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LDB

Projeto NBB

21-07-2024 | 12:11
Por Juvenal Dias

Thalia/SMEIJ, Campo Mourão e ADRM/Maringá têm duas coisas em comum: são equipes do Paraná que disputaram a LDB e almejam o NBB CAIXA

Passada a primeira fase da Liga de Desenvolvimento de Basquete 2024, cada time planeja as decisões dentro de cada Série. Para Soc. Thalia/SMELJ, Campo Mourão e ADRM/Maringá foi mais um passo para pavimentar o sonho de chegar ao NBB CAIXA. Assim, é momento para contar um pouco da história desses clubes que competiram no Grupo B da competição de base que conta com o apoio do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).

Sociedade Thalia/SMELJ: 142 anos de exuberância

Coincidentemente, os três times vêm do Paraná. Começando por ordem de idade, a Sociedade Thalia/SMELJ, o mais tradicional dos três, um clube com 142 anos de vida, de Curitiba, que tem sua origem na colonização alemã e com laços com o basquete desde o final da década de 30/40. Uma história secular que disputa a LDB, mas almeja estar na elite dos profissionais.

Sabino, camisa 10 do Thalia/SMELJ, comemorando cesta diante do Sesi Franca. Foto: Yasmin Freitas/LNB

Thalia (lê-se Talía) é o nome de uma das nove musas que representavam a inspiração do mundo grego, representava a Exuberância. É um dos membros fundadores da Federação Paranaense de Basketball (FPRB). Conta com a parceria com a Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ).

Pedro Pastre, ainda nas categorias de base da Soc. Thalia/SMELJ. Foto: Divulgação

“Nas categorias de base, sempre revelou jogadores, sempre brigou por títulos. Ano passado foi o melhor clube do estado no ranking da Federação Paranaense. Temos a escolinha, no Sub-9, passando por todas as categorias do masculino e feminino. No masculino, o basquete é a única modalidade do clube que tem categoria adulta, que joga o Estadual, mas o time é Sub-22”, explica o treinador Fábio Pellanda, que comentou que Pedro Pastre, recém contratado do Pinheiros, Henrique Seixas (Paulistano) e João Nickel (São José Basketball) são atletas que estão jogando a LDB por outros clubes, mas que foram revelados no Thalia.

O técnico comentou que tem por objetivo maior chegar ao NBB CAIXA e, em um primeiro momento, participar de uma eventual Liga Ouro que pudesse voltar. Também comentou que a visibilidade que a LDB traz é um passo relevante no processo para buscar mais patrocínios e apoio. “Dentro do clube é muito importante ter uma equipe Sub-22 jogando a LDB, chama muito a atenção, outros atletas de locais próximos nos procuram e nós viramos uma referência. A própria Prefeitura vê com bons olhos o fato de continuar o desenvolvimento do esporte para jovens que atingem a maioridade. Além disso, tem fato de se colocar à prova contra os maiores times do Brasil.”

Ginásio dentro da sede principal da Soc. Thalia/SMELJ

Um ponto importante para avaliar as possibilidades até onde se pode chegar é o olhar da estrutura oferecida para comportar grandes competições. Pellanda explica como é isso no Thalia. “Temos nosso ginásio na sede principal do clube, que é muito bom, mas é bom para treinamentos e jogos pequenos. Recebemos recursos do CBC para investir em aparelhos de academia, parcerias para a fisioterapia. Temos cinco técnicos distribuídos nas categorias, então é feito uma metodologia alinhada, um processo contínuo. Ainda estamos trabalhando para melhorar as comissões multidisciplinares, cada ano conseguimos evoluir um passo. O presidente gosta muito do basquete e das competições, então seguimos no caminho.”

Campo Mourão: já chegamos lá e queremos retornar

A Associação Mourãoense de Basquete, também conhecida por Campo Mourão Basquete, com muito menos idade do que seu clube conterrâneo de estado, tem 16 anos de existência e uma ascensão meteórica dentro da elite do basquete nacional. Foi campeão estadual por cinco anos seguidos, a partir de um ano de sua existência. Nesse período venceu duas vezes a Copa Brasil Sul. Com seis anos, já competia na Liga Ouro, sendo vice-campeão dois anos depois (2016). O fato do São José Basketball não competir na temporada 2016/17 no NBB CAIXA abriu uma vaga que foi para o time da cidade que fica próxima a Cascavel e Maringá.

Lucas Reis, armador do Campo Mourão, conta o Flamengo. Foto: Yasmin Freitas/ LNB

O sonho de permanência na elite durou duas temporadas até o rebaixamento para a Série Ouro no último ano de disputa (2019). Daí por diante, veio a pandemia da covid-19 e o clube paga o preço até hoje, com o explica o técnico Emerson Souza. “Tivemos alguns recursos que foram bloqueados por ser recursos públicos que estavam envolvidos. A conta ficou conosco. Conseguimos negociar com todo mundo, mas ainda estamos terminando de pagar.”

