#JOGAJUNTO

Prancheta do Gustavinho

O PODER DA TORCIDA

30-11-2023 | 04:15
Por Gustavinho Lima

Somente três equipes estão invictas jogando em casa no NBB CAIXA 2023/24

Alguns especialistas têm o hábito de analisar os resultados somente através dos números, mas aos entendidos escapa por vezes que o basquete transcende as pranchetas. As estatísticas são fundamentais para o bom entendimento das performances, no entanto, há de se levar em conta o impacto profundo do imponderável.

Lesões, para citar o exemplo mais óbvio, interferem diretamente no planejamento de uma equipe (batendo três vezes na madeira aqui!). E, sim, dá para se atenuar as lesões com treinamentos preventivos, ou antecipar uma eventual perda com a contratação de mais um jogador por posição. Mas, efetivamente, contusões são praticamente incontroláveis, por melhor que seja a organização e o planejamento.

Outro fator de valor imensurável no esporte, que vive decidindo jogos, é o poder da torcida. No basquete, por se tratar de um esporte de precisão, os gritos e vibrações vindas das arquibancadas podem alterar ainda mais o desempenho e as tomadas de decisão dos jogadores dentro de quadra.

O equilíbrio emocional é fundamental e há formas de treinar essas situações de pressão durante as rotinas diárias. Mas, de fato, é impossível reproduzir o aficionado pendurado na grade atrás da cesta gritando a plenos pulmões na hora de um lance livre.

O torcedor apaixonado pode se tornar o sexto homem, sendo a dose de combustível extra para uma equipe. Por outro lado, o silêncio na torcida do time da casa pode causar tamanha ansiedade e constrangimento que por vezes é mais determinante do que uma boa defesa.

Muitos ginásios de basquete no NBB CAIXA são temidos por seus rivais. A presença do fã que grita e impulsiona o time de coração pode, sim, fazer a diferença.

Na temporada 2023/24 do NBB CAIXA, algumas equipes têm esse ingrediente extra na receita do sucesso. Mas somente três delas ainda não sabem o que é perder dentro de seus domínios: Bauru, Unifacisa e Fortaleza.

Dragão

Casa do Bauru, o Ginásio Panela de Pressão faz jus ao nome. Em seus domínios, a equipe do técnico Paulo Jaú venceu as seis partidas que fez, sofrendo apenas 67,8 pontos em média. É um grande contraste em relação à produção da equipe como visitante: seis derrotas em seis jogos, com média de 85,5 pontos sofridos.

Bauru ainda precisa encontrar o equilíbrio. No entanto, quem vem atuando bem tanto dentro quanto fora de casa é o pivô Anderson Rodrigues. O gigante de 2,07m valorizou o rendimento da equipe no Panela de Pressão.

Anderson Rodrigues em ação pelo Bauru (FOTO: Andrews Clayton/Bauru)

“Jogar em Bauru é diferente. A atmosfera do Panela de Pressão muda a história de uma partida. Isso tem sido muito importante para nós nesse NBB”, analisou.
Rodrigues é muito ágil e sempre esbanjou atleticismo. No entanto, a cada dia ele mostra evolução nas leituras de jogo e no repertório ofensivo. Somando 13,5 pontos e 7,4 rebotes por partida – as melhores médias da carreira -, o pivô vem ganhando cada vez mais protagonismo na experiente equipe de Bauru.

“Essa temporada tem sido de muitos aprendizados. Puxar o time na pontuação é uma função nova para mim. Isso é ótimo, mas também é um desafio e uma responsabilidade muito grande, ainda mais em uma equipe tradicional, que tem ídolos como Larry e Alex dentro de quadra. A torcida também ajuda nesse sentido”, completou.

Jack

Outra equipe que vem defendendo bem o seu mando de quadra é a Unifacisa. O basquete caiu definitivamente nas graças do torcedor de Campina Grande, que faz festa e costuma lotar a Arena Unifacisa, uma das quadras mais difíceis de se jogar contra no país.

Superando os importantes desfalques de Gerson (ligamento do joelho) e Antônio (entorse de tornozelo), a equipe dirigida por César Guidetti se mantém invicta em casa. Em seu ginásio quente e muito barulhento, a Unifacisa já venceu três adversários diretos na briga pelos playoffs: Bauru, Pinheiros e Corinthians. Nos jogos como visitante, o Jack ostenta aproveitamento muito inferior: duas vitórias e quatro derrotas.

Em sua primeira temporada defendendo as cores do Jack, o ala-pivô Rafael Rachel trouxe um olhar sobre o peso da Arena Unifacisa.

“A gente teve a baixa de alguns jogadores (Gerson e Antônio). Sem dúvida a torcida apoiando e incentivando o time tem um peso muito grande, ainda mais na Arena Unifacisa, onde os torcedores são bem fanáticos e ficam bem perto da quadra”, afirmou.

Rachel é um dos destaques da Unifacisa (FOTO: Gabriella Tayane/Unifacisa)

A nova casa vem fazendo bem a Rachel, que registra as melhores estatísticas da carreira, com 10 pontos e 5,9 rebotes de média. Ele também é o terceiro em tocos do NBB CAIXA, com média de 1 por jogo. O ala-pivô acredita que o ambiente da equipe está contribuindo para essa evolução.

“Estou feliz de vestir a camisa do Jack. Estou com bons números, mas ainda tenho muito a evoluir. Sou jovem, acredito que estou no caminho certo e tento buscar meu espaço a cada dia, treinando bastante e tentando aproveitar as oportunidades”, concluiu.

Carcalaion

Com a maior média de público do NBB CAIXA 2023/24 e o melhor início da sua história na competição, o Fortaleza Basquete Cearense vem jogando um basquete encantador. Em nove jogos, o Carcalaion só tem uma derrota, que aconteceu justamente fora de casa. Impulsionado pelo fanático torcedor no ginásio do Centro de Formação Olímpica (CFO), o Tricolor segue imbatível com quatro resultados positivos.

A química entre a equipe do treinador Flávio Espiga e a torcida se deve pela boa mescla entre disciplina tática e disposição dos jogadores dentro de quadra. Com um elenco homogêneo, o Fortaleza BC vem demonstrando um basquete coletivo muito bem jogado, que contagia o ginásio. A prova disso é a média de 2,2 mil torcedores por partida.

Natural da Bahia, o ala-pivô Felipe Queiros, que vive excelente temporada, se sente agraciado pela energia do torcedor nordestino.

“Estou me sentindo em casa. Ser nordestino e poder jogar em casa não tem palavras, o clima e a energia de Fortaleza é surreal!”, celebrou o jogador.

Queiros está com 51% de aproveitamento de 3 pontos (FOTO: Matheus Amorim/Fortaleza)

O calor das arquibancadas entra dentro de quadra, elevando ainda mais o nível do basquete jogado pelo time. E Queiros é exemplo disso. O ala-pivô vem em uma evolução absurda e registra os melhores números da carreira. No NBB CAIXA 2023/24, ele tem 9,7 pontos e 3,6 rebotes em média, além de ser um dos líderes de bolas de três pontos, com 18 convertidas e 51% de aproveitamento. O jogador atribui parte desse rendimento à torcida.

“Todo jogo é de extrema importância para nós. Estamos trabalhando duro, todos jogadores e comissão técnica estão comprometidos, o que aumenta a nossa confiança para representarmos da melhor maneira o nosso time. Jogar em casa diante da nossa torcida, que vibra a cada cesta, a cada defesa, tem tirado de nós uma energia inexplicável. A vontade de vencer aumenta para poder agradecer essa força vinda das arquibancadas”, afirmou.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA .