HOJE
Milhas acumuladas
Por Juvenal Dias
Com muita rodagem pelo Brasil, Klebinho viajava todo jogo importante na ponte aérea Porto Velho (RO) - Rio de Janeiro (RJ) no começo de sua carreira no Botafogo
Marcado na Liga de Desenvolvimento de Basquete 2024 por seu game winner contra o São Paulo, Klebinho, armador do Botafogo, que vai participar da Série Prata, além de decisivo em quadra, é um exemplo de determinação e apoio familiar. Quando passou para atuar no Glorioso, teve disposição para viajar entre Porto Velho (RO) Rio de Janeiro (RJ) toda semana que tinha jogo importante indo do Norte para o Sudeste nas quintas-feiras e voltando aos domingos, uma viagem de cinco horas e meia.
Com 19 anos, Klebinho estreou na LDB na atual edição e fez, até o momento, 11 partidas com a camisa do Alvinegro. Por ter disputado as janelas da primeira fase entre lesões e recuperações, não teve números dos mais vistosos. No entanto, ficou marcado com uma bola vencedora na vitória do Botafogo por 89 a 86 diante do São Paulo.
Para quem pensa que essa é a primeira passagem de Klebinho pelo Botafogo, não sabe o quanto o armador já viajou de avião para competir nos campeonatos de base com o Alvinegro. “Um dia eu vim para o Rio, para os meus amigos de Porto Velho fazerem testes, inclusive o Victor Silva, que fez um triplo duplo pelo Cerrado. Olhei, pensando se faria ou não faria e acabaram me chamando para fazer teste também. Passei, graças a Deus, foi minha primeira passagem, passei no Botafogo, no Flamengo e no Tijuca também, mas optei por jogar no Botafogo.”
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Uma viagem entre Porto Velho e Rio de Janeiro tem mais de 2700 km de avião ou quase 3400 km em caminhos pelas estradas do país. O trajeto aéreo demora, pelo menos, cinco horas e meia, se não tiver escalas. Imagina fazer isso em semanas de jogos importantes para conciliar estudos, treinamentos e competição. “Foi um ano muito atípico na minha vida, porque eu não me mudei para o Rio. Mas eu vim para o Botafogo naquele ano e ficava viajando entre Rondônia e vinha jogar no Rio de Janeiro alguns jogos, os mais difíceis, isso no Sub-13. Eu ia e voltava, durante boa parte do ano de 2018 foi desse jeito, assim que tudo começou.”
Klebinho explica como funcionava a logística. “Eu não tinha me preparado nem para fazer os testes, então quando passei foi um choque de realidade, eu não estava preparado também para me mudar. Eu vinha na quinta, treinava na sexta, jogava no sábado e já voltava para casa no domingo mesmo, pois no outro dia já tinha escola.”
Foi uma abertura para o mundo. “Para mim, era tudo muito novo, foi um choque de realidade, mas era o meu sonho. É o que eu queria, eu realmente queria levar isso como profissão, era cansativo, porém foram escolhas que tive de fazer,” completa o camisa 3.
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O atleta de 18 anos está em sua primeira LDB porque atuava no Palmeiras até o ano passado e o Alviverde só tem time até o Sub-18. Agora, quer atuar nos campeonatos Sub-19 e Sub-23 com o Fogão, além de sonhar em fazer parte do elenco principal no NBB CAIXA. E esses dois não foram os únicos clubes dessa curta, mas intensa carreira de Klebinho. Já passou por outros times de São Paulo, Esperia, Pinheiros e Mogi Basquete (apenas período de treinamentos). Tinha voltado para Rondônia, mas o Bota foi atrás de seu talento.
A equipe brigou até a última rodada para se classificar na Série Ouro, mas pelos critérios de desempate, ficou atrás de São José Basketball e Caxias do Sul Basquete, na sexta colocação do Grupo B. Com isso, o Alvinegro carioca vai para lutar pelo título da Série Prata. Dos jogos da primeira fase que teve uma das oito vitórias do Fogão foi justamente o game winner de Klebinho.
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“Foi uma partida que eu joguei 19 minutos, entrei no final do jogo. Eu vinha alternando com o Fellipe, eu atacava e ele defendia, mas no final do jogo, quando veio o tempo, não vou mentir, na minha cabeça eu pensava: ‘se a bola viesse na minha mão, estaria preparado para fazer o chute’, mas não conseguia pensar no que aconteceria depois. Foi um mix de emoções, é indescritível os sentimentos também, fui feliz de receber a bola também naquelas condições e mais feliz ainda de acertar o arremesso da vitória para nós”, descreveu Klebinho.
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O armador tem como ídolos no esporte jogadores com nome pesado na posição, como Elinho e Yago, mas também Matheuszinho e Tico, mais jovens e que já foram companheiros de Klebinho em algum momento. Matheuszinho, por proximidade, no Botafogo e Tico no Pinheiros. E foi com Tico que ficou nervoso para treinar série de arremessos e tremia. Porém, dentro de suas aspirações no esporte, é fazer como o Yago e acumular mais milhas. Só que ao invés de ser entre Porto Velho e Rio de Janeiro, é na Alemanha, Sérvia e Espanha, locais em que almeja competir.
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, bola oficial Penalty, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), EMS, UMP e Genius Sports.