HOJE
Além dos highlights
Por Bruno Barioni
Felipe Gregate se destaca pelo bom desempenho no Mogi na LDB 2024 e mira melhor temporada para alcançar o sonho de "viver do basquete"
“Quero viver do basquete”. É assim que Felipe Gregate Pontara Borges de Carvalho, ou apenas Gregate, começou contando sua história.
Determinado a conquistar o sonho, o jogador de 20 anos vem mostrando serviço na Liga de Desenvolvimento 2024, pelo Mogi Basquete. A equipe vai brigar pelo título da Série Prata, que começa no dia 24 de agosto, em Caxias do Sul. Mas antes de protagonizar grandes jogadas na atual edição da LDB, o ala-armador tem uma longa trajetória com a bola laranja.
Natural de São José dos Campos, interior de São Paulo, não teve o primeiro contato com o esporte pelo basquete, até porque, ninguém de sua família tinha noção do que eram bandejas e arremessos. Mas seu pai foi judoca e, no quarto ano de vida de seu filho, apresentou o quimono e as quedas. Nesta introdução foi possível notar uma pré-disposição ao esporte de alto rendimento, já que, ainda novo, se tornou federado e, aos 7 anos, conquistou o título brasileiro.
Mesmo com a base do pai, o judô não fez os olhos dele brilharem, mas, aos 9, algo seduziria Gregate de verdade. Uma amiga de sua mãe, Wanda Gregate, a convidou para assistirem a um jogo de basquete no emblemático Ginásio Linneu de Moura, em Mogi das Cruzes, contra Franca. E, claro, ela não iria recusar o convite para uma partida de alto nível. “Era na época do Fúlvio, Murilo Becker, Jefferson e Dedé… Os caras deitavam”, relembrou Gregate.
O pulsante Linneu de Moura marcou definitivamente a infância de Gregate, que ficou fascinado com o barulho da torcida. Foi amor à primeira vista. “O ginásio estava lotado, os caras faziam cesta e a torcida gritava muito. Ai eu falei, mãe quero jogar isso.”
Em pouco tempo já estava inscrito na escolinha de basquete. Com o antecedente de atleta e um mês de treino, ele passou na peneira do São José. Com 9 anos já estava no sub-12 do maior clube de basquete da sua cidade. Fez todo o desenvolvimento de base por lá e deve muito isso ao seu estilo de jogo. Aos 15 anos decidiu tomar novos ares, e após conseguir uma bolsa de estudos, se transferiu para um colégio nos Estados Unidos. Em solo americano que foi formado o Gregate atlético e físico, que conhecemos. “Antes de ir para lá não conseguia enterrar”, contou. Alguém consegue imaginar Felipe Gregate sem suas dunks?
Em quatro anos de high school, ele mergulhou de cabeça no basquete, e até hoje é assim. Por isso, o jogador costuma afirmar que “não existe um Gregate fora das quadras”. Lá ele entendeu que não há resultado sem esforço e entrega. “Era normal treinar, vomitar e voltar a treinar. Lá tem muito cara bom, muito dedicado, todo mundo é grande, sabe chutar e marca forte”, relembrou. Por isso uniu a base brasileira com o que aprendeu no intercâmbio para conquistar seu espaço.
De volta ao Brasil, chegou ao Mogi Basquete no final da temporada 2023/24, onde já conquistou alguns poucos minutos em quadra, mas o suficiente para mostrar para que veio. Agora, na LDB, está realmente apresentando seu potencial, com enterradas impiedosas que “posterizam” seus adversários. Os números de visualizações nas redes sociais comprovam a plasticidade e beleza de seus movimentos. Mas isso não é algo que o afete. “Não ligo para isso. Óbvio que é legal ter mídia, mas não me influencia em quadra.”
Os objetivos para a LDB vão muito além de conquistar highlights. Almeja mostrar o que sabe fazer de melhor, mas que tem dificuldade de executar no adulto. “Tem cara com 20 anos só de basquete no adulto”, disse. E falando em adulto, esse é o maior objetivo com boas atuações na LDB, conquistar sua vaga no time profissional. Quer mostrar que sabe defender, atacar e espera que, junto ao seu treinador, o ex-armador Fernando Penna, desenvolva a habilidade de armar jogadas.
A fome por conquistar seu espaço só cresce. “Sou muito ambicioso. Na temporada passada consegui conquistar bastante a confiança dele (Fernando Penna), provando que conseguia marcar qualquer um, da posição 1 à 3. Juntando com a LDB, ele viu o que eu posso fazer ofensivamente, minha expectativa é que seja ‘a temporada’”, avisou. Com ambição, esforço, rodagem e até o fator genético, ele considera que esteja no caminho certo, dando mais um passo para “viver do basquete”, como ele afirmou.
O sonho é grande, chegar na NBA, mas mantém os pés no chão. Antes, claro, quer se consolidar no NBB CAIXA. Por mais que enxergue alguns aspectos parecidos com Donovan Mitchell, como a pouca altura para a posição, a versatilidade de variar entre a posição 1 e 2, a intensidade defensiva e, principalmente as enterradas ferozes, quando perguntado com qual jogador gostaria de ter o jogo parecido diz que “não quero jogar igual ninguém”. “Quero criar meu próprio estilo. Quero jogar igual ao Gregate”, cravou.
Tem total noção que ainda precisa evoluir muita coisa, principalmente o arremesso de 3 pontos, e para isso, disse que treina, e muito. Nos resta acompanhar essa última fase da LDB 2024, onde o Mogi Basquete vai buscar o título da Série Prata, e ver como Gregate irá se sair, o que vai apresentar e como vai colocar isso em prática no time adulto. Uma coisa podemos afirmar, sua motivação para melhorar é honrosa, ter como objetivo viver do basquete é de, no mínimo, entusiasmar qualquer um.
+ Confira a tabela de jogos da LDB 2024
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, bola oficial Penalty, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), EMS, UMP e Genius Sports.