Time de Campo Mourão Sub-22, que foi campeão paranense em 2024 e disputa a LDB. Foto: Divulgação

O treinador mostra otimismo com a retomada das atividades. “Graças ao envolvimento de toda a comunidade, à Prefeitura e ao Governo do estado, aos nossos patrocinadores, estamos conseguindo arrumar a casa, financeiramente, e darmos o primeiro passo ao retorno rumo ao basquete profissional, com a LDB. É Sub-22, mas, para nós, é basquete profissional, com atletas contratados. Queremos usar esse time para as competições e, quem sabe, em duas temporadas, retornar ao NBB CAIXA, que é onde nós nunca queríamos ter saído.”

Apesar das questões financeiras, há um projeto social que o Campo Mourão toca, de mesmo nome, mas sem vínculos com a LNB. É o que Emerson traz para mostrar como funciona o basquete no local. “Passamos por alguns anos muito difíceis. Tivemos que reduzir a comissão técnica. Porém, o projeto ‘Basquete Cidadão’ não parou, são 400 jovens atendidos em todo o munícipio, gratuitamente. Temos uma liga na região que é a Copa Centro-Oeste que é organizada por nós. Tudo isso para fomentar o basquete na nossa cidade e região. Temos um ginásio próprio, voltado para o social, as categorias de base e o profissional, com apoio da Prefeitura. Com isso, podemos ir atrás de patrocínios e poder receber as principais equipes do país, dentro do NBB CAIXA.”

Alexey, no Campo Mourão, em 2016. Foto: Allan Conti/LNB

Campo Mourão, por onde passou Alexey Borges, Betinho (São José Basketball) e Cauê Verzola (Pato Basquete), tem orgulho do basquete projetar nacionalmente a cidade, como explica Emerson. “Temos orgulho de ser a primeira modalidade a disputar uma liga nacional. Isso acabou impulsionando outras modalidades, como o futsal, que hoje tem um time na liga principal. O basquete ajudou a subir o nível e é essa representatividade que estamos buscando novamente. Esperamos trazer de volta esse encanto que o NBB CAIXA promove para os amantes do basquete.”

ADRM/Maringá: caçula cheio de talentos

A Associação Desportiva Recreativa Maringá tem dez anos de existência nessa configuração atual, com a parceria com a Prefeitura e Secretaria de Esportes da cidade. Foi constituída em 2007, começando com trabalho voluntário e iniciativa privada. O técnico Fabrício Nicolau conta que já havia uma associação, mas que não houve continuidade. E o atual presidente com outro dirigente refundaram a ADRM.

João Pedro foi um dos principais destaques na participação da ADRM/Maringá na LDB 2024. Foto: Yasmin Freitas/LNB

“Desde então, nesses dez anos, estamos trabalhando no projeto. Foi a nossa quarta participação na LDB desse ano. Também disputamos alguns outros campeonatos nacionais em categorias distintas no masculino e no feminino. Estamos focados em montar times competitivos, por mais que sejamos um clube novo, a tendência é, cada vez mais, tentar ser uma equipe competitiva a nível nacional,” comentou o comandante do time.

Ginásio Valdir Pinheiro é a casa do ADRM/Maringá. Foto: Divulgação

A cidade de Maringá fica perto da fronteira com o estado de São Paulo e está próximo de Londrina e em distâncias semelhantes de Curitiba e Bauru, um fator geográfico que pode pesar a favor de um interesse em fazer parte do NBB CAIXA, de acordo com o treinador, que também fala que a cidade gosta muito de basquete. “Sim, o pessoal lá abraça a modalidade. Maringá já tem uma história com o basquete, já teve um time que jogava campeonatos nacionais antes da ADRM, tem até time veterano dos Masters. Os pais gostam bastante assim como as crianças, temos um ginásio próprio para basquete.”

Fabrício discorreu sobre a importância de ter competido na LDB para o clube e jogadores. “É muito importante para todos, a entidade, os meninos que vieram da base, com o pensamento de: ‘até meus 22 anos, tenho a oportunidade de jogar basquete, ser uma porta para mostrar potencial e, talvez, continuar na carreira’. Isso é muito importante para eles, mas para a cidade também, futuros patrocinadores que se interessem.”

Mãozinha, atuando com a camisa do ADRM/Maringá. Foto: Divulgação

A ADRM/Maringá foi o clube de João Marcello Pereira em sua primeira LDB em 2018. Se não está familiarizado com nome, talvez o apelido ajude a lembrar, Mãozinha, que teve recentemente uma passagem pelo Memphis Grizzlies, na NBA. “Está indo para os Jogos Olímpicos, espero que ele dê continuidade à carreira, joguei bastante com ele, hoje estou na parte técnica, mas joguei muito tempo junto, meu amigo. Mas ele não foi o único, o Paulo Scheuer, que hoje está no Pinheiros, passou por aqui, Jamison Júnior (JJ do União Corinthians). Grandes meninos que foram revelados em Maringá.”

Em termos de estrutura, conta com o Arcon para treinamentos e o ginásio Valdir Pinheiro, que é na Vila Olímpica, um ginásio municipal. Tem parceria com academia particular para fortalecimento e com centro de fisioterapia. Além de alguns profissionais técnicos distribuídos entre os times de base masculinos e femininos. Isso tudo serve para ‘vender’ uma proposta do time chegar ao NBB CAIXA, não há uma meta de tempo para isso, mas quer mostrar que também pode estar na elite do basquete nacional.

A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, bola oficial Penalty, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), EMS, UMP e Genius Sports.