HOJE
O alicerce do Nosso Basquete
Por Guilherme Tadeu via collab com a LNB
Comandantes da LDB analisam oportunidades para desenvolvimento na principal competição de base do país
Pranchetas rabiscadas, instruções em alto e bom som, um aplauso de incentivo ou mesmo aquela palavra mais dura. Ora mais calmos, outras vezes explosivos, os técnicos da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) são personagens fundamentais do basquete de base brasileiro e deixaram sua marca em Mogi das Cruzes, São Paulo, Caxias do Sul e Brasília, cidades que foram palco da primeira etapa da competição que se encerrou na semana passada.
Mais do que uma vitrine para os melhores jogadores que pensam na transição do basquete de base para o profissional, a LDB tem se tornado também um importante lugar para os treinadores medirem seus conhecimentos, aprimorarem suas percepções de jogo e evoluírem como comandantes.
Renan Custódio, técnico do Corinthians, um dos melhores times da primeira fase (4-1), disputa sua primeira LDB completa. Chegando de Campinas apenas para a fase final do ano passado, quando terminou em terceiro lugar, teve a oportunidade de começar desde o princípio essa temporada:
“Pro momento que estou vivendo, tem sido de muito valor. Estou tentando dar um passo de cada vez na trajetória e tentando seguir nessa carreira de técnico profissional. Acho que a LDB faz grande parte dessa formação para os técnicos, assim como funciona para os atletas. Para nós, o nível da competição é muito alto, o nível de preparação de cada jogo é muito alto e a gente acaba trabalhando com bastante detalhe em busca de sucesso no campeonato”.
Outro comandante da nova geração que também está em ótimo momento na tabela é Bruno Porto, comandante do invicto Paulistano. Assim como Renan, o técnico celebrou a oportunidade que a competição dá para treinadores em desenvolvimento:
“A cada jogo é uma oportunidade de você evoluir como treinador, pois ali estão os melhores jogadores e treinadores da categoria, então você está a todo momento sendo exigido no seu máximo. Minha primeira LDB foi em 2015, onde eu era assistente e tive a oportunidade de participar de uma final e depois de oito anos poder participar de um campeonato cada vez mais consolidado é muito gratificante”.
Nem só os técnicos da nova geração do basquete brasileiro, porém, tratam a LDB como uma grande oportunidade profissional. Daniel Wattfy, técnico do Praia Clube de Uberlândia (4-1 na primeira fase) que tem vasta experiência como técnico adulto, também se empolga ao falar da liga:
“É uma competição muito importante e legal de se jogar. Já tive a felicidade de ser campeão [Sesi Franca, 2016]. A considero o alicerce do nosso basquete. O projeto do Praia Clube tem como prioridade essa competição, então desde minha chegada ao clube em novembro de 2021, tenho trabalhado com toda a minha dedicação na formação e na estruturação dessa equipe”.
Entre a competitividade e a formação
Um ponto que muitas vezes pode passar despercebido para os olhares destreinados, mas que certamente é pauta nos melhores ambientes de formação do basquete do mundo, é a constante dualidade que se apresenta entre a competitividade que um campeonato de base exige e o caráter formador que o ato de comandar jovens frequentemente se impõe. Competição que abre espaço para jovens até 22 anos, a LDB é uma vitrine para os personagens do basquete nacional que aspiram o mundo NBB. Os técnicos, em meio aos desafios próprios da carreira e da trajetória profissional e a ambição pela vitória em cada jogo, ainda trazem com eles a responsabilidade de lidar com o aspecto humano formativo que o cargo demanda.
Sobre isso, Carlos Gustavo Cantarelli, o Gaúcho, técnico do União Corinthians de Santa Cruz do Sul, analisou:
“Eu gosto muito dessa responsabilidade, pois tanto para os atletas, quanto para técnicos e árbitros o aprendizado é constante. Não para. Estamos sempre nos desenvolvendo. No caso da LDB estamos construindo juntos, todos nós, as próximas gerações de atletas, técnicos e árbitros do basquete nacional, e isso, na minha concepção, deve ser motivo de muito orgulho de todos nós. Porque todos somos importantes. E quando digo todos, são todos, sem exceções”.
O técnico do São José (outra equipe que terminou com 4-1 na primeira etapa), Cristiano Ahmed foi outro que analisou a dinâmica entre formação e competitividade que pauta não só a equipe da LDB, mas todo o projeto de São José:
“Em São José, o programa chama “Atleta Cidadão”. Desde as categorias menores, sub10, 11, 12, a gente já pensa em formar além do atleta, o profissional, o cidadão. Então acho que são coisas que têm que andar juntos. Ao mesmo tempo que você ensina basquete, você ensina as coisas da vida. Então tem que ser um processo em conjunto: trabalhar o basquete, com o máximo de informações e opções de leituras de jogo que eles vão precisar e ao mesmo tempo cobrando caráter, responsabilidade, comprometimento e confiança”.
DNA de formador
A LDB é uma competição que tem como objetivo fomentar o basquete de base no Brasil e revelar novos talentos para o esporte. Ao longo de sua história, já revelou diversos jogadores que se destacaram no cenário nacional e internacional do basquete, como Bruno Caboclo, Lucas Dias, Cristiano Felício, Yago Mateus, Georginho de Paula, entre outros.
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), com apoio da Penalty e Genius Sports.