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O FURACÃO MOTTA, DENTRO E FORA DE QUADRA

18-07-2023 | 11:28
Por Felipe Motta e Caio Hirai

O ala do Fortaleza Basquete Cearense, Felipe Motta falou sobre sua história no basquete, a disputa da LDB 2023 e a força que vem ganhando com seus conteúdos nas mídias sociais

“Meu pai era jogador de basquete e minha mãe era jogadora de vôlei, então eles já conheciam esse mundo e me apoiaram, tanto é que quando eu tinha 13 anos, eles não tiveram medo de me mandar pra Roma para morar sozinho e ser jogador. Com 16 anos, eles também quiseram que eu fosse pra Austrália, jogar na NBA Academy com a melhor estrutura para que eu pudesse me tornar profissional. Também fui para os Estados Unidos e comecei a faculdade na Universidade de Denver, mas estava infeliz e meu pai foi a primeira pessoa a falar: ‘Felipe, se você não está feliz, se acha que aí não é o seu lugar, deixa pra lá! Você pode estudar depois, foca em virar jogador profissional, faz aquilo que vai te deixar feliz! Qualquer decisão que você tomar, a gente vai te apoiar!’, foi aí que eu decidi que viria jogar no Brasil”, afirmou Motta. 

 A ideia de se tornar um jogador profissional de basquete sempre esteve presente na vida de Felipe Motta. O ala do Fortaleza Basquete Cearense vem se firmando como um prospecto no cenário nacional e o torcedor que está acompanhando a LDB 2023 já sabe disso! Aos 20 anos, o jogador vem desenvolvendo cada vez mais pontos importantes do seu jogo e já conquistou alguns minutos preciosos na última edição do NBB. O fato é que os impactos desse jovem atleta no basquete brasileiro vão além do que acontece dentro da quadra. Nos últimos meses, Felipe se tornou um verdadeiro fenômeno das redes sociais, movimentando milhões de pessoas com seus conteúdos no Tik Tok e Instagram. 

“Há uns seis meses atrás, eu comecei a postar mais no Tik Tok, era um período em que eu não estava jogando por conta de lesão, aí comecei a postar pra distrair minha cabeça, sabe? E bombou, eu cresci muito rápido! De janeiro pra cá eu ganhei mais de 250 mil seguidores no Instagram e, no Tik Tok, tenho mais de 1 milhão e 300 mil no total. A galera começou a me conhecer mais, eu ia pro ginásio e, mesmo sem jogar, depois do jogo tinham várias pessoas querendo tirar foto comigo, eu não tinha colocado o pé na quadra! Foi algo que me deu uma confiança a mais, é muito prazeroso e até assustador, porque é incrível o poder da internet hoje em dia. Isso me ajudou até um certo ponto, porque dentro da quadra sou eu que vou ter que jogar e resolver, mas a nível de confiança, é legal. Às vezes é até uma pressão a mais porque, pra uma galera, eu vou ser o cara que posta nas redes sociais, que se preocupa mais em fazer vídeo do que em jogar, e assim, eu não me incomodo com isso, já sei como ignorar essas pessoas na minha cabeça. É o esporte, né?”, declarou o atleta de 20 anos.

 

 

 Apesar do sucesso recente, Felipe Motta sempre esteve envolvido com o mundo dos esportes e teve grandes influências desde a sua infância que o ajudaram a consolidar o sonho de se tornar um jogador profissional. Nascido na Itália, sua família brasileira sempre fez com que o basquete estivesse lado a lado do garoto, proporcionando tudo o que uma criança precisa para se desenvolver no esporte. 

“Eu nasci na Sicilia, uma ilha na Itália, cresci em uma região chamada Puglia e me mudei bastante desde pequeno porque meu pai era jogador de basquete. Ele foi minha inspiração e o motivo pelo qual comecei a jogar. Desde pequeno eu seguia ele nos treinos e jogos, ia bater bola e tal, gostava de acompanhar o esporte. Chorava quando ele perdia, ficava feliz quando ele ganhava, então meu pai foi minha maior influência, mas meu avô também! Meu avô, Paulo César, foi uma referência para o basquete brasileiro, jogou em grandes times e fpo técnico de seleção universitária. Comecei a jogar em uma escolinha que meu pai criou quando parou de jogar basquete, isso foi na Itália e ele foi o meu técnico desde o começo. Com uns oito anos de idade, eu já treinava todos os dias com os garotos da minha idade até o sub-15”, disse Mota. 

 O envolvimento com o basquete foi ainda mais além e, quando ainda era apenas uma criança, teve a oportunidade de jogar em outra cidade, sem a presença de seus pais. Um momento marcante na infância e na vida do jogador.

