Oportunidade de ouro

Deryk, Léo e Gemerson conviveram dez dias com os principais jogadores do basquete brasileiro (Arte/LNB)

O início da preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da Espanha contou com três caras menos conhecidas. Desde a apresentação do selecionado verde-amarelo, no dia 21/07, até a última terça-feira, três nomes da nova geração do basquete nacional tiveram a oportunidade de treinar e conviver com os principais jogadores do país.

Convidados para os treinos da Seleção principal pelo técnico Rubén Magnano, o armador Deryk, do Winner/Kabum/Limeira, o ala Gemerson, do Paulistano/Unimed, e o pivô Léo Waszkiewicz, que recentemente se transferiu do Unitri/Uberlândia para o Franca Basquete, estiveram concentrados com a Seleção na cidade de São Paulo e passaram por um grande período de aprendizado.

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Deryk foi o mais novo entre os três convidados por Magano (Gaspar Nobrega/Inovafoto)

“Eu já conhecia eles anteriormente. Agradeço eles por aceitarem o convite. Eles estiveram por dez dias perto de alguns de seus ídolos, escutaram muita coisa e viram como os jogadores que estão aqui chegaram onde estão. Posso dizer que eles ficaram dez dias em uma ‘universidade de basquete’. Poucos garotos nessa idade têm a chance de poder treinar e aprender com jogadores como Nenê, Leandrinho, Varejão e Splitter, só para citar alguns”, afirmou Magnano.

Com trajetórias distintas, os três garotos receberam a “oportunidade de ouro” de poder treinar ao lado da Seleção principal em bons momentos de suas carreiras. Caçula do trio, Deryk, de 20 anos, esteve pela quarta vez com o elenco limeirense na disputa do NBB. Mas foi nesta temporada que o armador recebeu mais chances e obteve a maior média de minutos em sua carreira na maior competição de basquete do país (13,1 por jogo).

“Eu sempre fui muito confiante e trabalhei muito duro. Poder participar da preparação da Seleção Brasileira só me ajuda mais ainda. Eu realizei um dos sonhos que eu tinha que era estar em uma Seleção. Agora vou atrás dos meus próximos objetivos e essa minha participação nos treinos só vai me dar mais motivação ainda para eu seguir em frente”, afirmou o garoto, que acumula diversas passagens por Seleções Brasileiras de base.

Nascido na cidade de Lençóis, no Estado da Bahia, Gemerson, de 21 anos, esteve pela segunda temporada consecutiva no plantel do Paulistano. Parte efetiva na rotação do técnico Gustavo De Conti durante todo o NBB 2013/2014, o ex-ajudante de pedreiro (clique aqui e conheça mais sobre a história do jovem jogador) teve boa participação na campanha que levou a equipe ao vice-campeonato nacional.

“Foi uma temporada muito especial para mim. O Gustavo (De Conti) me deu a oportunidade no Paulistano e, aos poucos, fui ganhando meu espaço dentro da rotação. Agora, tive a oportunidade de conviver com alguns caras que eu sou fã. Estou vivendo um momento especial na minha carreira e isso me dá mais motivação ainda para seguir trabalhando duro diariamente. Quero chegar o mais longe possível e vou atrás disso”, explicou Gemerson, que também atuou pelo Paulistano na LDB 2013.

Gemerson ganhou destaque na última temporada com a camisa do Paulistano (Allan Conti/Divulgação)

Mais velho entre os três convidados, Léo disputou o NBB pela terceira temporada consecutiva. Titular do Uberlândia durante praticamente todo o campeonato, o pivô mostrou um bom rendimento e colecionou a terceira maior média de tocos da competição (1,17 por partida). Agora, depois de três anos no Triângulo Mineiro, o atleta defenderá as cores do Franca na próxima temporada e chegará a seu novo clube depois de treinar com três ídolos e companheiros de posição: Nenê, Varejão e Splitter.

“Foi uma grande oportunidade na minha vida. Treinei com grandes jogadores da minha posição e a cada dia pude aprender muito com o Nenê, Tiago e Varejão. Eles sempre estavam tentando me ajudar a corrigir alguns erros. Eles são ídolos para mim e esse convívio com eles foi sensacional. Acompanho eles sempre na NBA e sempre tentei aprender o máximo olhando as jogadas deles na televisão. Agora tive a oportunidade de treinar por alguns dias com eles e foi fantástico”, disse o jogador, de 2,11m de altura.

