HOJE
Novo técnico de Franca
Por Liga Nacional de Basquete
Anunciado como novo comandante francano, Lula Ferreira fala com exclusividade sobre sua experiência na LNB e a expectativa da volta às quadras
O Vivo/Franca anunciou, nesta segunda-feira (05), o novo técnico para a temporada 2012/2013. É Lula Ferreira, técnico campeão do NBB 2009/2010 comandando o Brasília e que atualmente ocupava o cargo de gerente técnico da Liga Nacional de Basquete. Há quase dois anos longe das quadras, Lula substitui o antigo treinador Hélio Rubens, que no mês passado anunciou seu desligamento da equipe.
Em entrevista exclusiva, Lula Ferreira falou sobre as experiências adquiridas no período que trabalhou na LNB e comentou sobre a expectativa para o retorno às pranchetas dirigindo o time francano.
LNB: Como foi a experiência desses quase dois anos na Liga Nacional de Basquete?
Lula: Profissionalmente, eu tive a oportunidade de conviver com o outro lado da modalidade, fora da quadra. O lado da elaboração da competição, planejamento e de todos os aspectos que envolvem o jogo, não necessariamente só aquilo que vai para dentro da quadra. O relacionamento com outras entidades, o relacionamento com os clubes e continuei, claro, com o contato com os técnicos também. Mas esse lado foi muito gratificante, pude ver a modalidade da visão da organização.
LNB: Depois dessa passagem pela Liga, o que você leva de ensinamento para sua volta às quadras?
Lula: Acho que um grande ensinamento que a Liga já vinha mostrando é que as coisas não acontecem por acaso. Elas acontecem porque são planejadas, porque são pensadas e porque são trabalhadas. Então a experiência que eu tive na Liga foi a de trabalhar em uma entidade que é idônea, trabalhadora, exigente, criativa e tem um olhar de futuro muito bom. E isso é uma coisa muito boa de você levar para qualquer ambiente profissional.
LNB: Como foi participar da criação da Liga de Desenvolvimento? Você fica orgulhoso de ter participado desse projeto?
Lula: Foi um grande prazer. Eu não quero abandonar essa participação nunca. Esse foi um sonho que o presidente Kouros (Monadjemi) teve e colocou como uma meta da LNB e o departamento técnico, que eu gerenciei, tinha a obrigação de executar. E o Sérgio (Domenici, gerente executivo da LNB) deu todas as coordenadas, pois a Liga já tinha projetos aprovados pelo Ministério, então o projeto já tinha a espinha dorsal traçada. Minha função foi fazer as adaptações necessárias para a primeira edição. Foi uma experiência maravilhosa. Não só na elaboração, mas na convivência com os jogadores jovens, os técnicos e os dirigentes.
LNB: Como é a sua visão da LNB depois dessa sua experiência?
Lula: Eu fiquei impressionado com a capacidade de trabalho e realização de uma entidade que faz muitas ações e não tem um número de pessoas muito grande. Por tudo o que faz, poderia ter um número muito maior de pessoas. Mas são pessoas muito comprometidas. E isso dá as ações um caráter muito diferente, porque se você tem pessoas competentes e comprometidas o resultado é esse que a LNB apresenta.
LNB: Falando da sua ida ao Franca Basquete, como se deu o acerto com a equipe?
Lula: Quando a nova diretoria assumiu, com o presidente Marcos Calixto, eu fui procurado e fizeram o convite, porque eles tinham a ideia de que Franca precisaria fazer uma condução diferente do que vinha fazendo, com um plano de trabalho de renovação, de trabalhar com os jovens talentos que o clube revela e uma reformulação bastante acentuada. E por toda a tradição de Franca, por tudo que já fez, faz e fará pelo basquete, é um convite que honra qualquer técnico e qualquer profissional gostaria de recebê-lo.
LNB: Você o comandante da equipe do COC/Ribeirão Preto que no início dos anos 2000 era o principal rival de Franca. Com toda essa rivalidade, como você acha que será a recepção da torcida francana?
Lula: A torcida de Franca é uma torcida que tem algumas peculiaridades. Uma é que ela ama a cidade e o time. E então, independentemente de quem seja a pessoa, eles apoiam quem defende as cores de Franca. E eu nunca tive queixas. Durante todo esse período que eu estive no COC, eu sempre fui muito bem tratado em Franca. É claro que a gente tem que tirar o momento específico do jogo, porque naquele momento você representa a equipe adversária e naquele momento você é vaiado, você é hostilizado no âmbito esportivo. Mas eu não tenho medo da reação da torcida não, eu acho que ela vai continuar como sempre foi, fanática pelo time.
LNB: Qual o caminho que você quer trilhar nos próximos anos com o projeto de Franca?
Lula: A equipe de Franca, pela tradição que ela tem, pelo o que o basquete representa dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, não pode pensar pequeno nunca. Pode até passar por um processo de renovação, onde você vai dar chances a novos jogadores, é necessário um tempo de maturação para o rendimento da equipe. Mas a cobrança vem a partir do primeiro dia. E essa cobrança vai ser minha. Antes de a torcida cobrar, vou cobrar eu mesmo, porque quem trabalha em esporte de rendimento e aceita o desafio de ser técnico de Franca tem que ser o primeiro a cobrar e ter consciência de que será cobrado.
LNB: Você espera repetir os feitos dos tempos de COC, que foi uma equipe criada a partir da base e dominou o basquete brasileiro por alguns anos?
Lula: Seria maravilhoso. Mas o cenário histórico do basquete é diferente. Então acho que temos que olhar o basquete, hoje, como ele é, muito competitivo. O NBB 4 mostrou isso. As quatro equipes semifinalistas chegaram sem uma certeza de quem ia passar, quem ia ganhar de quem e onde ia ganhar. E outras equipes, que não entraram na semifinal, mas também são de qualidade, trouxeram ao basquete brasileiro um equilíbrio muito grande. Então há um cenário altamente competitivo. Claro que o sonho e o objetivo é a disputa de títulos, estar entre os melhores, mas tenho certeza que teremos que derramar muito suor até chegar lá.
LNB: A sua ideia é utilizar mais os jogadores na base e tentar fazer a mesma que você conseguiu nos tempos de COC?
Lula: Sem dúvida. Franca tem vários bons jogadores jovens, vários deles convocados para seleções brasileira de base. Obviamente que integrando o trabalho você vai criar para esses jogadores um caminho mais rápido para que eles atinjam essa maturidade e possam suportar o peso de uma camisa tradicional como a de Franca, com a qualidade que eles tem, mas com a responsabilidade que a tradição merece.
LNB: Para finalizar, como está a expectativa para a volta às pranchetas? Bate muita ansiedade?
Lula: Agora que terminou o NBB, é claro que o foco passa a ser outro. Eu estive focado na organização da competição e durante esse período não perdi o foco. Agora que acabou, realmente vou lutar para que a ansiedade não atrapalhe, ao contrário, que ela ajude e seja estimuladora para as muitas ações que serão necessárias para a gente construir o projeto do jeito que ele precisa e merece ser.