HOJE
Mês do Orgulho
Por Juvenal Dias
Junho é o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e a Liga Nacional de Basquete abre espaço para uma conversa com Jeff Campos para entender como os temas se relacionam
O mês de junho chegou a seu final, em um período de transição de temporadas do NBB CAIXA. Para os amantes do basquete nacional, a bola não para de subir nas quadras brasileiras com a LDB a todo vapor. A Liga Nacional de Basquete acredita que, independentemente da época do ano, sempre há espaço para trazer pautas que vão além das quatro linhas, mas que dialogam diretamente com o mundo da modalidade, que está inserido em um contexto maior de sociedade. Assim, a LNB aproveitou que junho é Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ para promover um bate-papo em suas redes sociais com o pós-jogador Jeff Campos.
O basquete envolve competição, disputa, campeonatos e troféus. Mas também é lugar para refletir sobre questões sociais e comportamentais que são inerentes a jogadores, comissões técnicas, árbitros, dirigentes e torcedores. E, em qualquer momento, o Tratado Antirracista pela Diversidade que a LNB criou pode ser acionado, não apenas como questão punitiva dentro das quadras, mas também como uma plataforma de diálogo e reflexão para uma constante evolução e a busca por respeito e igualdade para todos os que fazem parte do ecossistema do basquete.
“Pouco a pouco, falar sobre isso é importante e necessário. Como eu falei num dos vídeos, o esporte tem uma função social muito importante, então a gente precisa da inclusão, a gente precisa de informação. Os comentários me fizeram perceber o quanto estamos carentes da parte humana do esporte. O expectador/torcedor vê o resultado final, a cereja do bolo, mas o dia a dia, os perrengues que cada atleta, dirigente ou técnico passa, essa é a parte mais importante, por isso precisamos tratar disso também. Muito obrigado pela oportunidade de passar conhecimento, de uma forma mais didática e simples para quem precisa aprender”, comentou Jeff, na postagem da Liga após ver os comentários de quem segue o perfil nas redes.
Anteriormente, a Liga já tinha feito uma roda de discussão, no dia 17 de maio, que é o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia. Contudo, como parte das questões ESG que a LNB trata por meio do Tratado Antirracista pela Diversidade, a ideia é que haja mais momentos para essas conversas, além de datas específicas que lembrem dessas lutas e se torne algo corriqueiro até termos um espaço verdadeiramente inclusivo para todos.
Confira as perguntas que foram enviadas para Jeff e o que ele respondeu:
Qual a relação entre o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e o basquete?
Tem tudo a ver. Nós lidamos com classes sociais diferentes, com culturas diferentes e o esporte tem uma função social muito grande, que precisa incluir todos os tipos de pessoas. As pessoas não podem se sentir diminuídas ou excluídas pela orientação sexual ou pela cor da pele. Precisamos falar disso de uma forma inteligente e didática para nós conscientizarmos e fazermos com que todos os atletas possam se sentir seguros para mostrar realmente quem eles são. O que importa é o nosso trabalho, o que fazemos no dia a dia. Já que convivemos com pessoas tão diferentes, por que não podemos ensinar um pouco a diversidade, a sexualidade do próximo, sobre o respeito? Assim todo mundo cresce e não perdemos talentos ao longo do caminho.
Quais as normas do NBB CAIXA para casos de homofobia nos times?
Quando isso acontece, o mais importante é oficializar a denúncia. Pode ir até a delegacia e prestar esse depoimento com a presença ou não de nosso advogado ou é possível entrar no site da polícia para fazer esse boletim de ocorrência online. O trabalho da Liga é um pouco diferente, que é para coletar as informações do agressor para juntar em um processo para encaminhar ao STJD, que é o órgão competente para julgar e punir.
Quais as medidas que a LNB está tomando para se tornar um ambiente mais inclusivo?
A Liga tem promovido reuniões para tratarmos desses assuntos. A ideia é fazer palestras nos clubes, trazer uma reeducação do vocabulário, da forma de agir e pensar. Passando também pela saúde mental dos atletas, não só os que são LGBTQIAPN+, mas todos os outros também. É muito importante falar disso de uma forma didática e inteligente, estamos lidando com pessoas que são inteligentes dentro de uma geração que recebe muita informação e que absorvem muita coisa também. Promovemos esses bate-papos, essas rodas de discussão, trazemos profissionais e mais pessoas que são representantes da comunidade para podermos falar sobre isso e conscientizar cada vez mais pessoas, para ter um ambiente seguro e saudável.
Muitos jogadores acabam escondendo quem são a vida toda. Como acolhê-los?
Todas essas ações que falei que a Liga já está fazendo é uma forma de acolher. Aliado a isso, também queremos tratar da saúde mental, para eles poderem focar energia no que precisa ser gasto, que é dentro de quadra, na melhora da performance, o esporte é muito diverso e esse é o caminho que escolhemos e que vai dar certo para fazer o esporte mais seguro e acolhedor para os atletas.