HOJE
Campinho dos sonhos
Por Liga Nacional de Basquete
Nossa Terra Tem Basquete: conheça Jeff Salve Guys, que realiza o sonho de crianças e jovens em um campinho de terra batida, em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco
Em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, o som de uma bola quicando sobre a terra é quase um mantra. Ali, onde o maracatu dita o compasso da cidade, o basquete encontrou outro ritmo, o do coração de Jefferson Antônio da Silva, o Jeff, conhecido por todos como “Salve, Guys!”.
“Eu tenho uma tatuagem que está escrita assim: Meu coração pulsa assim como uma bola de basquete quica em quadra. Basquete pra mim não é só uma palavra, não é só uma ação, não é só um jogo. Quando eu estou jogando, eu esqueço de tudo que me faz mal. Eu desacelero minha mente e acelero meu coração.”
Jeff fala com a serenidade de quem já viveu muitas situações dentro e fora de quadra. Ou, no caso dele, dentro e fora dos buracos de um campinho de terra batida, onde cada arremesso é uma vitória.

O campinho de Terra de Jeff, o templo sagrado do basquete em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco
Da solidão à bola laranja
Quando era criança, Jeff era o menino deixado de lado. “Quando eu ia para aula de educação física, ninguém me chamava para jogar nada. Eu era aquele cara gordinho, tímido, que ficava sentado de lado e ninguém chamava para jogar nada.”
Foi em São Paulo, ainda adolescente, que o basquete entrou em sua vida. “Um amigo da igreja da minha mãe sempre me chamava: ‘Jeff, vamos jogar basquete?’. Eu nem sabia arremessar, fazia cada loucura sem saber. E tipo, isso virou uma rotina para mim toda vez que eu chegava em casa da escola.”
De volta a Pernambuco, encontrou a falta de estrutura, mas não deixou o sonho morrer. “Não tinha quadra para jogar basquete. A gente pegava uma tampa de um balde e amarrava no pé de jaca. Era a nossa cesta de basquete.”
O quase tropeço que virou começo
Jeff voltou para São Paulo, mas perdeu o emprego e retornou à terra natal desanimado, lutando contra a depressão. Foi aí que o basquete voltou, não só para curar, mas para transformar. “Eu já estava muito depressivo por causa disso. E foi quando a minha vida mudou”, contou.
O basquete fez Jeff viver muitas histórias. Certa vez, ele quase foi preso para conseguir montar uma tabela. “A gente precisava de madeira. Entramos em um casarão abandonado, num lugar chamado Usina Aliança. Eu nunca tinha pulado um muro na vida, foi o primeiro muro que eu pulei. A gente entrou no casarão, pegou as madeiras e saiu. Quando a gente estava indo embora para casa, ouvi o barulho de sirene. O policial falou: “O que vocês estão fazendo? A gente quer jogar basquete, mas não tem onde jogar basquete, então a gente pegou essa madeira aqui para montar uma tabela.”
Era o começo do movimento criado por Jeff para levar o basquete às crianças e adolescentes da comunidade.
O campinho que virou templo
O sonho se tornou realidade em um campinho de terra. “É o local mais sagrado dos jogadores de basquete da região, o campinho de basquete”, define Jeff.
“A gente queria jogar basquete, mas não tinha onde jogar, né? Tinha uma parte já capinada, que o pessoal fez para os meninos poderem jogar queimado. Não era reto, era tudo descida. O campo era todo esburacado”, relembra.
Com o campinho de basquete quase nivelado por Jeff e seus amigos, o próximo passo foi montar a estrutura. “Eu estava trabalhando de servente e eu vejo um suporte de antena, e eu olho assim e falo: nossa, isso aqui parece um suporte para jogar basquete. Aí eu peguei e trouxe para cá, fomos montando o nosso megazord de basquete, tem cada história muito louca.”
Jeff se emociona. “Me sinto realizado, porque, cara, é sério mesmo, às vezes a gente está jogando aqui, lembra como é que era aqui, como é que não tinha essa questão do basquete e tal, e hoje em dia a gente chega, pode jogar. Tem gente que tem quadra, lisinha, sem buraco, e não joga. Vem cá, vem fazer um crossover, com três buracos te atrapalhando. Aqui é o marcador, três buracos, o vento e o sol para te atrapalhar a fazer uma cesta. O cara que faz uma cesta aqui, ele venceu muitas barreiras, literalmente.”
Uma comunidade que respira basquete
A Escola Reunidas Monsenhor Marinho abraçou o sonho de Jeff. E que pôde, desta maneira, dar a oportunidade a outros garotos de realizarem seus sonhos. Entre eles estão Cauã e Foice, irmãos que viraram símbolos da transformação. A mãe deles, Esther, no começo resistiu. “Eu não queria deixar. Mas depois que conheci o Jeff, vi que o basquete era uma chance de tirar meus filhos da rua.”
Hoje, Cauã já foi convidado para disputar um campeonato estadual em Recife. “Essa é uma história original de uma família nordestina. O marido, trabalhador rural, corta cana. A mãe complementa a renda fazendo unha. E os filhos sonham em jogar basquete.”
“Uma das coisas que mais me faz ter orgulho é quando o basquete consegue transformar a vida de alguém. Pode parecer, ah, o Jefferson está falando besteira. Eu era um cara que sofria muito bullying na escola, ia para casa, ficava triste em casa”, reforçou sua história. “Daniel, se um dia você, sei lá, ver a minha história em algum lugar, eu quero agradecer muito a você, porque você me apresentou uma bola de basquete, que é meu mundo.”

Jeff Salve Guys se emociona ao lembrar de todo o processo para conseguir jogar basquete em Nazaré da Mata
Minha Terra Tem Basquete
Jeff olha para o passado e reflete. “Sabe qual é o sonho? Estar em casa, sem ninguém falar comigo, e do nada ouvir uma bola batendo lá fora, e não ser eu jogando. Hoje é o que acontece.”
O menino que um dia ficou de fora do jogo agora é o motivo de tanta gente entrar em quadra. O campinho de terra batida se tornou símbolo de superação e pertencimento.
“Hoje Minha Terra tem Basquete. A gente usou essa própria terra, plantou a semente do basquete e, se essa terra tem uma árvore, os frutos são os jovens que hoje em dia praticam esse esporte nela, então literalmente essa terra tem basquete, ela vive basquete, ela respira basquete”, afirmou Jeff.
E quando a bola quica no chão vermelho de Nazaré da Mata, o som é o mesmo que sai do peito de Jeff: um coração pulsando em ritmo de jogo.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete, com patrocínio máster das Loterias, Caixa Econômica, Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball, bola oficial Molten, marca oficial Kappa, e parcerias oficiais Cruzeiro do Sul Virtual, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
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