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Legado eterno

25-12-2025 | 06:15
Por Marcius Azevedo

Referência do basquete brasileiro, Claudio Mortari morre aos 77 anos e deixa uma trajetória marcada por títulos, pioneirismo e impacto duradouro no esporte

Claudio Mortari, um dos maiores treinadores da história do basquete brasileiro, morreu nesta quinta-feira (25/12), aos 77 anos, deixando um legado incomparável dentro e fora das quadras. Nascido em São Paulo, no dia 15 de março de 1948, ele teve uma trajetória que atravessou gerações e ajudou a moldar o basquete nacional.

Sua relação com o esporte começou ainda na infância, quando, aos 11 anos, ingressou nas categorias de base do Palmeiras. Como jogador, permaneceu no clube até os 25 anos, quando decidiu trocar a carreira de atleta pela prancheta, iniciando como técnico das categorias de formação do Alviverde. Ali, rapidamente se destacou. Acumulou prêmios e reconhecimento como um dos melhores treinadores de base do país, demonstrando desde cedo a sensibilidade para desenvolvimento de talentos.

O último trabalho como treinador de Claudio Mortari foi com o São Paulo, em 2021. Foto: João Pires/LNB

A ascensão definitiva viria poucos anos depois. Em 1976, Mortari assumiu a equipe adulta do Palmeiras e, no ano seguinte, conquistou o Campeonato Brasileiro de 1977, início de uma série de grandes campanhas. A repercussão daquele título abriu caminho para assumir o comando do Esporte Clube Sírio, clube que se transformaria no palco de suas maiores conquistas e no símbolo de uma era vitoriosa do basquete brasileiro.

Sob sua direção, o Sírio se tornou uma potência continental. Ele venceu competições sul-americanas em sequência e, em 1979, alcançou o feito que eternizou Mortari: a conquista da Copa Intercontinental da FIBA, o primeiro título de dimensão global de um clube brasileiro no basquete. A campanha e o impacto daquele título transformaram o treinador em referência imediata, reforçando sua reputação de estrategista, rigoroso na preparação e capaz de extrair o melhor de cada elenco.

 

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Ao longo da carreira, Mortari somou cinco títulos brasileiros como técnico, além de conquistas estaduais, sul-americanas e internacionais que reforçaram sua imagem como um dos treinadores mais vitoriosos do país. Seu trabalho o levou também ao comando da seleção brasileira masculina, que dirigiu nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, encerrando a participação em quinto lugar.

Mortari ajudou a formar gerações de jogadores que marcaram a modalidade, influenciando diretamente a evolução técnica, tática e cultural do basquete nacional. A longevidade de sua carreira impressiona. Nas décadas seguintes, dirigiu São Paulo, Pinheiros, Corinthians, Rio Claro, Mogi, Flamengo, Paulistano e outros projetos importantes, sempre carregando consigo a combinação rara de disciplina, leitura de jogo e capacidade de construir equipes competitivas.

Claudio Mortari era o treinador do Sírio campeão mundial interclubes em 1979. Foto: Arquivo/Esporte Clube Sírio

Mesmo após mais de quatro décadas de trabalho, manteve-se ativo, vencedor e relevante: em 2013, comandou o Pinheiros ao título da Liga das Américas, reforçando sua capacidade de permanecer no topo em diferentes épocas. Já no São Paulo, clube onde encerrou sua trajetória como treinador, foi responsável por estruturar o projeto do basquete masculino e conquistar o Campeonato Paulista de 2021, primeiro título estadual da história da equipe.

Mortari deixa um legado humano, pedagógico e institucional. Era admirado por sua visão de jogo, pela defesa de um basquete ofensivo e fluido, por sua disciplina e, sobretudo, por sua capacidade de transformar jogadores e ambientes. Para muitos atletas, dirigentes e treinadores, ele foi referência e influência direta. Seu nome passou a representar excelência, pioneirismo e compromisso absoluto com o desenvolvimento do basquete brasileiro e sua ausência será sentida em todos os cantos do esporte.

A morte de Claudio Mortari encerra uma era, mas seu legado permanece vivo em cada atleta que formou, em cada equipe que conduziu e em cada conquista que ajudou a construir. O basquete brasileiro perde um dos seus maiores gênios. A história, entretanto, o preserva como um dos pilares que fizeram o esporte chegar ao patamar que tem hoje.