HOJE
Tradição em quadra
Por Juvenal Dias
Em um encontro de mais de 20 anos de história, Marquinhos enfrenta o ex-time Mogi Basquete e deixa o Hugão com o gosto amargo da derrota nos segundos finais
A farewell tour ou turnê de despedida de Marquinhos teve seu segundo episódio nesta quinta-feira (17/10), no ginásio Prof. Hugo Ramos, em Mogi das Cruzes. Depois de São José dos Campos, mais uma cidade do interior paulista assiste os últimos lampejos da lenda. O ala entrou em quadra pelo R10 Score Vasco da Gama pela segunda vez como visitante no NBB CAIXA 2024/25, naquele que pode ser o seu último jogo na cidade. 20 anos após vestir a camisa do então Corinthians/UMC/Mogi das Cruzes, o atleta guarda boas memórias da cidade e sai com uma frustração de perder nos últimos segundos com o Cruzmaltino por 66 a 65, a segunda derrota na temporada.
A partida desenhou-se com um equilíbrio desde os momentos iniciais. Marquinhos passou em branco no primeiro quarto em pontuação, mas pegou um rebote e deu três assistências. Em seguida, na sua especialidade, acertou as duas bolas de três que tentou para seus primeiros pontos no segundo período. A noite não estava para o ala, com seus 2/12 na volta do intervalo. No fim, ainda anotou mais cinco e fechou a pontuação com 13, segundo cestinha da noite, atrás do companheiro de time, Rafael Paulichi, com 20. Também teve três rebotes e sete assistências ao todo.
No entanto, o Gigante da Colina vencia por 65 a 64 com nove segundos no placar, mas a jogada desenhada por Fernando Penna deu certo para o Mogi Basquete, o armador Gabi Campos invadiu o garrafão, fintou e arremessou da linha de lance livre para virar. O R10 Score Vasco da Gama até teve tempo para um arremesso do fundo, mas ficou longe de chegar à cesta adversária, para frustração de Marquinhos e todo o time carioca.
Marquinhos lembra que seus melhores momentos contra o Mogi Basquete foi nos momentos em que o time brigava por títulos no NBB CAIXA e ele defendia as cores do Flamengo. Na temporada 2013/14, os times fizeram uma das semifinais da competição e Marquinhos fez parte do time que eliminou o Mogi Basquete com 3 a 1 na série, para sagrar o Rubro-Negro tricampeão ao derrotar o Paulistano na final.
No primeiro reencontro na temporada seguinte, Marquinhos anotou 25 pontos e fez uma bola de três decisiva nos momentos finais que ajudou na vitória por 98 a 94 no mesmo palco da partida dessa temporada, dessa vez pelo R10 Score Vasco da Gama. “As minhas memórias aqui, assim como em São José, são muito mais positivas do que negativas. Tive momentos mágicos aqui, infelizmente não foi com a camiseta do Pinheiros para ficar bonitinho no enredo. Mas sim com a camiseta do Flamengo. Ganhei vários jogos aqui. Jogos importantes, porque Mogi foi um rival direto do Flamengo. Nós conseguimos eliminá-los em alguns campeonatos”.
+ Veja as estatísticas da vitória de Mogi Basquete sobre o R10 Score Vasco da Gama
Só que teve troco na temporada 2017/18, em outra semifinal decidida no mesmo ginásio. Na ocasião, Marquinhos anotou dez pontos e o Flamengo perdeu por 89 a 72, fechando a série em 3 a 1 para o Mogi Basquete, que iria à final do NBB CAIXA pela primeira vez em sua história. Depois, o Mogi perderia a decisão para o Paulistano. O duelo da semifinal marcou a despedida de outro ídolo do basquete nacional, como relembra Marquinhos. “Eles nos eliminaram em uma semifinal que ficou marcada pela despedida do Marcelinho Machado. Mas eu tenho momentos aqui de fazer a última bola do jogo e sair vitorioso, então as memórias aqui são muito, muito, muito boas.”
Outro aspecto que o ala faz questão de ressaltar é a paixão que a torcida local tem e a pressão que vem das arquibancadas, algo que Marquinhos conhece tanto pelo lado negativo de jogar contra, como também o positivo de jogar a favor. “Os torcedores são muito mais fervorosos do que em São José, porque houve uma época muito mágica aqui de ter times muito bons desde muitos anos atrás. Eu joguei aqui também no começo da minha carreira, então eu sei como a torcida aqui ama basquete. Infelizmente, agora estão atravessando um momento difícil financeiramente, estão se reestruturando para voltar a ser aquele basquete de antigamente, mas é legal demais jogar aqui.”
Há quem não se recorde ou nem era vivo, mas, em 2004, Marquinhos retornava do basquete italiano, em sua passagem pelo Scavolini, da cidade de Pesaro. Nesse ano, por empréstimo, optou por defender o então Corinthians/UMG/Mogi das Cruzes. Na época, Marquinhos explicou o motivo de sua escolha à pagina ‘Data Basket’, em uma matéria assinada por Frederico Batalha, do UOL. “Entre os motivos de optar pelo Corinthians é devido da minha formação esportiva ser praticamente toda no clube do Parque São Jorge e, principalmente, pelo importante projeto do basquete desenvolvido aqui em Mogi das Cruzes. Conheço essa estrutura de quando ainda atuava na equipe cadete corintiana”.
+ Confira as imagens do duelo entre Mogi Basquete e R10 Score Vasco da Gama
20 anos depois, Marquinhos pode ter realizado seu último embate no ginásio que viu grandes atuações do camisa 11 ao longo da carreira. Na temporada passada, já com a camisa do R10 Score Vasco da Gama, mais uma dessas grandes exibições, com o ala anotando 20 pontos na vitória de 95 a 79, ficando atrás apenas de Paulichi, que fez 30 pontos para o Cruzmaltino. Ginásio Prof. Hugo Ramos, o Hugão, vai ter saudade de ver Marquinhos em sua quadra, nas alegrias e tristezas da lenda.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty e UMP e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.