Mandando muito

É complicado olhar para a lista de jogadores do elenco do Paschoalotto/Bauru e não citar a grande fase e a participação fundamental de cada um daqueles atletas para a incrível campanha da equipe nesta temporada. Maestro da máquina de pontos, vitórias, recordes e títulos chamada Bauru, o armador Ricardo Fischer é um bom exemplo destes nomes que vivem talvez as melhores fases de suas carreiras.

Somente na temporada 2014/2015, o jovem atleta foi um dos protagonistas bauruenses na conquista dos títulos do Campeonato Paulista, do Jogos Abertos do Interior, da Liga Sul-Americana e da Liga das Américas. E ainda pode ter mais. Líder isolado da fase de classificação do NBB 7, Bauru e Ricardo Fischer podem conquistar o quinto título em cinco competições disputadas na temporada.

“Tanto mentalmente quando fisicamente me sinto mais maduro dentro de quadra e com certeza estou vivento o melhor momento da minha carreira. A pré-temporada foi de trabalho muito intenso da minha parte e estou colhendo os frutos agora”, comentou o jogador, de apenas 23 anos.

Após terminar a fase de classificação do NBB 7 na primeira colocação isolada, com campanha de 28 vitórias em 30 partidas, e 25 triunfos consecutivos, recorde histórico do NBB de sequência positiva, o Bauru só voltará a atuar no campeonato nacional na fase quartas de final dos playoffs, para enfrentar o vencedor da série entre Franca e Palmeiras.

“Somos os principais favoritos, junto com Flamengo e Limeira, e não podemos esquecer a força do Mogi. Esse NBB está muito disputado e nossa expectativa é a melhor possível, descansamos bem e agora voltamos com tudo para começar os playoffs com vitória. Temos o mando de quadra até o final dos playoffs então temos que saber prevalecer isso”, concluiu Fischer.

Ricardo Fischer é uma das peças fundamentais para o sucesso do Bauru na temporada 2014/2015 (Henrique Costa/Bauru Basket)

Recheado de estrelas, o elenco bauruense foi muito bem administrado pelo técnico Guerrinha, que fez todos os jogadores apresentarem grandes desempenhos e terem suas participações importantes em todas as partidas da temporada.

“As nossas vitórias e títulos é fruto de um bom trabalho e também de uma boa mentalidade de todos os jogadores. Sabíamos que nosso elenco era muito forte, mas para isso dar certo a gente trabalhou muito forte. Todo mundo abriu mão de muitas coisas de suas características de jogo, principalmente na pontuação, para dar certo. Todo mundo se respeita aqui e as vitórias estão acontecendo”, disse o armador bauruense.

O jovem, porém já vitorioso, armador bauruense não foi protagonista em nenhuma das duas conquistas internacionais da equipe do interior do Estado de São Paulo. Entretanto, em ambas as competições, Ricardo Fischer se mostrou o mesmo jogador sólido e regular de sempre, terminando a Liga Sul-Americana com médias de 10,7 pontos e 5,6 assistências por jogo, e com 9,2 pontos e 4,7 assistências de média no título da Liga das Américas.

Desde sua primeira temporada no NBB, ainda quando atuava com a camisa do São José, Ricardo vem aumentando sua média de pontos temporada após temporada. Nesta edição do NBB, dividindo a quadra quase sempre com quatro companheiros pra lá de eficientes no fundamento de pontuação, o camisa 5 bauruense viu sua média de pontos na fase de classificação terminar abaixo dos 11 pontos por jogo, pela primeira vez em duas temporadas.

Por outro lado, se a média de pontos caiu, a participação de Fischer na distribuição de passes resultantes em cestas se tornou muito mais frequente e sua média de assistências subiu muito, fazendo o atleta terminar a fase de classificação da sétima edição do NBB com a segunda melhor média de assistências, 6,1 por jogo – a melhor média de sua carreira -, ficando atrás apenas do argentino Maxi Stanic, do Palmeiras (6,3).

“Me preocupo muito mais em fazer meus companheiros jogarem do que eu próprio. Quando o elenco foi montado para essa temporada, trabalhei muito a minha cabeça, pois sabia que o time precisava muito mais de um armador do que mais um pontuador. Essa foi a minha mentalidade durante toda a temporada e fico muito mais feliz em ver que minha média de assistências subiu do que preocupado com a média de pontos que diminuiu”, analisou.

