HOJE
Nutrindo campeões
Por Juvenal Dias
LNB apresenta profissionais de Sesi Franca e Flamengo que ajudaram as equipes a chegarem em mais uma decisão de NBB CAIXA; a começar pelas nutricionistas Lais Prado e Rachel Amorim
Sesi Franca e Flamengo são os finalistas do NBB CAIXA e buscam o título de 2023/24 por causa de sua competência e talento dentro das quadras. Mas há outros fatores que os ajudam a obter um algo a mais. Além da estrutura para trabalhar, contam com profissionais que não aparecem nas quadras, mas que são fundamentais para o sucesso de cada equipe. São nutricionistas, fisioterapeutas, preparadores físicos e psicólogos que atuam nos bastidores e cujo trabalho é revertido em arrancadas, saltos, arremessos, enterradas e naquela bola capaz de decidir a partida.
A Liga Nacional de Basquete conversou com Lais Prado, nutricionista do Sesi Franca, e Rachel Amorim, nutricionista do Flamengo, para entender como funciona a dinâmica de alimentação dos atletas desses gigantes do basquete brasileiro e como é a preparação nutricional da equipe no momento dos playoffs, principalmente no intervalo entre um jogo e outro das finais do NBB CAIXA.

Lais Prado é a responsável pela alimentação e nutrição dos atletas do Sesi Franca. Foto: Marcos Limonti/ SFB
As perguntas foram exatamente as mesmas para as duas nutricionistas. Confira o que cada uma respondeu e conheça as particularidades que cada clube tem, mas que ajudaram às equipes a chegar em mais uma decisão.
Qual é o maior desafio de cuidar da alimentação de um elenco com tantos jogadores de hábitos e localidades diferentes?
Lais: Acho que não o maior desafio, mas o maior segredo é tratar as individualidades. É um grupo, mas cada atleta tem seu hábito alimentar, individualidade genética e metabólica e até gosto pessoal. O desafio maior é saber que no time somos 1, mas na nutrição somos 12 diferentes. Ter um tempo para tratá-los de forma individual faz a diferença.
Rachel: Eu acho um bom desafio e ao mesmo tempo não é tão difícil de você conseguir adaptar isso porque a alimentação do atleta é semelhante em qualquer lugar do mundo. Então, a gente prioriza os carboidratos como principal fonte de energia, a gente tem os vegetais, as frutas, as gorduras boas, as proteínas, então no geral você consegue compor o prato do atleta com tudo que ele precisa. O que muda são algumas particularidades por questões habituais, culturais, paladar, alimentos que são recordações da infância, da criação, cada região do Brasil ou cada lugar do mundo tem a sua culinária. O nutricionista precisa dar atenção e adaptar a dieta as preferências do atleta, respeitando esses prazeres. Afinal de contas, o atleta vive uma temporada muito intensa. Então, é difícil você trabalhar restrições a longo prazo.
Tem um cuidado maior pelo fato de estar nas finais? Há algum alimento que não recomendam nesse momento? E há algum que recomendam para essas situações de nervosismo?
Lais: A nutrição, majoritariamente, é uma ciência de efeito crônico, não agudo. Por isso, mantemos sempre o que já foi testado, treinado e aprovado pelo atleta e o restante da Comissão Técnica. Não recomendo que nada diferente seja testado ou iniciado em momentos de finais e os atletas concordam comigo nisso. Mas o que posso ressaltar nesse momento é que sem uma nutrição ajustada e adequada desde os primeiros dias de temporada, dificilmente haverá alguma mudança nas finais que possam auxiliar os atletas. Por isso, o trabalho contínuo, sério e integrado com fisioterapia, preparação física, psicologia e técnicos é tão importante para que todos tenham previamente o tempo suficiente para trabalhar e chegar em uma final preparados. Eu encorajo muito os atletas, nesses dias, a fazerem as estratégias que deixam eles confortáveis, às quais já estão acostumados e nas quais confiam. Estar seguro nesse momento é o melhor alimento de todos.
