HOJE
Joia de dupla nacionalidade
Por Kauã Campos
Destaque do Minas em Santa Cruz do Sul, Richard Udoagwa pode escolher vestir a regata da seleção brasileira ou nigeriana em um futuro próximo
Em Santa Cruz do Sul, o Minas Tênis Clube sobrou diante de seus adversários. Entre tantos destaques da equipe do técnico Carlinhos, surgiu uma estrela em potencial, Richard Udoagwa. Com dupla nacionalidade, o jovem atleta ainda não decidiu se vestirá a camisa da seleção brasileira, pela parte de sua mãe, ou nigeriana, pela parte de seu pai. O foco, no momento, segue sendo a fase final da LDB, que acontece a partir do dia 12 de setembro, no Clube Atlético Paulistano.

Foto: Vinicius Molz Schubert
Basquete de irmã para irmão
Com apenas 7 anos, Rich observava sua irmã, Shinyere Udoagwa, entrar em quadra pela equipe do Bradesco, se tornando a sua primeira inspiração na sua trajetória. Por conta de um sopro no coração, a jogadora encerrou a sua carreira nas categorias de base e seu irmão seguiu em frente.
Aos 11 anos, morando em São Paulo, o camisa 13 começava a estruturar a sua carreira e ganhar experiências. “Quando eu era bem novinho, eu fui jogar no Barueri, logo após subir de categoria para o sub-12, fui para o Mackenzie. Um ano se passou e voltei ao Barueri. Foi no sub-14 que decidi que iria ser jogador profissional de basquete. Minha mãe me colocou no esporte para me tirar das ruas, ela sempre me falou para estudar e trabalhar, pois não queria me ver sofrendo. Antigamente, a nossa condição financeira não era boa, para poder treinar eu pedia dinheiro na estação de trem e para a minha avó também, então ela me deu mais dois anos jogando basquete para provar que eu poderia chegar lá”.
Com o começo da pandemia em 2020, o jovem optou por parar de jogar basquete. A chama se reacendeu quando surgiu uma oportunidade de jogar no Corinthians. Ele fez um teste e foi aprovado pela treinadora Rosana Lopes. “Nesse período da pandemia, eu já estava trabalhando em lava-rápido, vendendo coxinha na rua para minha avó e já tinha desistido de jogar, mas voltei pelo amor ao basquete.”
Passagem pela NBA Academy

Após um ano no clube paulista, o ala-pivô recebeu o convite para realizar uma série de treinos na NBA Academy durante uma semana. Mesmo sem um contrato fixo, a mãe acreditou em seu potencial e confiou no talento do garoto. “Quando eu encerrei o período de treinos, voltei ao Brasil e fiquei aguardando a resposta positiva ou negativa deles. Esse retorno demorou muito tempo. Muita gente riu quando viram que fui para lá e voltei, achando que eu tinha sido reprovado, mas eu sempre acreditei que daria certo. ” Cinco meses de espera se passaram e a resposta chegou com um contrato de 2 anos para atuar no México.
“Eu cheguei lá sem saber o que era basquete universitário, meu sonho era jogar o NBB CAIXA. Comecei a me destacar no meu último ano e despertei o interesse de algumas universidades. Fiz um teste na Universidade Califórnia Baptist, na divisão um, mas não deu certo por conta de algumas papeladas.” Com mais uma temporada no basquete dos Estados Unidos, sua agência começou a procurar algumas oportunidades em novos times.
Chegada em Minas Gerais
“Eu cheguei no Minas em fevereiro, o clube me acolheu de uma maneira incrível e me deixou muito confortável. Minha história até chegar neste clube não foi fácil, mas com muita fé, muita luta e determinação, eu consegui realizar um dos meus sonhos.”

Crédito: Vinicius Molz Schubert
Richard chegou enquanto a temporada do NBB CAIXA já havia começado há um bom tempo e com o elenco fechado. A oportunidade que teria era a Liga Ouro. Assim como o Pinheiros, a equipe mineira colocou seu time B para jogar a segunda divisão do basquete nacional, um esquadrão com jovens talentos, ganhando tempo de quadra e experiência jogando contra os mais velhos.
Se destacando no ataque e na defesa, o atleta teve médias de 27,7 minutos por partida, com 10,7 pontos e 6,8 rebotes por jogo. A competição o fez ganhar confiança para a sequência do ano. ” Sempre foi o meu sonho jogar o profissional, com apenas uma semana de treino nós já viajamos para enfrentar Osasco. Essa trajetória na competição foi gratificante para mim. Nosso time era muito novo, mas nós nos preparamos muito para chegar no campeonato e conseguimos fazer uma excelente campanha.”
Dupla nacionalidade
Mesmo crescendo e se formando em solo brasileiro, o atleta não esconde sua outra nacionalidade. “Meu pai é nigeriano, fui para a Nigéria muito novo quando a minha mãe foi conhecer a família do meu pai. Não cheguei a morar lá, fui conhecer a cidade, a cultura do meu pai e voltei para o Brasil”.
“Muitas pessoas me perguntam sobre qual país eu quero representar, confesso que a primeira seleção que me chamar, eu vou aceitar. Tenho o sonho de vestir a camisa da seleção brasileira, mas não recusaria jogar pela nacionalidade do meu pai, tem uma parte minha lá também.”
Criador de conteúdo nato
Muito ativo em suas redes sociais, Rich soma pouco mais de 5 mil seguidores no Instagram, com quase 100 publicações em sua conta. “Eu tinha vontade de criar vídeos há um bom tempo, mas tinha vergonha do que as pessoas poderiam pensar. Comecei a gravar conteúdos para todas as minhas redes sociais e os meus companheiros de time me ajudaram muito e ajudam até hoje. Não ligo para comentários ruins que aparecem, sigo me divertindo e gravando meus vídeos.”
Ver essa foto no Instagram
Fase final e sequência da temporada
Com mais protagonismo dentro da equipe, Rich conseguiu desempenhar um bom papel no sul do país, encerrando a segunda etapa com médias de 12,8 pontos e 5,2 rebotes, se tornando uma peça importante no coletivo mineiro e agradeceu a oportunidade que está ganhando na equipe. “Quando entro na quadra, venho com uma energia muito positiva, tanto no ataque quanto na defesa. Estou ganhando muita experiência e corpo na competição.”
“Nosso objetivo é vencer essa LDB, vai ser uma fase final muito complicada, com times muito fortes, equipes solidas. Nosso time chega muito bem e com a confiança lá em cima, vamos com tudo.”
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
Bauru Basket
Botafogo
CAIXA/Brasília Basquete
Caxias do Sul Basquete
Corinthians
Flamengo
Fortaleza B. C. / CFO
Sesi Franca
KTO Minas
Desk Manager Mogi Basquete
Pato Basquete
Paulistano/CORPe
Pinheiros
Farma Conde/São José Basketball
São Paulo
Ceisc/União Corinthians
UNIFACISA
R10 Score Vasco da Gama
Basket Osasco
Cruzeiro
E.C. Pinheiros (B)
Vitória (BA)
L. Sorocabana
Minas Tênis Clube (B)
ADRM
B.Cearense
Botafogo
Caixa Brasília Basquete
Campo Mourão
Caxias
IVV/CETAF
Flamengo
Minas
Paulistano
Pinheiros
São José Basketball
SESI Franca
Thalia/PH.D Esportes
Vasco/Tijuca