Apesar de ter uma média de pontos menor do que nas últimas temporadas, Fischer conquistou a melhor média de assistências de sua carreira (Henrique Costa/Bauru Basket)

Colecionando boas partidas durante quase todas as partidas da sétima edição do NBB, a noite do dia 13 de fevereiro de 2015 foi muito especial para Ricardo Fischer. Defendendo até então 15 vitórias seguidas no NBB 7, o líder Bauru enfrentava o vice-líder Limeira, podendo perder o posto da primeira colocação da competição em caso de derrota para seu rival. O duelo entre as duas equipes do interior do Estado de São Paulo foi uma das melhores partidas da temporada 2014/2015 do NBB, e Fischer acabou como o grande protagonista do jogão.

O Limeira liderava o placar ainda quando restavam dez segundos para o término da partida, após arremesso certeiro para 3 pontos do jovem ala Matheus Dalla. Com mais uma possa de bola para tentar vencer, o pivô Rafael Hettsheimeir recuperou grande rebote ofensivo, após tentativa frustrada de Alex Garcia, e foi das mãos de Ricardo Fischer, com bola para 3 pontos no estouro do cronômetro, que o Bauru conseguiu fechar a partida com a emocionante vitória. Além do arremesso da vitória bauruense, Fischer foi protagonista de outro grande momento na temporada 2014/2015 do NBB.

Ricardo Fischer foi o MVP do Jogo das Estrelas mais jovem da história do NBB (Fotojump/LNB)

Sendo um dos grandes nomes da incrível campanha bauruense na temporada 2014/2015 do NBB, Ricardo Fischer foi o armador mais bem votado para o Jogo das Estrelas 2015 do NBB e também foi eleito para começar a partida festiva como titular. Com tanta expectativa em cima de sua atuação como principal armador do time brasileiro, Fischer correspondeu muito bem e mostrou mais uma vez o quão talentoso é.

Com êxito em dez de seus 11 arremessos durante toda a partida que reuniu as maiores estrelas do NBB, Fischer foi o grande destaque da vitória do NBB Brasil, ao sair de quadra com expressivo duplo-duplo de 26 pontos e 13 assistências. Protagonista da vitória brasileira, Fischer foi condecorado com o prêmio de MVP (jogador mais valioso) e se tornou o atleta mais jovem na história a ser nomeado o melhor jogador da partida festiva do NBB.

“Aquele dia foi fantástico. Terminar aquela grande festa, que é o Jogo das Estrelas do NBB, com o prêmio de MVP na conta não poderia ter sido melhor. Esse prêmio significa muito para a minha carreira e mostra que estou evoluindo, já que grandes jogadores estavam em quadra no Jogo das Estrelas. Estou trabalhando duro para atingir meus objetivos e foi muito gratificante essa conquista individual. Sendo o mais jovem da história ainda, foi sensacional”, declarou o armador.

Diante da grande atuação ao lado dos principais atletas do basquete nacional no Jogo das Estrelas e de tanto destaque na grande campanha bauruenses nesta temporada e , o assunto Seleção Brasileira é um dos objetivos de Ricardo Fischer para a sequência de sua carreira.

Convidado para participar dos treinamentos com o elenco que disputou os Jogos Olímpicos de 2012, Ricardo estrearia com a camisa da Seleção Brasileira adulta no Sul-Americano disputado na Venezuela no ano passado, porém, devido a uma lesão, o atleta bauruense foi cortado da delegação verde-amarela.

Vivendo ótima fase e com grandes competições nos próximos anos, Fischer é um dos nomes da nova geração que podem defender a camisa verde-amarela no próximos anos. Em entrevista no intervalo da transmissão via WEB do jogo entre Flamengo e Mogi, no último mês, o técnico da Seleção, o argentino Rubén Magnano, falou sobre alguns jovens jogadores e Ricardo foi um dos citados.

Mesmo sem a experiência em atuar na Seleção Brasileira adulta, Fischer conquistou boa “bagagem” nesta temporada, exercendo o papal de capitão bauruense no início da temporada e também sendo o grande maestro de uma equipe que conta com Alex Garcia, Larry Taylor e Rafael Hettsheimeir, que defenderam o Brasil no Mundial, e Jefferson William, que atuou com o selecionado verde-amarelo no Sul-Americano.

“Venho desenvolvendo meu jogo a cada temporada, sempre com o objetivo em chegar na Seleção Brasileira. Sei que só vou vestir a camisa verde-amarela fazendo um grande trabalho aqui (Bauru). Então nesta temporada melhorei muito meu físico, uma coisa que me faltava, e estou trabalho forte para conseguir realizar meu sonho, que é disputar um torneio internacional com a camisa da seleção, outra coisa que falta para minha carreira”, declarou o camisa 5 bauruense.

Fischer terminou a fase de classificação do NBB 7 como não só um dos melhores jogadores do Bauru, como também um dos melhores de toda a competição (Luiz Pires/LNB)