Imagine uma pessoa que conhece cada cantinho do Panela de Pressão, ginásio onde o Bauru Basket manda suas partidas no NBB CAIXA. Se você pensou no Alex Garcia, o Brabo, que está em sua décima temporada na equipe, errou redondamente. A resposta correta é Anderson Guimarães, popularmente conhecido como Tatá. Aos 42 anos, ele já fez de tudo um pouco em 11 anos trabalhando no clube bauruense até chegar ao cargo de supervisor, função que ocupa atualmente. E quando falamos em tudo, não há nenhum exagero nisso.

Tatá foi motorista das categorias de base na época de Gabriel Jaú, Stefano Pierotti e Maikão. Depois se tornou mordomo, aquele profissional responsável por cuidar dos uniformes e de todos os detalhes para treinos e jogos. O excelente trabalho o fez acumular mais responsabilidades conforme o tempo passou. Como atendente, ele cuidava da quadra. Agora, como supervisor, também trata da logística das viagens, sempre conversando com os profissionais da equipe que o Bauru Basket vai enfrentar como visitante.

Anderson Guimarães, o Tatá, na sua casa, o Panela de Pressão. Foto: Bruno Ribeiro/Bauru Basket

Rotina no Panela de Pressão

A vida de Tatá gira em torno do Panela de Pressão. “Minha rotina depende muito do planejamento da semana. Temos os treinos do adulto e das categorias de base, então tudo gira em torno dessa definição. Normalmente, o adulto treina em dois períodos, manhã e tarde. E aí, à noite, tem os treinos da base. Precisamos garantir que tudo esteja pronto: vestiários, iluminação, academia, fisioterapia, uniformes, toda essa estrutura… O Eduardo, nosso zelador terceirizado, também é peça fundamental nessa engrenagem, ainda mais quando eu viajo com o time. E, às vezes, surgem coisas que não sabemos lidar, então todo mundo se ajuda para encontrarmos a melhor solução”, explicou.

+ Confira álbum de fotos do Tatá no Panela de Pressão

A relação com o icônico ginásio, no entanto, começou muito antes de Tatá chegar ao clube. Ele estava sempre na arquibancada nos jogos do Bauru Basket. Para o profissional, o Panela de Pressão hoje é sua segunda casa. “Eu frequento o ginásio como torcedor desde que era mais novo, quando o NBB ainda não tinha sido fundado. Hoje, venho para cá todos os dias com o privilégio de trabalhar e viver o ambiente do esporte de alto nível. Claro que também envolve uma responsabilidade enorme, porque o fluxo aqui é intenso. Não é só basquete, tem outros eventos acontecendo o tempo todo. Mas quando o Panela está cheio, é um lugar muito diferente, com uma atmosfera como poucas no Brasil.”

Aquela semifinal inesquecível

O momento mais especial que viveu no ginásio foi na semifinal da temporada 2016/17, ano em que o Bauru Basket foi campeão do NBB CAIXA. Antes de superar o Paulistano/CORPe para levantar o troféu, o time bauruense enfrentou dificuldades para passar pelo Pinheiros. A classificação foi conquistada no jogo 5, com uma vitória por 66 a 60, confirmando uma virada que parecia improvável na série após estar perdendo por 2 a 0. Jefferson William foi o grande nome daquele triunfo, flertando com um triplo-duplo, terminando o jogo com 17 pontos, 11 rebotes e sete assistências para 27 de eficiência.

Jefferson em ação no jogo 5 da semifinal do NBB CAIXA 2015/16 contra o Pinheiros. Foto: João Pires/LNB

“São muitas histórias. Fica difícil escolher uma só. Mas, em relação às partidas, creio que o Jogo 5 da semifinal do NBB 9 contra o Pinheiros foi o mais marcante. O Pinheiros era um baita time, tomamos 2 a 0 logo de cara. Foi uma série tensa, com nervos à flor da pele. Mas naquele jogo, o Alex, o Jefferson e o Valtinho chamaram a responsabilidade. Ali, eu tive certeza de que seríamos campeões. A energia daquele dia foi absurda, o Panela pulsava!”, relembrou.

A história do suco em pó

E por falar em Jefferson William, Tatá conta uma história (ou brincadeira) muito divertida em relação ao ex-jogador do Bauru Basket. Tudo começou quando o então mordomo esqueceu de levar isotônico para um treino da equipe. “Depois que pegamos amizade, sempre zoávamos que ele era um cara que gostava de cornetar. Um dia, esqueci de levar o isotônico para o treino. Aí, não teve jeito: o Jé ficou reclamando na minha orelha. Para sacanear, falei que ia resolver o problema especialmente para ele. Coloquei água com suco de pozinho no galão do isotônico, joguei gelo, misturei bem e falei que não era mais para se preocupar. Ele tomou normalmente, nem percebeu a diferença. Depois que contei o que era, expliquei que tinha feito aquilo para ver se ele parava de reclamar, o Jé ficou bravo na hora, mas ri disso até hoje”, contou o supervisor, acrescentando um elogio ao agora ex-atleta. “Brincadeiras à parte, ele é um cara muito querido e um dos atletas mais decisivos que já vi com essa camisa do Bauru Basket.”

Atualmente supervisor do Bauru Basket, Tatá já fez de tudo no clube. Foto: Bruno Ribeiro

Com 11 anos de casa, Tatá conviveu com muitos treinadores no Bauru Basket. Ele cita Demétrius Ferracciú e Guerrinha, como quem ficou trabalho por mais tempo, sem escolher os mais recentes. “O carinho e o respeito é igual por todos, até mesmo pelos que ficaram menos tempo, como o Léo Figueiró e agora o Paulo Jaú, que já está na segunda temporada conosco”, comentou. Em relação aos jogadores, o primeiro da lista é Alex Garcia. “O que mais convivi é o Brabo. Comecei aqui praticamente quando ele chegou. Aí também foram muitas temporadas ao lado do Larry, Jefferson e Hettsheimeir.”

Tatá também pôde acompanhar a evolução da Liga neste período. E sabe o quanto é importante ter um patrocinador forte para ajudar aqueles que trabalham nos bastidores, como ele. “O apoio da CAIXA é muito importante para o nosso basquete. Ter um patrocínio assim ajuda demais, porque mantém a Liga forte. É só ver o equilíbrio dessa temporada. Todo mundo ganha com isso: clubes, jogadores, nós. Espero que essa parceria que valoriza o esporte permaneça por muitos anos para continuarmos evoluindo”, finalizou.

Após conhecer um pouco mais da história do Tatá, aquela pergunta inicial tem fácil resposta. Ele realmente conhece todos os cantinhos do Panela de Pressão.

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