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NBB Caixa

Duas faces da moeda

09-05-2025 | 08:08
Por Juvenal Dias

Origem no basquete semelhante, muita habilidade, mas com personalidades distintas. Assim, Scott Machado, do KTO Minas, enfrenta, Jamaal Smith, do R10 Score Vasco da Gama

Não é difícil apontar para americanos que vêm ao Brasil e vão bem dentro do NBB CAIXA. Mas a tarefa fica um pouco mais seleta para apontar armadores e com encaixe rápido dentro de sua primeira temporada em um novo clube. Ainda mais sendo peças fundamentais nos playoffs como têm sido Scott Machado no KTO Minas e Jamaal Smith no R10 Score Vasco da Gama. Há quem veja semelhanças no jogo dos dois, há quem encontre diferenças em quadra ou de personalidade. O que interessa é saber o que os gringos armadores vão demonstrar para conduzir seus times à semifinal da temporada 2024/25.

Um lado da história

Michael Scott Porto Machado tem 34 anos é de Nova Iorque, mas tem sangue brasileiro correndo nas veias por seus antepassados. Possui vivência de NBA, G-League e basquete europeu (França, Estônia, Alemanha e Espanha). Contudo, é apenas a segunda temporada no NBB CAIXA e a primeira no KTO Minas, após um ano no Flamengo. “Essa segunda temporada no NBB CAIXA está indo muito bem. É o segundo ano que eu faço parte do elenco que termina em primeiro lugar na temporada regular e agora estamos indo para os playoffs para chegar na final, mas esse ano para ganhar”, afirmou o decidido Scott.

Na temporada atual, sua adaptação ao time mineiro foi quase imediata, muito pelo que seu treinador implementa de filosofia. “O Léo (Costa) é um treinador que já traz muitos conceitos do jogo que se joga fora do Brasil, então foi uma questão mais de adaptação, porque o sistema já estava tudo pronto. O que posso agregar nesse time é com minha experiência, sendo confiante, tentando ser líder na quadra, tendo boas atitudes”, explica o armador.

Scott Machado está em um bom momento e tem tudo para ajudar o KTO Minas nas quartas de final. Foto: Hedgard Moraes/MTC

Mas não é só com boas palavras que Machado mostra seu valor. É o sexto do time em pontuação geral (7,7), mas com Fuzaro não atuando em dois dos três jogos contra o Desk Manager Mogi Basquete, nas oitavas, assumiu o protagonismo como maior pontuador da fase, com 14,33 pontos. Também é o líder do time na competição no quesito assistências (3,82), em uma equipe com Baralle e Arengo. “As assistências sempre foram parte do meu jogo, mas também depende muito dos seus companheiros, então tenho que parabenizá-los por me colocarem nessa posição”. Sua eficiência ao longo da temporada é a sexta entre os mineiros (9,21), mas cresceu no momento em que começa a ficar mais estreito o funil (segundo com 16,67). “Esperava encaixar bem porque gostei muito do elenco já do ano passado, acho que o time já tinha uma base com os atletas que continuaram da temporada passada, então vim querendo ajudar”, completou.

Uma trajetória diferente

Jamaal Thaddius Smith, com 40 anos, vem da outra costa dos Estados Unidos, direto da Califórnia. Sua história vem do basquete mexicano, chinês e romeno antes de iniciar sua carreira, que já completa dez temporadas no NBB CAIXA. Começou no Macaé, na temporada 2013/14, e foi onde teve uma segunda temporada ao lado de seu companheiro de R10 Score Vasco da Gama, Eddy do Cavaco, que revelou o apelido do californiano na cidade. “Lá todo mundo conhecia ele como Jamito”. Teve passagem pelo Farma Conde/São José Basketball, Botafogo, tendo a oportunidade de trabalhar com Léo Figueiró, Sesi Franca, Rio Claro e voltou ao Botafogo na temporada passada.