Rachel: Nas finais, é claro que exige um grau de atenção maior, são as duas melhores equipes que chegam para disputar um título. Mas a ideia já foi construída, a nutrição é adaptada no início da temporada com uma proposta de alimentação que prioriza a saúde e performance do atleta. Também passamos por uma fase de educação nutricional, com ensinamentos que ajudam os atletas no dia a dia. Com o tempo todos ficam habituados ao melhor conceito alimentar para os treinos e jogos, cada um com sua individualidade. Então, na final a gente não pode fazer nada de diferente, a gente tem que seguir com aquilo que está acostumado, é o momento de você ir no seu prato de segurança e seguir com a sua rotina, seguir com o que você faz no dia a dia. Outro ponto importante que eu converso muito com os atletas é evitar comida de rua, não comer em locais desconhecidos, a segurança alimentar é fundamental.

Rachel Amorim passando as instruções alimentares para Olivinha. Foto: Divulgação
Como é cuidar da alimentação de atletas que, além de terem um alto rendimento, são pessoas altas e fortes? Quanto de calorias eles necessitam para desempenhar a função?
Lais: É incrível e desafiador. A nutrição mais eficaz é aquela que é feita, realizada e aplicada na prática. Então tão importante quanto ser funcional é ter adesão dos atletas. Alguns indicadores são muito importantes. A densidade calórica, por exemplo, devido à altura, peso e percentual de massa magra e intensidade dos treinos exige que os atletas consumam quantidades calóricas elevadas. Tenho prescrições que chegam a 5.000 kcal/dia. Sem uma prescrição adequada pode ser um desafio atingir essa necessidade. Aqui no Sesi Franca Basquete temos um aparelho de Calorimetria Indireta que é uma ferramenta que avalia a necessidade calórica desse atleta, o que auxilia diretamente nessa prescrição. Além desse ponto, a quantidade proteica, a hidratação, a suplementação e a realização de ajustes sempre que necessário são pontos que eu destacaria nesses cuidados.
Rachel: Bom, a alimentação de um jogador de basquete precisa ser bem planejada. São atletas com grandes necessidades energéticas; calculando de acordo com peso, altura, horas e intensidade de treino, etc. Outro ponto de grande desgaste que precisa ser avaliado é a sequência de viagens, horas de deslocamento que geram cansaço. O planejamento alimentar precisa de atenção para manter o atleta com boas condições físicas ao longo de toda temporada. O alimento promove energia, recupera, auxilia na manutenção da composição corporal, bom funcionamento do organismo, etc. Então, você somar as quilocalorias dos alimentos, muitas vezes corresponde a dietas com valores altos. A gente tem atletas, por exemplo, com cardápios em torno de 7 mil kcal/dia.
Como varia a alimentação de um dia de treino e um de jogo? E como funciona isso com horários de jogos diferentes?
Lais: O que tem variabilidade verdadeira em dia de treino/jogo e até em viagens são os horários das alimentações. Em viagem, os atletas possuem a rotina já prescrita junto ao hotel que irão se hospedar, já distribuídos os horários das refeições. Quando o jogo é em casa, eles mantêm a prescrição alimentar rotineira e evidenciam as alimentações antes do jogo para serem estratégia de fornecimento de energia e os pós jogo para serem estratégias de recuperação. Em dia de jogo, alguns atletas têm necessidade de consumir maior quantidade de alimentos/suplementos energéticos do que na rotina. E alguns preferem manter exatamente a mesma proporção dos treinos. A vantagem de ter um profissional nutricionista no CT é poder se atentar às individualidades e atender todos ao mesmo tempo.
Rachel: Por mais que no jogo se aplique tudo o que desenvolve no treino, são demandas diferentes no sentido da rotina, avaliando todo o cenário, toda atmosfera que envolve uma partida. A nutrição também tem seus diferenciais nesse aspecto. Quando se fala em um dia de jogo tudo tem que dar certo, os cuidados com a alimentação aumentam. Dependendo do horário do jogo, a última refeição (dia anterior) tem que ser mais reforçada, priorizando os carboidratos, por exemplo. A hidratação é um ponto de atenção desde as primeiras horas do dia. Para um jogo às 11h da manhã, os atletas já estão no local às 9h, com isso, o café da manhã precisa ser reforçado. Nesses momentos, no vestiário, eu coloco alguns itens de alimentação para reforçar a nutrição dos atletas por conta do horário do jogo. O suporte de hidratação e suplementação deve ser constante com atenção antes, durante e após a partida.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
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