“Aprendi muito com o Magnano também. Ele é um cara que cobra bastante e é muito correto. Ele é um vencedor e está defendendo nosso país com muita honra. Assim que eu voltar para o meu clube vou tentar dar o meu máximo para quem sabe não estar aqui de novo como convocado”, completou Léo.

Léo viveu bons momentos pelo Uberlândia na última temporada e foi convidado para os treinos da Seleção (Raphael Oliveira/EAZ)

Durante os dez dias em que conviveram com os melhores jogadores do país, Deryk, Gemerson e Léo não tiveram do que reclamar. Pelo contrário, os garotos são só elogios para os jogadores mais experientes. Com tratamento “VIP”, o trio conseguiu levar muitos aprendizados para a sequência de suas respectivas carreiras.

“A recepção foi muito boa. Não tenho o que reclamar de nenhum dos atletas que convivi nesses dias. Os caras são muito gente boa e a todo momento passavam dicas e davam toques. O ‘convidado’ para nós estava só no nome mesmo. Em nenhum momento fomos tratados diferente e isso ajudou demais a gente a se sentir praticamente em casa aqui na Seleção. Aprendi demais com todos eles. Foi uma das melhores chances que eu tive na minha carreira e, mesmo em um curto espaço de tempo, foi um aprendizado muito grande para mim”, declarou Deryk.

Dos dez jogadores que tiveram contato, o trio de convidados já conhecia, pelo menos de enfrentar, a metade. Alex, Guilherme Giovannoni, Larry Taylor, Marcelinho Machado e Marquinhos atuam no NBB e já foram rivais dos garotos durante as últimas temporadas. Enquanto isso, os outros cinco jogadores da lista de Magnano atuam fora do país. Então conhecer Anderson Varejão, Leandrinho, Marcelinho Huertas, Nenê e Tiago Splitter gerou certo nervosismo para os garotos, mas a sensação de desconforto desapareceu desde o primeiro contato com os “estrangeiros” da Seleção.

“Vim para os treinos imaginando um monte de coisa sobre os caras, como seria conhecer esses jogadores que eu nunca tinha tido contato. Mas, logo de cara, vi que são pessoas do bem e que só querem o seu melhor. Todos foram muito legais comigo e procuraram me ajudar o tempo todo, mesmo que fosse um mínimo detalhe. Também tive a oportunidade de conhecer mais a história de cada um, como foi a trajetória deles até aqui e isso foi muito bacana. Sou um garoto ainda e poder conviver com esses caras foi algo muito bacana para a sequência da minha carreira”, exaltou Gemerson.

“Por incrível que pareça nem teve nada de trote (risos). Nós, como calouros aqui na Seleção, estávamos até preparados para alguma situação como essa, até pelo que a gente ouve falar. Mas os caras foram super legais o tempo todo”, completou o ala, de 2,01m de altura.

Gemerson (de costas) conversa com Nenê durante treino; garotos elogiaram tratamento dos “medalhões” (Divulgação)

Depois de todo o aprendizado adquirido durante os dez dias em que estiveram com a Seleção, os garotos se despediram do grupo ao final do treino noturno da última terça-feira – última atividade da Seleção antes do embarque para o Rio de Janeiro para a disputa do Super Desafio BRA. Ao final do treinamento, Magnano conversou com cada um dos garotos separadamente e aproveitou para fazer um balanço geral sobre a participação dos meninos.

“O Deryk é um jogador muito interessante e de um futuro muito grande. Já tinha tido contato com ele durante a preparação da Seleção Sub-18 para a Copa América e agora quis vê-lo um pouco mais de perto. E absolutamente não errei em convidá-lo. O Gemerson jogava na equipe de São Sebastião do Paraíso (MG) quando o conheci e agora está jogando muitos minutos no NBB. Isso me deixa muito feliz. Ele foi muito bem por aqui e aproveitou a cada momento”, disse.

“O Léo nós tínhamos convocado ano passado para a Universíade e ele não pode vir porque estava machucado. Quis chamá-lo novamente e ele teve a oportunidade de treinar e aprender com jogadores de calibre internacional. Foi muito importante para ele e estou muito satisfeito com o que vi”, elogiou o argentino, que está no comando da Seleção desde 2010 e sempre optou por chamar jogadores convidados.