HOJE
O segredo dos campeões
Por Juvenal Dias
MVPs das cinco edições da Copa Super 8 compartilham suas fórmulas para ter sucesso na competição que garante o primeiro título da temporada
O que é preciso para ser campeão? Na Copa Super 8, vencer três jogos significa levantar o troféu. Óbvio que não é tão simples assim quando as oito melhores equipes do primeiro turno do NBB CAIXA 2023/24 entram em quadra em duelos eliminatórios. Para desvendar o caminho para a glória, ninguém com mais propriedade para falar do que os MVPs das cinco edições anteriores. Confira o que disseram Marquinhos (R10 Score Vasco), Rafael Hettshemeir (Corinthians), Olivinha (Flamengo), Gui Deodato (Flamengo) e David Jackson (Sesi Franca) sobre os segredos da Super 8, competição que terá sua sexta disputa de 27 de janeiro a 3 de fevereiro.
+ Confira os confrontos e datas da Super 8
Marquinhos – Flamengo (2018)
Na primeira edição da Copa Super 8, o primeiro MVP foi o cara que mais vezes conquistou esse prêmio na história do NBB, Marquinhos. O ala, que na época jogava pelo Flamengo, conseguiu médias incríveis de 20,3 pontos, 4,6 rebotes e 21,3 de eficiência, com atuações decisivas e assertivas em todos os jogos do campeonato. Hoje, Marquinhos atua pelo R10 Score Vasco da Gama e tem a possibilidade de conduzir o cruzmaltino ao primeiro título no seu retorno à elite do basquete nacional. A equipe carioca classificou-se com a quarta colocação e começa sua trajetória em São Januário, contra o Paulistano.
“A estratégia em um campeonato curto é disputar cada jogo como uma final. Se perder está fora, então, consequentemente, vencer significar ganhar moral na competição e isso é super importante”.
O camisa 11 vascaíno entende que a concentração em cada jogo é fundamental. Ele também falou da sensação de ser eleito MVP em 2018:
“A sensação boa de dever cumprido, por ser um campeonato curto, é uma semana muito intensa. No final, ter sido recompensado por todo esse esforço e toda essa energia, é legal demais ter sido MVP”.
Por fim, ele também trouxe sua melhor lembrança da Copa Super 8:
“Com certeza, a melhor lembrança é o primeiro título. E o primeiro título a gente nunca esquece, dentro de Franca, ginásio lotado, uma partida disputada a cada bola. Ter sido o primeiro campeão e ainda ter sido o MVP do torneio foi inesquecível”.
No primeiro duelo, frente o Minas, Marquinhos conseguiu uma das maiores pontuações da história do torneio: 29 pontos, com sete bolas de três pontos e 100% nos lances livres. Na semifinal, contra o rival Botafogo, ele deixou a pontuação de lado e reforçou outros pontos muito importantes, como o garrafão, com seis rebotes, e a armação, com cinco assistências. Já na final, ele foi essencial no momento mais importante do jogo, quando o Sesi Franca começou a crescer na partida e ensaiar uma reação. Com muitos méritos, Marquinhos conquistou o prêmio de MVP e ergueu o troféu junto com Olivinha, o outro capitão do Flamengo.
Hettsheimeir – Sesi Franca (2020)
Dono do garrafão do Sesi Franca em 2020, Rafael Hettsheimer, com seu estilo de jogo versátil, dominando os rebotes e atacando muito do perímetro, conseguiu o prêmio de MVP. Durante o campeonato, o pivô teve médias de 19,3 pontos, 6,3 rebotes e 20,3 de eficiência, além de uma atuação espetacular no jogo decisivo. Desta vez, o atleta está fora da briga pelo bicampeonato, já que o Corinthians, apesar de ter brigado até as últimas rodadas, não conseguiu um posto entre as oito melhores equipes, fechando em 10º lugar o primeiro turno. Mesmo assim, a palavra do melhor da segunda edição da Copa Super 8 vai de acordo com seu antecessor:
“É seguir jogo a jogo, tratar cada jogo como se fosse uma final por serem todos os jogos mata-mata. Então, precisa entrar com dedicação de 100%, se você der mole, na primeira partida pode cair fora. Tem que encarar com muita seriedade desde o começo”.