Contratado para ser o titular da posição, o armador chegou com a prerrogativa de ser um exímio arremessador, pois acumulava médias acima dos 13 pontos em todas as temporadas, com exceção do período em Franca. E, apesar da óbvia liderança nas assistências, também tem uma capacidade reconhecida de criar suas próprias situações de arremessos. Com tais características, foi um desafio se adaptar ao Cruzmaltino na temporada. “Foi um pouco diferente, mas é bom chegar em um time assim, porque é muito competitivo. Tem sido uma experiência muito legal, pois sou um atleta que vive por esses momentos de alto nível de competição”, revelou Jamaal.

Uma figura muito querida entre os brasileiros e com um português bem claro, Jamaal conta que precisou mudar sua mentalidade para se encaixar no estilo de jogo diferente de suas origens. “É um estilo diferente do que se joga nos Estados Unidos, que é mais corrido, tem o um contra um. Aqui, a maior parte das vezes é jogar pelo time. Nos poucos momentos nos finais de quartos, que é possível implementar esse um contra um. Foi uma adaptação que precisei fazer ao que se joga no Brasil”. E sua cabeça também foi se remoldando ao longo dos anos. “Há dez, doze anos atrás, eu era o cara que queria meter 40 pontos na sua cabeça. Agora sou um cara que pensa mais no time, como um armador, fazendo os caras jogarem e quero levar a partida nos momentos importantes”, completou. Um pouco de cada característica se traduz na temporada atual, é o terceiro cestinha do time (11,25 pontos). Ao mesmo tempo que é o líder de assistências, com 4,44 por jogo.

Jamaal será fundamental para o R10 Score Vasco da Gama na série com o KTO Minas. Foto: Mauricio Almeida/R10 Score Vasco

Afinal, semelhantes ou diferentes?

Scott Machado acredita que pode ser um duelo de quartas de final interessante, já que vê muitos pontos em comum com o armador rival. “Eu e o Jamaal gostamos de usar o drible para gerar o nosso arremesso, de infiltrar e arremessar, mas acho que ele prefere arremessar mais e eu prefiro entrar no garrafão, fazer bandeja ou achar os companheiros.”

Por outro lado, Jamaal Smith pensa de outra maneira. “Talvez tenham coisas parecidas, por causa dos estilos, de nossas origens americanas. Quando jogo contra, preciso pensar um pouco mais, porque ele está adaptado àquele estilo de jogo. Movimentos mais difíceis para marcar aqui, lá são naturais. Mas não acho que tenhamos estilos iguais, ele também é muito bom jogador, um líder do time, ele tem um pouco de tudo, parte para bandeja, tem a bola de três, mas acho que, acima de tudo, tem a presença que chama na quadra”.

Cada um na sua, mas com muita personalidade

O que poderá ser visto nas quadras de São Januário e da Arena UniBH nessa série será dois estilos de personalidades distintas, mas com o objetivo de alcançar a semifinal em comum. Scott entende que não é preciso mudar seus hábitos por causa do momento do campeonato. “Não tenho um ritual, não. Cada dia, cada jogo é diferente. É simplesmente manter o foco. Jogo basquete há muitos anos e a minha experiência diz é que preciso ficar calmo durante os jogos, sem ansiedade, me mantendo confiante de que as bolas vão cair e as coisas vão dar certo.”

Jamaal, por outro lado, vive uma montanha-russa de sentimentos entre treinamentos, dia a dia e na hora do jogo. “As pessoas que realmente me conhecem, falam que eu gosto de brincar, isso tento levar uma boa parte para dentro de quadra. Fora dela, sou um pouco tímido, mais fechado, não falo muito. Se você me conhecer, aí me solto, gosto de falar bastante, rir muito. Quem só assiste aos jogos, vê um Jamaal, que é bravo, quer brigar com todo mundo, não se dá com ninguém. Realmente, minha vida fora de quadra é muito diferente de lá dentro. E quando fico nervoso, é tudo em inglês, esqueço como se fala certo em português e não importa se a pessoa não está entendendo, dá para entender pela forma que estou falando.

Independente de qual personalidade estiver em quadra, KTO Minas e R10 Score Vasco da Gama estão interessados no que Scott e Jamaal conseguem produzir com a bola laranja e como rumam para a vitória.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.