“Eu morei com meus pais até os 13 anos, até que eu fui chamado pro melhor time de basquete juvenil da Itália, era em Roma, 600 km da minha casa. Então eu já fui morar sozinho, treinar todos os dias, jogar campeonatos de base de alto nível, me preparando para um dia ser um jogador profissional, esse foi o meu objetivo desde essa idade. A minha vida sempre foi voltada ao basquete, desde os 13/14 anos eu já sabia que era aquilo. Eu não consigo lembrar de uma época da minha vida onde eu não jogasse basquete. Eu nasci e uma das primeiras fotos que meus pais tiraram foi com uma bola de basquete na mão. Eu tinha uma cestinha e, com dois anos, quebrei ela e tive que levar pontos no queixo porque a cesta bateu na minha cara, sabe? (risos)”, afirmou o jogador do Fortaleza.

 Apesar de crescer longe do Brasil, seus pais sempre mantiveram viva a influência do basquete nacional na vida do ala e, por isso, Felipe sempre nutriu o carinho pelo solo brasileiro, os  jogadores e a história no esporte da bola laranja. Mesmo passando por diferentes lugares, o atleta sempre quis conservar sua cidadania brasileira ao longo de sua carreira, por muita influência da sua família. A decisão trouxe frutos ainda durante a sua adolescência. 

Felipe Motta na Seleção brasileira sub-14

“Minha primeira interação com o basquete nacional foi quando eu fui chamado pra fazer parte da Seleção brasileira sub-14, sub-15 e sub-16. Há um ano e meio atrás, eu cheguei no NBB, para o Fortaleza Basquete Cearense. O Bial e a comissão técnica do Fortaleza me deram uma oportunidade e eu achei que seria uma grande chance de crescimento como atleta e como pessoa também. Aqui no Brasil eu acho que o basquete é muito bom! O brasileiro às vezes não reconhece muito isso. Ele olha pra NBA e diz que é outro nível, mas não sabem que o Flamengo e o São Paulo destruíram os times da G-League na FIBA Americas. Acho que esse é um reconhecimento que o NBB precisa mais, a partir do momento em que a galera for para os jogos e assistir pessoalmente, vão se apaixonar cada vez mais e ver todo o trabalho que tem por trás disso tudo. Ter uma equipe e sustentar ela nesse nível não é fácil no Brasil. Ter uma liga tão bem organizada também é algo difícil e, à medida que o brasileiro for vendo isso, o basquete vai estourar ainda mais!

Gostava muito do Marquinhos e do Huertas quando via a Seleção jogar! Nas Olimpíadas, eu adorava o floater do Huertas, tanto que até hoje é uma técnica que eu uso muito e uma das primeiras pessoas que vi fazer desse jeito foi ele! Meu maior sonho seria jogar pelo Brasil nas Olimpíadas, conseguir uma medalha seria incrível!”, afirmou o ala. 

 A evolução dentro de quadra para Felipe Motta fica cada vez mais evidente e a Liga de Desenvolvimento de Basquete está sendo primordial para que o ala alcance sua melhor versão como atleta profissional. Em cinco jogos disputados pelo Fortaleza Basquete Cearense, Motta tem médias de 17.4 pontos por jogo, além de 7 rebotes e três assistências na competição. Os bons números são importantes para que a evolução siga para o NBB também, e Felipe sabe disso!

“A LDB é uma liga forte com alguns jogadores que têm experiência no NBB e podem ganhar ainda mais reconhecimento para equipes profissionais terem esse interesse em trazer o jogador e desenvolver ele no time adulto. É um modelo que dá certo, são 24 times do Brasil inteiro, mais de 300 atletas jovens que podem usar essa competição para elevar o seu jogo. Eu mesmo estou fazendo isso! Não tive uma ótima temporada no NBB, longe disso, foi uma boa temporada, mas agora estou ganhando confiança na LDB, jogando com os garotos da minha idade, fazendo arremessos que eu não fazia com o adulto. Acredito que depois de uma temporada de LDB, o meu nível vai continuar subindo!”

Felipe Motta defendendo o Fortaleza Basquete Cearense, no NBB 15

“A nível de basquete, ainda tenho muito o que aprender, tem gente aqui no Brasil que tá muito na minha frente, mas estou feliz porque, do meu jeito, posso contribuir um pouco para o crescimento do basquete brasileiro. Recebo mensagens todos os dias de garotos de 10 anos, 12 anos que falam que começaram a jogar basquete por minha causa, sabe? Isso me deixa muito feliz e eu uso de motivação para continuar com o que estou fazendo, mesmo sendo ainda tão novo no basquete nacional. Eu não via ninguém fazer isso a nível profissional”, disse Felipe. 

