Gratidão eterna

Com o mesmo sorriso que marcou sua passagem pelo Bauru Basket, Larry Taylor voltou ao ginásio Panela de Pressão, palco de tantas conquistas e memórias, para um evento especial. Nesta quarta-feira (29/10), o americano naturalizado brasileiro concedeu uma entrevista coletiva para falar da sua aposentadoria do basquete. “A primeira coisa que eu quero falar é que eu estava com saudades do ginásio”, disse o armador, visivelmente emocionado ao reencontrar o local onde jogou por 13 temporadas e construiu uma história incrível.

Aos 45 anos, Larry explicou que sua decisão veio de forma natural, após uma carreira longeva e marcada pela superação. “Primeira coisa, estou ficando velho e, por isso, eu teria de tomar essa decisão um dia. Sabemos que a carreira de atleta tem um prazo. Todo mundo sabe que tem um fim. Eu joguei mais do que eu imaginava. Meu objetivo sempre foi jogar até os 40 anos. Consegui superar isso, eu consegui até os 44 anos. Para mim, já é uma grande conquista conseguir jogar até mais de 40 anos e, com essa idade, não tenho mais disposição para o sacrifício que eu fiz para cuidar do meu corpo. Vou deixar para o Alex e o Shamell, esses dois aí, que eu até estava competindo com eles, tentando jogar mais do que eles”, afirmou.

Larry Taylor concede entrevista coletiva para falar da aposentadoria. Foto: Andrews Clayton

“Você vai sentindo, tive dores que não sentia antes, ficava mais tempo na fisioterapia, não conseguia ficar mais tempo no treino. Tudo isso faz você pensar se chegou o momento? Não conseguia pular e enterrar como fazia antes, só pegava e chutava de três. Claro que estou bem fisicamente, consigo correr, fazer igual aos caras mais novos, mas tem outras partes do meu jogo que eu não consigo fazer igual ao que eu fazia antes. A decisão tinha que ser aqui, em Bauru, onde joguei 13 temporadas, tive bastante história, muitos momentos legais, muitos momentos bons. Fomos campeões várias vezes, vários campeonatos, e, para mim, era o momento certo de me aposentar”, completou.

Natural de Chicago, nos Estados Unidos, Larry chegou ao Brasil em 2008, aos 28 anos, trazendo na bagagem sonhos, talento e uma enorme vontade de escrever sua história no basquete brasileiro. Logo conquistou os torcedores do Bauru Basket com suas jogadas de outro mundo, o que, claro, gerou o apelido que o eternizaria: Alienígena.

+ Confira mais imagens da entrevista coletiva de Larry Taylor

Sua trajetória vai muito além dos lances espetaculares. Ele conquistou corações com sua humildade, alegria e entrega absoluta em cada minuto de cada partida. Ao longo de 13 temporadas no Bauru Basket, em duas passagens memoráveis, Larry colecionou feitos que o colocaram como uma lenda. Foi bicampeão paulista (2013 e 2014), campeão da Liga Sul-Americana (2014) e campeão da Liga das Américas (2015).

Ao relembrar sua chegada ao Brasil, o Alienígena mostrou gratidão e carinho pelo torcedor bauruense. “Desde o primeiro dia, tinham pessoas na rua já falando o meu nome e, quando eu cheguei para treinar, eles já estavam lá batendo palmas para mim. Foi um momento muito legal. Desde aquele dia, eu senti um amor pessoal por Bauru, me senti em casa desde o primeiro dia. E até hoje eu sempre falo que Bauru é minha casa, o lugar que eu mais me sinto em casa, mesmo sendo lá de Chicago. Falo que Bauru é o lugar que eu tenho como minha casa e tenho certeza de que vou morar aqui de novo. Esse amor que eles mostraram para mim é uma coisa muito boa, muito importante para mim.”

Ele deixou um recado simbólico ao “Larry de 2008”, que desembarcava no Brasil sem imaginar o que viria pela frente. “O que eu falaria para o Larry de 2008 é para aproveitar sua carreira, porque esse Larry de 2008 não sabia que ele ia ficar no Brasil tanto tempo, porque ele pensava em ir embora para jogar na Europa. Eu falaria para o Larry de 2008 se preparar porque você está indo para o lugar que será sua casa para sempre”, disse, emocionado.

Coletiva aconteceu no Panela de Pressão, palco preferido de Larry Taylor. Foto: Foto: Andrews Clayton

No Brasil, além do Bauru Basket, o armador também teve a oportunidade de defender o Mogi Basquete por três temporadas do NBB CAIXA, totalizando 107 jogos, sendo campeão Paulista e da Liga Sul-Americana em 2016. Por fim, ele atuou pelo Caxias do Sul Basquete, sua última equipe na carreira. O jogo contra o Flamengo, em 2 de maio de 2025, pelas oitavas de final da edição 2024/25, se tornou oficialmente sua despedida.

Durante a coletiva, Larry também reforçou valores que sempre defendeu ao longo da carreira. “Para mim, o time é maior do que qualquer jogador. Sozinho você não vai fazer nada, você precisa dos seus companheiros, do técnico, de todo mundo. Se você está sendo substituído, tem de mostrar confiança na decisão que o técnico está tomando e também confiar no jogador que está entrando. Todos os jogadores querem jogar 40 minutos, é normal, ninguém gosta de sair do jogo, mas todos sabem que, quando você está saindo do jogo, vai ter outro cara entrando. Essa é uma mensagem que eu mando em qualquer time que eu estou.”

+ Gui Deodato se emociona ao falar de Larry Taylor: “Um cara que eu amo muito”

Por fim, o Alienígena deixou o futuro em aberto. Ele, primeiro, quer curtir um pouco da aposentadoria. “É uma pergunta que todo mundo está me fazendo esses dias, que todo mundo quer saber, mas, por enquanto, estou pensando. Neste momento, estou aproveitando ainda, lá nos Estados Unidos. Foi a primeira vez que eu consegui celebrar o meu aniversário com a família, mais de 20 anos sem conseguir fazer isso e foi muito legal, todo mundo curtiu. Vamos caminhar, temos coisas que vamos conversar mais com a família e ver o que vai acontecer no futuro.”

O último ato de Larry será nesta quinta-feira (30/10), quando ele será homenageado no Panela de Pressão, na partida contra o Caxias do Sul Basquete. A camisa de número 4 que o acompanhou ao longo desta vitoriosa carreira será aposentada pelo Bauru Basket, em uma noite pra lá de especial. A promessa é muita emoção para esse dia que entrará para sempre na história do basquete brasileiro.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete, com patrocínio máster das Loterias, Caixa Econômica, Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball, bola oficial Molten, marca oficial Kappa, e parcerias oficiais Cruzeiro do Sul Virtual, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.