HOJE
LIVE COMALEX GARCIA
Por Liga Nacional de Basquete
O ala do Minas falou sobre sua carreira, causos no NBB, na NBA e momentos históricos pela Seleção Brasileira
Nem mesmo a paralisação dos jogos do NBB faz com que o fã da bola laranja fique sem conteúdo. Na Live #BasqueteEm Casa da última sexta-feira (10/04), no Instagram do NBB, o repórter Rodrigo Lazarini entrevistou Alex Garcia, ala do Minas Tênis Clube.
Na live, o jogador de 40 anos falou como vem se preparando em sua casa, na cidade de Ribeirão Preto (SP), durante a quarentena por conta da Covid-19.
“O Paulo (preparador físico do Minas) passou uma rotina pra gente, mas não é a mesma coisa do dia-a-dia. Eu estou fazendo na medida do possível. Eu odeio correr, tenho alguns aparelhos de tração, eu procuro fazer exercícios mais próximos a realidade do jogo com tração, tiro curto, fortalecimento de membros inferiores, muito core, muito abdominal e nado bastante, que pelo menos relaxa um pouco”, disse.
Mesmo lamentando a paralisação, Alex fez questão de frisar que a saúde das pessoas é a coisa mais importante no momento.
“A gente vinha numa crescente boa, o objetivo era ficar entre os 4 melhores do NBB, acabamos tendo umas derrotas que não poderiam acontecer, mas estávamos em quarto lugar que era o primeiro objetivo nosso. Essa parada jogou um balde de água fria, mas temos que nos proteger, proteger os nossos familiares e esperar passar”, afirmou.
O atleta está procurando enxergar as vantagens de ficar em casa neste momento. “Esse período está sendo bom justamente para ficar em casa. Procuramos fazer coisas que não fazíamos, fico bem mais perto das minhas filhas e estou descobrindo atividades novas para fazer com elas e isso é muito bom.”
Revelado pelo COC Ribeirão Preto, em 1999, Alex fez parte de um time vitorioso, que tinha Nezinho, Giovannoni, Arthur e outras estrelas. A equipe ganhou três Campeonatos Paulistas e um Brasileiro. O jogador do Minas afirma que o carinho pela cidade do interior paulista é eterno.
“Temos um grupo no WhatsApp e falamos direto que se tivesse o COC, estaríamos até juntos hoje. Fui muito feliz em Brasília, em Bauru também ganhei muitos títulos e posso conquistar mais pelo Minas também. Mas por termos sido das categorias de base, tínhamos um carinho muito grande pela equipe, pelos torcedores. Se tivesse esse time com certeza a gente estaria aqui”, disse.
Toco em Tim Duncan e NBA
Sua trajetória no Brasil o fez chamar atenção na Seleção e do basquete internacional. Um dos lances mais emblemáticos de Alex foi um toco em Tim Duncan, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, que o jogador brasileiro relembrou com carinho.
“São lances que temos no basquete que vou guardar pelo resto da vida. Na hora que ele mostrou a bola para o Varejão, eu vim por trás e rapei ela. Vibrei junto com o Varejão, passou o Tracy McGrady falando um monte pra mim e eu não liguei. Em cima de quem foi, é muito bom.”
Um ano depois, Alex teve Tim Duncan como companheiro no San Antonio Spurs. O jogador falou um pouco sobre a sua adaptação ao jogo da NBA.
“Cheguei em San Antonio, falava algumas palavras em inglês e durante os treinos não tinha muito problemas. O Manu Ginóbili ficava muito do meu lado e me ajudava, principalmente quando ele via que eu não entendia. Só que tinha um porém, quando eu fui, o Popovich queria que eu fosse armador, mas eu tinha que cantar a jogada e sinalizar com a mão, o que é difícil. Ele me deu um playbook com as jogadas e eu levava para casa e ficava estudando, fazendo gestos. Tem jogada que eu vejo hoje na TV e eu sei qual é. Eu não me arrependo de nada, mas as lesões que aconteceram em San Antonio e em Nova Orleans foram ruins, mas tive grandes aprendizados na carreira.”
Final de Euroliga
Após sofrer lesões no Spurs e também durante sua passagem pelo New Orleans Hornets, Alex voltou ao Brasil para atuar pelo Brasília, e em 2007, rumou à Europa para jogar pelo Maccabi Tel Aviv, de Israel.
“Eu nunca tinha ido para Israel e assinei um contrato de 4 anos sem conhecer o país. Minha esposa foi comigo e é um lugar espetacular. Eu morava de frente para a praia, a estrutura do Maccabi parece a dos times da NBA, o ginásio lotava em todos os jogos, e é uma cidade tranquila. Gostaria de ter cumprido os 4 anos, mas a questão familiar pesou e eu voltei”, relembrou.
Pela equipe israelense, Alex foi vice-campeão da Euroliga, quando seu time perdeu para o CSKA. Mesmo assim, o jogador frisa que as lembranças são as melhores possíveis.
“Jogar a Euroliga, com a apresentação e um hino tipo a Liga dos Campeões é de arrepiar, é muito gosto. E você chegar em um Final Four e na final é uma experiencia que vou guardar para o resto da vida”, afirmou.
História no NBB
De volta ao Brasília em 2009, Alex fez história ao lado de seus companheiros do COC Ribeirão Preto, mas desta vez pelo NBB, com três títulos seguidos.
