HOJE
O troféu dorecomeço
Por Douglas Carraretto
Ele já fez cesta na NBA e agora é MVP da Liga Ouro: conheça a história de Patrick Carioca, um símbolo do recomeço
Nada como um dia após o outro. Aos 25 anos, Patrick Luis de Ana Vieira, o “Carioca”, viveu um momento de recomeço na carreira, mesmo ainda jovem. Após várias tentativas de se firmar no mercado do NBB CAIXA e até fazer pontos contra time da NBA, o armador decidiu dar um novo “start” na carreira ao disputar a Liga Ouro 2019 pelo Cerrado Basquete. O resultado final? O troféu de MVP (Jogador Mais Valioso) da Fase de Classificação da competição.
Para conquistar o prêmio, Carioca foi para lá de dominante e, com tamanha consistência, fechou a fase de classificação da Liga Ouro 2019 como líder em pontos (23,4 por jogo), assistências (4,34 por jogo) e eficiência (21,29 por jogo).
“Estou com uma sensação de dever cumprido. Há um ano eu estava só treinando, sem ter certeza de nada, sem time, fora do mercado mesmo com alguns números bons nas minhas últimas equipes. Diante disso, busquei um time que acreditasse no meu jogo e me desse espaço, sem restringir minhas características, para eu conseguir mostrar o que sei. Eu sabia que tinha que mostrar consistência nessa Liga Ouro, treinei muito para isso, e fiquei muito feliz por ter levado esse troféu”, declarou o jogador.
Apesar de ter apenas 25 anos, Carioca defendeu diversos clubes ao longo de sua carreira. Só no NBB CAIXA, ele atuou por Uberlândia (MG), Sendi/Bauru (SP), onde foi campeão da Liga Sul-Americana 2014 e da Liga das Américas 2015, além de Minas Tênis Clube (MG), Caxias do Sul Basquete (RS) e Mogi das Cruzes/Helbor (SP), onde foi vice-campeão da Liga das Américas e do NBB CAIXA.
No meio dessa trajetória, o armador jogou a Liga Ouro 2014 pelo Sport Club do Recife (PE), a Liga de Desenvolvimento (Sub-22) 2016 pelo Ginástico (MG) e o Campeonato Paulista 2016 pela Liga Sorocabana (SP), onde foi o cestinha do torneio, com 19,9 pontos por jogo.
Mas foi na passagem pelo Bauru que o jogador viveu um dos momentos mais marcantes de sua vida. Em 2015, ele participou da turnê do time bauruense aos Estados Unidos para dois amistosos de pré-temporada da NBA, contra New York Knicks, no mítico Madison Square Garden, e Washington Wizards, no Verizon Center.
Contra os Knicks, foram apenas 59 segundos em quadra e nenhum ponto, mas pelo menos rolou uma tietada no astro Carmelo Anthony. E foi contra os Wizards, do pivô brasileiro Nenê Hilário (hoje do Houston Rockets), que Carioca guardou seus pontinhos nas quadras do melhor basquete do mundo. Em sete minutos em ação, foram quatro pontos (uma cesta de quadra e dois lances livres) e três assistências.
+Estatísticas de Washington Wizards x Bauru Basket
“Foi uma experiência única. Ver toda a estrutura, treinar em ginásios onde várias lendas já jogaram, foi muito marcante. Tive a sorte de, nos dois jogos, ficar frente a frente com as duas grandes estrelas dos dois times, o Carmelo Anthony (Knicks) e o John Wall (Wizards). Tudo foi muito especial e me sinto um privilegiado por ter vivido isso”, contou Carioca.
Sobre o duelo contra os Wizards, Carioca relembrou o duelo particular contra um atleta que hoje é armador titular de uma equipe da NBA.
“Antes do jogo contra os Wizards eu estava chateado por não ter jogado muito no Madison Square Garden (New York), mas entrei e curiosamente ataquei e defendi um armador que hoje é titular do Detroit Pistons, o Ish Smith. Fiquei muito feliz, pois consegui fazer meu jogo em um nível como o da NBA e isso me motivou a seguir sonhando em um dia chegar lá”, falou o atleta.
Voltando ao território brasileiro, Carioca teve seu principal momento individual no NBB CAIXA na edição 2016/2017, pelo Caxias do Sul Basquete, em que somou média de 10,3 pontos em 19,2 minutos na melhor temporada da história do clube caxiense na elite do basquete nacional – 5º colocado na fase de classificação.
+Estatísticas completas da carreira de Carioca no NBB CAIXA e na Liga Ouro
No entanto, nas demais oportunidades em outros clubes, as médias de minutos do atleta foram baixas – não foram maiores do que 10,5 minutos – e, consequentemente, a produção em quadra também acabou sendo abaixo do desejado – médias menores que 3,0 pontos por jogo.
Mas agora, tudo isso é página virada. Com troféu de MVP da Liga Ouro nas mãos, ele exaltou o recomeço em sua carreira.
“Esse prêmio de MVP significa um recomeço para mim. Busquei isso porque só assim vão ver o que posso fazer. Me sinto revigorado, em uma crescente muito boa. Sempre soube do meu potencial e o que eu poderia fazer dentro de quadra. Quando a dedicação e trabalho duro encontram a oportunidade, o resultado é sempre satisfatório”, disse Carioca.
O apelido não deixa mentir: Patrick Carioca é nascido no Rio de Janeiro (RJ) e viveu por lá até os 14 anos, quando se mudou para Uberlândia (MG) com o pai para morar com a avó. A cidade mineira, que possui uma forte raiz basqueteira, influenciou o garoto, que começou a ser treinado pelo pai, ex-jogador de futebol.
“Meu pai é formado em educação física e começou a me dar treinos de basquete, mesmo sem gostar muito, pois ele foi jogador profissional de futebol. Com o passar do tempo ele foi vendo que eu tinha facilidade em aprender as coisas e intensificou os treinamentos. Assim fui evoluindo e cheguei ao NBB”, contou Carioca.
“Um ano e meio depois de começar a jogar basquete eu já tinha chegado ao profissional. Comecei a jogar com 14 para 15 anos e com 16 já fechei meu primeiro contrato profissional no Uberlândia. Isso me motivou demais e me fez ver que, quanto mais você treina, maiores são as chances de as coisas acontecerem para você”, completou.
Mesmo com o grande desempenho individual, Carioca não conseguiu evitar a eliminação do Cerrado Basquete para Unifacisa nas quartas de final da Liga Ouro 2019 (2 a 0). Suas médias totais na competição foram de 22,8 pontos, 6,6 rebotes, 4,3 assistências, 2,1 roubos de bola e 19,8 de eficiência. Nada mal, hein?
+Rankings de destaques individuais da Liga Ouro 2019
E agora, quais serão os próximos da carreira do MVP da Liga Ouro 2019? O sonho de obter um papel de destaque no NBB CAIXA segue mais vivo do que nunca.
“Sou um cara ambicioso, tenho metas grandes no basquete. Traço meus objetivos e trabalho duro para alcança-los. Sei do meu potencial, sei aonde quero chegar e o que tenho que fazer. Mas é um passo de cada vez. Para o presente, meu objetivo é dar sequência ao meu trabalho para ter a chance de fazer no NBB o que fiz nessa Liga Ouro”, finalizou Carioca.