HOJE
Basquete no sangue
Por Marcius Azevedo
No Pinheiros, Fran Farabello segue os passos do pai Daniel, que fez parte da "Geração de Ouro" da Argentina e defendeu o Vasco antes do surgimento do NBB CAIXA
O basquete entrou na vida de Fran Farabello muito cedo. Ser filho de um jogador profissional tem dessas coisas. Daniel fez parte daquela equipe que ficou conhecida como “Geração de Ouro” da Argentina. Não esteve presente na histórica conquista da medalha dourada em Atenas-2004, mas foi aos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, e participou da Copa do Mundo de 2006, no Japão.
O filho nasceu em novembro de 2000 e pôde, mesmo muito pequeno, acompanhar o desempenho do pai em quadra. Foi neste mesmo período da carreira que Daniel veio jogar no Brasil. Ele defendeu o Vasco, em 2003, sob o comando do técnico Hélio Rubens. O convite para defender o Pinheiros foi aceito de imediato.
“Estava treinando com meu pai na Itália quando meu representante me ligou e disse que havia uma oportunidade de vir para o Pinheiros. Conversei sobre isso com meu pai e meu representante e decidimos que era uma excelente opção”, afirmou Fran Farabello. Daniel é treinador do Power Basket Salerno. “Foi uma excelente decisão iniciar minha carreira no Pinheiros”, completou.
Quando cita iniciar sua carreira, o armador se refere ao fato de o Pinheiros ser o seu primeiro clube como profissional. O basquete faz parte da sua vida desde muito jovem. “Tinha três anos, eu acho. Cresci com uma bola nas mãos porque sempre quis ser como meu pai. E bom, com o passar dos anos, fui me apaixonando pelo esporte e fiquei cada vez mais apaixonado por ele”, disse.
Aos 16 anos, Fran Farabello saiu da Argentina para atuar na NBA Academy, na Austrália. Depois seguiu para os Estados Unidos, passando por Texas Christian University e Creighton University. Lá ele evoluiu como jogador. “O período nos Estados Unidos foi impressionante. Foram cinco anos onde tive oportunidade de competir com e contra os melhores garotos”, avaliou.
A referência para evoluir sempre foi o pai. Mas existe uma regra não escrita na família Farabello: não falar de basquete em casa. “Tive sorte de crescer e ver alguém super dedicado à sua profissão e muito bem sucedido também. Mas, para ser sincero, quando converso com ele, o basquete é secundário. Além do mais, muitas vezes nem mencionamos o basquete, mas isso não é por causa de uma regra que temos, mas sim porque nosso relacionamento é simplesmente assim.”
Em uma entrevista recente, Daniel explicou que prefere não falar de basquete para não influenciar possíveis decisões do filho e, desta forma, interferir no trabalho do treinador de Fran. No Pinheiros, Vitor Galvani. “Às vezes é difícil e você sofre da maneira que pode. Você pode encorajá-lo, mas acho que dar instruções é contraproducente para ele, para o treinador e para seus companheiros”, explicou.
Mas quando o assunto foi jogar no Brasil, Daniel deu o sinal verde. “Quando surgiu essa oportunidade de vir para cá, ambos gostamos muito da ideia, sabemos do bom nível e competitividade desta liga”, disse Fran Farabello. Segundo ele, tem corriqueiro alguém falar da passagem do pai pelo basquete brasileiro. “Existem vários times contra os quais jogamos, em que alguém menciona ter jogado com ou contra meu pai quando ele jogava no Vasco. Falando em Vasco, o Marquinhos jogou com o meu pai lá. Não estive presente no jogo no Rio, mas acho que quando eles vierem jogar aqui será um momento bacana para ele, para meu pai e para mim”, disse, se referindo ao jogo válido pelo segundo turno do NBB CAIXA, agendado para o dia 11 de janeiro, no Poliesportivo Henrique Villaboim.
Sem Raulzinho Neto, que se despediu do NBB CAIXA para defender o Barcelona, da Espanha, o argentino deve ganhar mais tempo de quadra. Para Fran Farabello, tudo faz parte de um processo natural de adaptação ao basquete brasileiro. “Como em qualquer processo, leva tempo. É uma liga muito física e atlética, mas acho que tem sido uma adaptação positiva até agora. A comissão técnica me dá muita confiança na tomada de decisões e isso também ajuda muito no processo”, afirmou o armador, que está feliz em fazer parte de um grupo jovem. “Somos um grupo jovem, mas com muita vontade de aprender e ajudar uns aos outros a melhorar. Gosto muito da competitividade e da energia nos treinos e estou muito animado com o que está por vir.”
A trajetória está apenas no começo, mas o pai está orgulhoso do filho. O talento certamente está no DNA. Assim como Daniel, Fran demostra boa visão de jogo e também uma mão calibrada do perímetro. Na última janela da AmeriCup, ele foi convocado para defender a Argentina pela primeira vez no adulto. “As coisas que estão acontecendo com ele me deixam feliz porque ele é muito focado no que faz e é muito trabalhador. Esse garoto faz tudo isso sem que eu diga qual é o caminho para ele seguir”, finalizou.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty e UMP e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.