“Foi muito bom, a gente já tinha jogado juntos no Brasil. Voltei pela segunda vez e jogamos juntos de novo. Se você montar esse time hoje, o entrosamento vai ser igual. Onde o Nezinho está, onde o Arthur está, é um entrosamento e uma amizade que fica para o resto da vida. O Nezinho e o Giovannoni foram para Brasília no NBB 3, no do primeiro título estava o Valtinho. Ganhamos 3 títulos, Liga das Américas. Onde eu joguei com esses caras, vencemos”, relembrou.
Eleito oito vezes o melhor defensor do NBB (entre 2009 e 2016), o ala afirmou que não tem muito segredo em relação aos motivos de ter vencido o mesmo prêmio tantas vezes.
“Defesa tem que querer marcar e gostar. Tem jogador que não gosta. Eu sou apaixonado por defender. Comecei a jogar por conta disso e gostava de ver o Scottie Pippen jogar. Ele era o braço direito do Michael Jordan no Chicago Bulls. Quando eu comecei, usava a camisa 33 em homenagem a ele. No San Antonio Spurs também joguei com o Bruce Bowen, que foi uma inspiração também”, explicou.
Sobre o jogador mais difícil de marcar no NBB, o Brabo não teve dúvidas em responder. “O único que eu falei que não tem condição é o Hettsheimeir. A gente tromba, mas que é difícil e que ao meu ver é o melhor jogador desta edição e que ninguém conseguiu parar é ele. É forte, joga bem de costas e tem um arremesso de 3 mortal”, explicou.
Seleção Brasileira
Com quase 20 anos de Seleção Brasileira, Alex possui muitos momentos impactantes com a camisa amarela. Para ele, o mais importante de todos foi em 2011, quando a equipe se classificou para as Olimpíadas de Londres.
“O meu melhor momento foi o Pré-olímpico na Argentina, em Mar Del Plata. Estávamos sem muitos jogadores, principalmente os da NBA como Leandrinho, Varejão e Nenê. Chegamos desacreditados e conseguimos uma vaga importante”.
O jogo mais emblemático dos últimos anos da Seleção teve Alex como um de seus protagonistas. O ala, voltando de lesão, foi um dos responsáveis por marcar Giannis Antetokounmpo na vitória do Brasil sobre a Grècia por 79 a 78, no Mundial do ano passado.
“O estilo de jogo da NBA é diferente do da Fiba, principalmente para o Giannis, que não tem muito chute. Se é o no estilo da NBA, que tem mais contato, em que um jogador de defesa não fica parado no garrafão, ajuda ele. Eu ficava na frente dele e ele gosta de jogar na frente, e de frente ele não passa por mim. Ele tentou algumas no poste baixo, por ser mais baixo eu gosto de travar a linha da cintura, mas teve o Caboclo também que fez grandes defesas em cima dele e tivemos uma grande vitória em cima da Grécia”, afirmou o Brabo, sobre como foi marcar o atual MVP da NBA.
Ao longo de duas décadas, Alex viu diferentes gerações representando a Seleção Brasileira. Sobre a nova, comandada por Yago, Didi, Lucas Dias, entre outros, ele falou sobre como os experientes ajudam na adaptação dos prodígios.
“A responsabilidade não é deles. a gente jogou o Mundial de 2020 e a responsabilidade era de outros mais experientes. A gente estava ali pra jogar solto e é isso que a gente passava pra eles. Se passassem dos limites a gente segurava, mas a gente tentava dizer que a responsabilidade era nossa. Eles tinham a confiança do Petrovic, o Yago fez bons jogos na preparação, o Didi estava mais pronto, gosta de defender muito e o Petrovic não se importa com idade. Ele acredita, passa confiança e deixa o jogador jogar solto”, relembrou.
Futuro
Com 40 anos e mais de 20 de carreira, Alex já está se preparando para o futuro. Mesmo querendo atuar por mais um tempo, ele revelou quais são os seus planos quando parar de jogar.
“Eu quero jogar mais uns 2, 3, 4 anos. Fisicamente é tranquilo, lógico que a rotina é desgastante depois de um tempo de carreira, mas eu quero ser treinador. Estou fazendo faculdade de Educação Física, mas quero trabalhar com iniciantes, escolinha mesmo. De passar o que eu aprendi, ensinar os fundamentos, é o que eu quero fazer de início. Quero ser técnico profissional também, mas quero isso primeiro”, disse.
A Live fez bastante sucesso, e além da interação de vários fãs de Alex e do esporte da bola laranja, contou com personalidades como Bruno Caboclo, Rafael Hettsheimeir, Shilton e o treinador Léo Costa.
Importante!
O momento agora é de proteção ao próximo. Por isso, a conscientização para que o COVID-19 não se espalhe ainda mais é extremamente importante.
Lave bem as mãos, higienize elas com álcool em gel e limpe o seu celular também. Não esqueça de cobrir a boca com o cotovelo se for espirrar ou tossir e evite contato físico com as pessoas, principalmente idosos. Além disso, tente sair de casa apenas para ir a locais essenciais como mercado, farmácia e hospital.
Fique em casa, mas não deixe o basquete parar. Vem com a gente na campanha #BasqueteEmCasa!