A evolução e amadurecimento dentro de quadra no NBB ajudam Felipe a enxergar melhor suas qualidades e dificuldades na competição sub-22 e o ala já consegue entender as principais diferenças da LDB para a elite do basquete nacional.

“Acho que a defesa e a parte física são os maiores pontos que tenho que evoluir no adulto, a leitura de jogo que os caras do NBB tem também é muito alta, sabe? Eles conseguem reconhecer situações no meio do jogo e já encontram alternativas e soluções, coisa que na LDB já não acontece tanto, ainda mais em times que não tem nenhum jogador que atue no NBB”, garantiu o ala do Fortaleza Basquete Cearense.

“O Felipe Motta tá vivendo um momento de transição que é realmente de muita evolução! Ele passou por altos e baixos no último ano, mas o treinamento e as propostas de trabalho na LDB em si, tem feito com que ele tivesse essa evolução enorme. Ele vem sendo um líder pro time e, com isso, está trazendo com ele uma legião de garotos, todos cearenses e com um potencial muito grande! Então ele está sendo um agregador muito grande, o que é muito bom, porque estamos aqui para ajudar as pessoas e o Felipe está ajudando muito! Ele está com um bom plano de trabalho no âmbito físico e também evoluiu muito na parte técnica, tática e mental do jogo. O momento do Felipe é ótimo e estou muito satisfeito com a sua evolução, é um momento de subida pra ele, está crescendo muito! Ele com certeza se tornará um jogador competitivo e profissional, vai longe”, declarou Alberto Bial, treinador do Fortaleza na LDB, além de membro do conselho nato da LNB.

 O impacto de Felipe Motta fora de quadra já é extremamente sólido e o atleta tem a noção de como essa influência pode afetar positivamente o basquete brasileiro. São inúmeros jovens que acompanham o conteúdo do atleta e se envolvem cada vez mais com o esporte fazendo com que o ala do Fortaleza tenha a determinação para seguir apoiando e promovendo o basquete nacional, dentro e fora de quadra. Um exemplo dessa força de abrangência foi o X1 realizado, em abril de 202,  entre ele e outro jovem influencer do mundo do basquete, Matheus Mazzola. O encontro movimentou centenas de seguidores na cidade de Fortaleza (CE) que prestigiaram a vitória do jogador do Basquete Cearense. 

“Dois dias antes a gente divulgou nas nossas redes sociais que ia acontecer e tipo, apareceram mais de 500 pessoas em uma pracinha de Fortaleza. A galera que estava lá gravou o nosso jogo e as postagens tinham milhares de visualizações, as pessoas ficaram tão interessadas que só pesquisavam sobre isso na internet. No final, juntando todas as impressões de todo mundo, esse encontro teve mais de 50 milhões de visualizações! Isso é absurdo, realmente muita coisa!

Essa coisa das redes sociais é realmente muito nova pra todo mundo e pros meus pais também! Foi algo que aconteceu do nada e pegou todo mundo de surpresa, mas eles me apoiam também e estão vendo tudo isso! Claro que eles moram na Itália, então ainda não tiveram a chance de ver como as coisas estão aqui no Brasil, tipo a ideia de ir no shopping comigo e alguém vir querer tirar foto a cada cinco minutos, eles não sabem muito bem como é isso ainda”, disse o jogador. 

 

@felipeemotta Felipe Motta contra Matheus Mazzola…#basquete #TikTokEsportes ♬ love nwantinti (ah ah ah) – CKay

 

 O basquete vem ganhando proporções cada vez maiores no Brasil e, não só pela qualidade do jogo que melhora, mas também por figuras de influência como a de Felipe Motta. O impacto do atleta no público mais jovem é importantíssimo para que as crianças se interessem pela prática do basquete, e a longo prazo, traga novos talentos para o esporte nacional. Em paralelo a isso, Felipe vem em uma crescente dentro de quadra e evolui cada vez mais o seu jogo, o que faz do ala do Fortaleza Basquete Cearense um grande prospecto do basquete brasileiro. 

“Eu acho que essas experiências que eu vivi, são um privilégio. Um garoto com a minha idade, 20 anos, já ter vivido em quatro lugares diferentes, já ter conhecido culturas tão diferentes, provado comidas, ido para lugares. É muito difícil pra mim separar o basquete disso porque foi ele que me proporcionou tudo isso. Se o Brasil conseguisse desenvolver o tanto de atleta que tem, se tornaria uma das maiores potências do mundo. E quando eu cheguei aqui e comecei a ver a galera jogando, eu pensei: ‘Cara, o Brasil realmente podia estar lá em cima!’, então agora, com as redes sociais e o impacto que eu tenho, se tornou ainda mais um objetivo de tentar fazer o basquete crescer aqui! Eu acho que seria bom para todos!”, finalizou o Felipe Motta.