O camisa 30 do Timão também lembra com carinho de ter sido eleito MVP:
“Foi muito bom, significa que o trabalho foi bem feito. Costumo dizer que não só eu fui o MVP, a equipe toda teve sua parcela, porque é a equipe que faz tudo isso, que te procura (em quadra), que trabalha contigo no dia a dia, te impulsiona a ser melhor. Apesar de sempre ter um a ser escolhido, eu valorizo muito o trabalho de equipe, da comissão, que te levaram a ser o MVP de uma competição curta assim”.
A estreia do pivô na Copa não foi das melhores, o brilho ficou por conta de outros jogadores, como Parodi e David Jackson. Mas nas partidas seguintes, Hettsheimeir mostrou a que veio. Na semifinal, contra o Minas, teve um atuação dominante na defesa, com 8 rebotes e 2 tocos, além de anotar mais 22 pontos, sendo o cestinha da partida. No jogo decisivo, Hett conseguiu a partida mais eficiente da história de um MVP do Super 8, com 28 pontos, sete rebotes e 30 de eficiência.
Olivinha – Flamengo (2021)
Um dos atletas mais vencedores da história do basquete brasileiro com certeza precisava ter no seu currículo um prêmio da MVP da Copa Super 8! Olivinha é o jogador que está a mais tempo em um único clube, com 12 temporadas no Flamengo e participações importantíssimas em diversos títulos. Durante a Super 8 de 2021, ele terminou com médias de 15,3 pontos, 8,3 rebotes e 17 de eficiência. O ala-pivô é um dos dois atletas do elenco atual do Flamengo que podem conquistar o segundo título de MVP, caso o time conquiste o tricampeonato. O Rubro-Negro teve a melhor campanha do primeiro turno, terá vantagem de fazer todas as fases que avançar no Maracanãzinho e começará enfrentando o Bauru Basket.
Olivinha também ofereceu sua fórmula para ter sucesso na Super 8:
“É uma competição de tiro curto onde uma derrota custa a vida e uma vitória você avança de fase. Acredito muito que temos que encarar todos os jogos como se fosse uma final, concentração total por conta de ser um torneio de jogo único onde tudo pode acontecer”.
O ala-pivô não escondeu a emoção de conquistar um prêmio individual:
“Ter sido eleito o MVP da Super 8 foi bem especial. Ser eleito o melhor jogador da competição é sempre uma felicidade, é ver o trabalho que eu faço diariamente ser reconhecido . Apesar do objetivo principal ser a conquista coletiva, esse reconhecimento individual é legal de receber também”.
O momento mais marcante daquela trajetória para o Deus da Raça foi a reta final da decisão:
“A melhor lembrança foi o jogo da final, onde nós passamos boa parte da partida atrás e no último quarto conseguimos a virada e consequentemente o título naquela oportunidade. Enaltecer que a equipe em momento algum deixou de acreditar que poderíamos sair com a vitória e nos tornarmos campeões. O nível de concentração foi muito alto e no final deu tudo certo e levamos o caneco pra casa”.
O primeiro duelo foi logo de cara com um velho conhecido, o Sesi Franca, rival do Flamengo nas duas primeiras finais de Super 8. Olivinha terminou essa partida com um duplo-duplo, com 17 pontos e 11 rebotes, e foi o segundo cestinha na partida que levou os cariocas à fase seguinte. Na semifinal, contra o Bauru, o ala-pivô teve uma atuação ligeiramente mais discreta, mas também contou com a ajuda de quatro companheiros que passaram dos dois dígitos de pontuação. Na final, contra o São Paulo, além de ser o cestinha com 19 pontos, Olivinha teve uma atuação decisiva, com 14 pontos no último quarto, sendo a principal chave da mudança de postura do Flamengo na partida que garantiu o bicampeonato rubro-negro.
