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Momentoépico

06-05-2017 | 02:10
Por Douglas Carraretto

Virar de maneira incrível, derrubar o tetracampeão e proporcionar um momento histórico ao basquete brasileiro: foi isso que o "implacável" Pinheiros fez

Pior colocado dentre os clubes nas quartas, Pinheiros é e sempre foi um gigante (João Pires/LNB)

O dia 05 de maio de 2017 ficará marcado na história do basquete brasileiro. Poucos imaginaram que o EC Pinheiros recuperaria a desvantagem de 2 a 0 na série diante do atual tetracampeão. Poucos acreditaram que o Flamengo perderia o Jogo 5 em pleno Rio de Janeiro e ficaria de fora da semifinal pela primeira vez. Mas o EC Pinheiros fez com que aqueles “poucos” se tornassem muitos. Muitos queixos caídos e corações disparados com o feito realizado na noite desta sexta-feira em solo carioca.

“Não tem como explicar. Eles (Flamengo) nunca tinham ficado de fora de uma semifinal e fomos os primeiros a fazer isso. Isso é imenso para nós. Estávamos perdendo por 2 a 0 a série, mas nos unimos e não deixamos nenhum fator externo nos atrapalhar. A gente sabia que podia reagir e conseguimos. Ganhamos com o coração, na base da raça e da coragem”, disse o emocionado Renan Lenz.

Coração, raça e coragem. A fala do ala/pivô Renan Lenz resume muito bem o que foi a jornada pinheirense nessa série quartas de final. Antes do início desta fase de mata-mata, somente quatro confrontos foram revertidos após uma equipe abrir 2 a 0. Três vieram do Pinheiros – nas quartas de 2011/2012 sobre o Joinville (comandado por José Neto), nas oitavas de 2012/2013 sobre Limeira e nas oitavas de 2015/2016 contra o Minas. E não é que o clube do Jardim Europa repetiu a façanha? E mais, diante do líder e atual tetracampeão.

+Confira mais detalhes da histórica vitória do Pinheiros no Jogo 5 contra o Flamengo

Os dois primeiros jogos da série diante do Flamengo foram duros, parelhos, e o time carioca mostrou a força de um líder da fase de classificação e campeão das quatro últimas temporadas do NBB CAIXA e venceu os dois primeiros duelos (. Porém, quando se trata de esporte, nem mesmo os campeões são imbatíveis, e o Pinheiros conseguiu algo que ninguém jamais imaginou: virar a série e deixar o clube da Gávea de fora da semifinal pela primeira vez na história.

“Ninguém acreditava na gente. Todos esperavam uma varrida do Flamengo”, comentou Ansaloni (João Pires/LNB)

“É inexplicável. Estou muito, muito feliz mesmo. Ninguém acreditava na gente. Todo mundo esperava uma varrida do Flamengo, o que é normal, pelo favoritismo e pela história deles. Entramos respeitando eles, sabendo da qualidade deles. Mas respeitamos, esse foi o diferencial. Respeitamos muito, perdemos as duas primeiras, não desistimos e continuamos batalhando para chegar nesse momento que tanto queríamos. Entramos para a história e estamos felizes demais”, contou o pivô Ansaloni.

Pois é. Depois que abriu 2 a 0, o Flamengo ficou muito perto de sua quinta varrida em quartas de final – é o time que mais aplicou vitórias por 3 a 0 nessa fase dos playoffs. A primeira chance rubro-negra de fechar a série foi no Tijuca, mas o Pinheiros estragou a festa e sobreviveu com belo triunfo por 90 a 79. O confronto rumou para São Paulo, onde os pinheirenses lotaram seu ginásio e tiveram outra exibição de gala: 102 a 98 e série empatada.

“Entramos nas partidas sem saber se íamos ganhar, o propósito foi jogar da maneira que vínhamos jogando. Perdemos os dois primeiros, mas jogamos bem, fomos consistentes. No Jogo 3 não mudamos nada, mantivemos a pegada e vencemos, e assim continuamos até o final. Foi fruto de um trabalho muito duro. Todo mundo está de parabéns, atletas e comissão técnica. Agora vamos tentar passar dessa semifinal e ir para a Final”, concluiu Ansaloni.

O grande dia do Jogo 5 chegou. Sexta-feira, 05 de maio, Tijuca Tênis Clube, Rio de Janeiro (RJ). De um lado estava o Flamengo, que nunca havia perdido uma quinta partida de playoffs em casa na história. Do outro estava o Pinheiros, com seu humilde e valente rótulo de “time da virada”.

Pinheiros dominou 2º tempo e impôs a 1ª derrota ao Flamengo em Jogos 5 como mandante (João Pires/LNB)

Mesmo diante de uma fervorosa e apaixonada torcida rubro-negra, a história foi diferente das Finais de 2008/2009 contra o Brasília, das quartas de 2011/2012 contra Uberlândia, da semifinal de 2012/2013 contra São José, das quartas de 2014/2015 novamente contra São José e da semi do mesmo ano contra Mogi, da semi de 2015/2016 diante do mesmo Mogi e da Final passada contra o Bauru – todos Jogos 5 vencidos pelo Flamengo em casa.

Depois de ir para o intervalo perdendo por 44 a 41, a equipe do técnico César Guidetti se fortaleceu no vestiário e entrou com tudo no terceiro quarto, em que venceu 24 a 17 e foi para o último quarto com 65 a 61 de frente. No período final, os paulistas mantiveram a liderança do placar, levaram sufoco do Flamengo nos instantes finais e soltaram o grito da classificação à semifinal com vitória por 78 a 75.

Com a façanha, outros “tabus” foram derrubados e feitos históricos foram concretizados. O Pinheiros se tornou o primeiro oitavo colocado na fase de classificação a eliminar o líder, que jamais ficou de fora das semifinais da competição. De quebra, foi apenas a sexta vez em 37 oportunidades no mata-mata que uma equipe visitante ganhou o Jogo 5. Além disso, a equipe volta a uma semifinal de NBB CAIXA depois de quatro temporadas.

“Não deixamos nenhum fator externo nos atrapalhar. Nosso time sempre esteve muito focado, firme e acreditando muito. Derrubamos o campeão. Continuamos como time de pior campanha nesses playoffs, como ‘azarão’, mas chegamos até aqui. Então vamos seguir lutando e ver até onde podemos chegar”, concluiu Teichmann.

O “azarão” que derrubou o campeão: assim definiu Teichmann (João Pires/LNB)

Em sua primeira semifinal desde 2011/2012, o Pinheiros terá pela frente o Gocil/Bauru Basket, que também quebrou o mando de quadra nas quartas de final sobre o quarto colocado Brasília. O primeiro da série jogo será nesta segunda-feira (08/05), em São Paulo (SP), às 19h30, com transmissão ao vivo dos canais SporTV.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, Nike e Avianca e o apoio do Ministério do Esporte.