de pronto, fizemos alguns ajustes juntos para chegar em uma versão final do logo até aprovação da diretoria.”
Rossi explica que a maior dificuldade encontrada foi ir na contra-a-mão do que o design traz na atualidade e mostrar que é possível ter uma arte mais incrementada de elementos sem que fique poluída. “Eu sabia o que precisava fazer, mas só precisava encontrar a melhor forma de agregar isso em um logo. O exercício em si foi bem interessante, pois é algo quase contraditório no design gráfico atual: sair de um mundo minimalista para algo com muitos elementos e curvas complexas, existe mais espaço para agregar referências e história para contar no logo.”
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Gabriel ficou satisfeito com mais um trabalho em parceira “Café com Leite”. “Com certeza! Ainda mais que como mineiro o Dani tem uma imersão na cultura paulista muito aprofundada, o resultado disso foi a identidade visual do último Jogo das Estrelas aqui de São Paulo. Agora a história se repete para Belo Horizonte.”
Coordenador do projeto, Daniel explanou como será possível observar elementos da arte barroca na identidade do Jogo das Estrelas. “Veremos principalmente as texturas bem trabalhadas, algo meio como madeira pintada, igual são os trabalhos do Mestre Ataíde e também os ornamentos, detalhes nos cantinhos das bordas, aquelas coisas bem rebuscadas, molduras e os uniformes estão bem bonitos, com esses detalhes na faixa lateral, está bem maneiro.”
O resumo que Daniel Gama faz é a principal ideia no conceito é o contraste com a identidade do Jogo das Estrelas anterior, que trazia mais elementos urbanos. “Minas tem muitas histórias para contar nesse sentido. Não à toa, tem lugares como Inhotim, por exemplo. A igrejinha da Pampulha, que foi desenhada pelo Niemeyer. Mas, até para contrastar com o que foi a identidade do Jogo de São Paulo, que trouxe bastante do grafite. Pensamos em trazer os elementos de uma arte mais clássica. Então, é difícil não falar da arte barroca. Foi muito legal poder revisitar essas referências de já ter conhecido cidades históricas de Minas e um pouquinho da história do Brasil.”