Gui Deodato – Minas (2022)
O “Batman” foi uma das peças essenciais e decisivas no esquema implantado por Léo Costa no Minas, que contava com um estilo de jogo focado na defesa e muito obediente taticamente. Gui Deodato era o grande pontuador desse elenco e a peça chave na hora de decidir. No campeonato, o ala minastenista conseguiu médias de 21 pontos, 6,6 rebotes e 22 de eficiência. Dessa vez, ele está no Flamengo e é o segundo integrante do elenco que concorrerá ao prêmio individual, caso o time levante o troféu pelo terceiro ano. Chega a ser impressionante a unanimidade para desvendar o segredo dos campeões:
“Na verdade acredito que não haja apenas um segredo. Cada jogo deve ser tratado como uma final, tem que ser o mais intenso possível. É uma época que naturalmente os times estão todos em evolução, todos trabalhando pensando na Super 8”.
Dá para notar que ter sido eleito um dos dos cinco MVPs da Copa Super 8 foi muito especial na carreira de Gui Deodato:
“Significa muito para mim. Pela maneira que eu sempre me preparei para esses momentos. Ter conseguido ser o MVP me mostrou que eu realmente posso e posso cada vez mais estar nesse nível dos grandes, pensando nos caras que já ganharam a Super 8 e foram MVPs. Me mostra que eu posso muito ainda”.
A vontade de vencer a competição daquele Minas era tão grande, que a melhor lembrança do ala vem de dias antes da Super 8 começar:
“Acho que era um time muito legal, todos se davam muito bem. Uma lembrança muito forte foram os dias 30, 31 e primeiro (dezembro/janeiro). Que era um período de folga, mas todos fomos para a quadra treinar, por acreditar muito no título. Isso fez a diferença no final”.
O primeiro duelo foi contra a UNIFACISA, em um jogo extremamente disputado e que contou com uma atuação decisiva de Gui para garantir a vitória, com 23 pontos, cinco rebotes e cinco assistências. Contra o Flamengo, até então o atual campeão da competição, o ala foi essencial com um jogo muito consistente no ataque (18 pontos) e muito efetivo na defesa, derrotando o Rubro-Negro em solo carioca. Já na final, contra o São Paulo, foram os arremessos de Deodato que criaram uma boa gordura para o Minas na liderança do placar. Gui ainda protagonizou um dos lances mais bonitos da história das finais do Super 8, ao acertar um crossover que deixou Shamell, o maior cestinha da história do NBB, no chão.
David Jackson – Sesi Franca (2023)
Peça indispensável no esquema tático de Helinho Garcia, o americano David Jackson fez três grandes aparições na Copa Super 8, contribuindo com pontos, assistências e bons números em eficiência – que são o critério principal para a premiação de MVP. O ala fez o seu melhor jogo na Super 8 justamente diante do Flamengo, na final do torneio eliminatório. O norte-americano de 41 anos é o único do atual elenco do Sesi Franca que pode ser eleito MVP pela segunda vez, caso o time conquiste o bicampeonato seguidamente e o terceiro título de sua história. Sua jornada começa no Pedrocão contra o UNIFACISA, no duelo do terceiro contra o sexto da primeira metade do NBB CAIXA 2023/24. DJ não escondeu o jogo para falar do que é preciso para vencer a Super 8:
“Realmente, não há segredo para vencer. O time que joga melhor geralmente vence. Este torneio é composto pelas oito melhores equipes, então cada jogo é uma final!”
O fato de ter sido eleito o MVP, deixou David Jackson feliz, mas ele preferiu ressaltar o conjunto:
“É sempre bom ser reconhecido como o MVP da Copa, mas sem a minha equipe nada é possível. Fiquei satisfeito por saber que fiz a minha parte para nos ajudar a vencer”.
Quer saber o quanto é difícil vencer a Copa Super 8? DJ resume com sua melhor lembrança da competição:
“Só me lembro de estar extremamente exausto, o nível de intensidade e foco em uma final de jogo único é o que eu vivo. É para isso que você treina no verão. Ganhar é a confirmação do trabalho que você realiza a cada dia”.
Contra o Flamengo, no Pedrocão, o camisa 32 do Franca foi absoluto em quadra, computando 21 pontos, 7 rebotes, além de uma eficiência de 25. Ao olhar para a atuação de David Jackson no torneio todo, o ala também não deixou a desejar. Com médias de 15.6 pontos, 5 rebotes e 21 de eficiência, DJ se firmou como o jogador mais importante na conquista do Sesi Franca.
Desta forma, resta saber na edição 2024 da Copa Super 8 haverá o primeiro bi-MVP ou se um sexto novo jogador entrará para este seleto clube.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.