HOJE
herança familiar
Por Marcius Azevedo
Filho de ex-jogador e irmão de atleta, Cauã Pacheco nunca cogitou outro caminho que não fosse o das quadras. Hoje, transforma a herança familiar em trajetória própria, com garra e paixão
Cauã Pacheco nunca imaginou a vida fora de uma quadra de basquete. Filho de um ex-jogador e irmão de outro, cresceu respirando o som da bola quicando, os gritos das arquibancadas e a vibração das vitórias e derrotas em família. Para ele, jogar basquete não é apenas um talento ou uma escolha: é herança, paixão e destino. Cada drible, cada arremesso, carrega a memória de quem veio antes e o sonho de quem ainda quer deixar sua marca. É esse sentimento que o jogador de 20 anos coloca em quadra pelo Pinheiros, que entra para brigar pelo título da Série Ouro da Liga de Desenvolvimento de Basquete 2025 , que acontece entre os dias 12 e 17 de setembro. A competição conta com o apoio do Comitê Brasileiro de Clubes.
“Se não fosse por eles, eu acredito que eu não seguiria esse caminho. Desde moleque eu não via outro caminho, lógico que minha mãe fez eu estudar, mas o que me fez amar o esporte foi a minha família, tanto meu pai quanto meu irmão. Nunca senti pressão. Eles sempre me apoiaram, principalmente meu pai, que foi meu técnico”, afirmou o armador.

Cauã Pacheco em ação pelo Pinheiros na LDB 2025. Foto: Yuri Reuters
Aprendizado
O pai é o ex-jogador Álvaro, que defendeu o Palmeiras por 16 anos e depois passou por Telesp, Rio Claro, Mogi, Corinthians, Ulbra, Universidade Santa Cecília, Limeira, São Carlos, Uniararas e Ribeirão Preto, além da seleção brasileira. Ele teve influência direta na formação do filho como jogador. Cauã Pacheco foi treinado por ele no Clube de Campo de Rio Claro.
“Mesmo sendo filho dele, eu era o mais cobrado sempre, o que mais tomava esporro, o que mais sofria, mas foi bom, porque ele me preparou para o mundo do basquete e hoje é muito mais fácil”, revelou Cauã Pacheco.
São muitas histórias ao lado do pai. O armador conta uma que, anos depois, pode até ser engraçada, mas que causou uma celeuma na família que só foi resolvida por interferência da mãe. Em 2019, Cauã Pacheco, que tinha como mania dormir com o uniforme de jogo, acordou com muito sono para uma partida em São Paulo, justamente contra o Palmeiras, tirou a camiseta e só percebeu o erro quando já estavam na metade do caminho.
“Não joguei e perdemos o jogo. Até minha mãe teve de conversar com ele porque não parava de falar. Eu escutei de São Paulo até Rio Claro e ele não falou comigo por uns três dias”, contou, rindo. “Depois disso, nunca mais esqueci.”
Mentor
Já o irmão é Caio Pacheco, que foi campeão da AmeriCup 2025 pela seleção brasileira. A relação entre eles é ótima. “Ele assiste à maioria dos meus jogos. Hoje em dia talvez seja o meu maior mentor sobre basquete. Direto ele me manda mensagem, manda os lances que eu errei, o que eu podia ter feito melhor”, contou.

Cauã (centro) ao lado do pai Alvaro e do irmão Caio. Foto: Arquivo Pessoal
O armador fez uma confissão. Pela primeira vez, derrotou o irmão no um contra um. “Esse momento chegou nessas férias. Sempre perdi porque ele me batia. Mas agora está dando para competir melhor, antigamente não tinha graça.”
Mas quem vê Cauã Pacheco ter boas atuações pelo Pinheiros na LDB não faz ideia de que ele já passou por um momento muito difícil na carreira. Em 2023, quando decidiu ir estudar e jogar nos Estados Unidos, ele rompeu o tendão patelar do joelho direito. Não conseguiu operar por lá e precisou arcar com todos os custos da cirurgia.
“Foi um momento difícil da minha vida. Eu estava jogando muito no Brasil, na minha primeira chance no adulto, e decidi ir jogar nos Estados Unidos. Piorei minha lesão lá. Tive de operar o joelho com 18 anos. Começa a criar um monte de coisa na sua cabeça. Você está ficando velho, não está em nenhum clube. Teve de operar sozinho. Só que o que me manteve forte foi meu pai, minha família. Eles continuaram me apoiando, independentemente de tudo. E aí o Pinheiros me acolheu após cinco meses da cirurgia. Terminou meu tratamento. E agora os frutos estão vindo”, afirmou.
Cauã Pacheco admite que sempre quis estar no Pinheiros. “Quando era moleque, escutava só sobre o Pinheiros, meu pai sempre dizia que o Pinheiros era o lugar da base, de onde eu iria me desenvolver e, no Brasil, não vejo outro time que tenha oportunidade que nem o Pinheiros dá para os moleques”, disse o jogador, que admite que precisa melhorar fisicamente e em algumas questões de imaturidade em relação ao jogo.
Futuro
O importante é traçar metas na carreira, situação que aprendeu com o irmão. “Todo ano, eu defino metas. Ano passado foi um ano muito fora do normal, porque eu não estava nem sendo relacionado entre os 12, e acabou surgindo uma possibilidade de eu jogar e eu consegui aproveitar. Para esse ano, já tenho outra mentalidade, outro papel no time. Minha meta principal de vida é jogar na NBA, algum time da Europa que jogue Euroliga, mas o maior sonho é jogar na seleção adulta.”
O armador já esteve presente nas seleções sub-14 e sub-16. “A sensação de vestir essa camisa é uma coisa impressionante. Eu lembro até hoje, com 14 anos, tocando o hino e eu chorando, porque é uma sensação única que eu quero ter várias vezes. Tem muito trabalho para ser feito, mas eu acredito que um dia eu chego lá”, afirmou.
A oportunidade na seleção, Cauã Pacheco tem consciência, passa pelo bom desempenho primeiro na LDB e depois na equipe principal, quando será comandado por Gustavinho de Conti. “Estou ansioso para trabalhar com um técnico tão renomado no basquete, espero aprender muito com ele e continuar evoluindo como jogador”, disse o armador.
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster/ da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
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