HOJE
Os nove noves
Por Liga Nacional de Basquete
Coincidência ou superstição? Nove armadores usam a camisa 9 de seus times na atual temporada do NBB; conheça as histórias

Nove armadores usam a camisa 9 na atual temporada do NBB (Montagem/LNB)
Quando se fala em camisa 9 no Brasil, logo pensam em um atacante do futebol, alguns altos, mas todos finalizadores, matadores. Mas no NBB, esta lógica é totalmente diferente, pois os donos da camisa 9 são os organizadores, os cérebros de seus times, as vezes os mais baixos: os famosos armadores.
Nove jogadores da posição carregam em suas costas o número 9 nesta temporada do NBB. São eles Paulinho Boracini (Pinheiros/SKY), Jefferson Socas (Vivo/Franca), Neto (Liga Sorocabana), Thyago Aleo (Cia. do Terno/Romaço/Joinville), Caleb Brown (Palmeiras), Deryk Ramos (Winner/Kabum/Limeira), Luiz Felipe Lemes (São José/Unimed), Fred (Tijuca/Rio de Janeiro) e o “maestro” Valtinho (Unitri/Universo).
Superstição, homenagem, auto estima, falta de opção, e até indiferença por número na camisa são alguns dos motivos dos nove armadores do NBB carregarem o número em seus uniformes.
Jefferson Socas, do Franca, seguiu o conselho de sua mãe e sua irmã, e começou a usar a camisa 9 nas costas, que pelo jeito, deu resultado. “Eu jogava com a 12 quando era menor, mas minha mãe e minha irmã falaram que a 9 dava sorte, então resolvi mudar para homenageá-las. Justamente no ano que eu mudei de camisa, acabei sendo o destaque no estadual de Santa Catarina, agora sempre que eu puder eu uso a 9, pois me sinto bem com ela”, comentou o armador francano.
A exemplo de Socas, o armador Thyago Aleo, do Joinville, também resolveu prestar uma homenagem, mas desta vez, foi para o colégio que ele estudou quando garoto, lugar em que ele criou gosto pelo esporte da bola laranja.
“Quando jogava pelo colégio, eu usava a 29, mas quando fui jogar em clubes a numeração era de 4 a 15, por isso optei por usar a 9 e segui até hoje assim. Sempre usei esse número, inclusive em Londrina. O significado para mim é pela homenagem que faço ao meu colégio, que foi lá que eu criei o gosto e paixão pelo basquete”, revelou Aleo.
Dono da camisa 9 do São José, o armador Luiz Felipe, tem o número estampado em seu uniforme pela sua admiração pelo jogador Telmo, hoje no XV de Piracicaba, do interior de São Paulo. Quando jovem, o jogador joseense homenageou seu ídolo, e hoje, não abandona a camisa 9.
“Quando eu jogava no Continental, ainda garoto, o camisa 9 da equipe juvenil era o Telmo, que depois jogou em Limeira. Era um jogador muito raçudo, acho que isso foi influenciando. Fui gostando de como ele jogava e fiquei com a nove”, disse.
A extrema confiança do norte-americano Caleb Brown, do Palmeiras, é o que fez o jogador usar a camisa 9 nas costas. Para ele, hoje seu jogo está três vezes melhor do que antes. “Quando eu jogava no College (basquete universitário dos Estados Unidos) usava a camisa 3, mas hoje eu considero que estou três vezes melhor do que naquela época, por isso sou o camisa 9”, explicou o confiante armador alviverde.
Para alguns, o número não tem significado algum, mas tem sua parcela de superstição, caso de Paulinho Boracini, que tem a 9 estampada na camisa do Pinheiros.
“Para mim não tem nenhum significado especial. Jogo com a 9 desde pequeno. Quando joguei em Mogi, esse número já tinha outro dono, por isso usei a 54, que era a idade do meu pai na época, e coincidentemente somando cinco e quatro dá nove. É um número que eu já estou acostumado a usar e isso vem de muito tempo. Me sinto muito bem assim, e já virou uma superstição”, falou Paulinho.
[galeria id=”36611″]
Outros não consideram o número que carregam em seus uniformes tão importante, caso do aramdor Neto, da Liga Sorocabana, que afirmou ter apenas seguido um conselho e está até hoje com a 9. “Na verdade não tem um significado. Antigamente eu usava a 6, mas logo que eu saí do COC já separaram a 9 para mim e disseram que daria sorte”, afirmou Neto.
Em muitas oportunidades, a camisa 9 foi a que sobrou. Caso de Fred, do Tijuca, que diz até hoje não saber o porquê do número 9 ter sido o escolhido, mas que hoje virou essencial para o atleta.
“Na verdade, eu uso a nove desde o primeiro jogo de basquete que eu fiz. Foi em 1993, no Canto do Rio e eu escolhi a nove logo de cara. Lembro até hoje que tinham dois números sobrando, o nove e o dez. Mas não sei porque eu escolhi o nove e desde então virou meu número oficial”, declarou Fred.
Apesar de sua identificação com o número, Deryk, armador do Limeira, afirmou que só usa o número pois não tinha outra opção. “Eu sempre me identifiquei com o número. Desde o meu primeiro ano de Seleção de base. Coincidentemente o único número sobrou foi o 9, que uso até hoje”, disse o jogador de 19 anos.
A identificação citada por Deryk foi algo fundamental para a escolha do número por parte do experiente armador Valtinho, do Uberlândia, que ainda citou a influência que sua decisão culminou com a escolha de outro número para seu então companheiro de equipe, o ala Márcio Dornelles, atualmente no Pinheiros.
“Na verdade, eu comecei a usar a 9 quando eu tinha 20 para 21 anos. Eu sempre joguei com a 5, mas fui contratado por Franca e só tinham dois números disponíveis: o 9 e o 15. Na época, eu estava chegando à Franca com o Márcio (Dornelles) e falei para ele que a 15 combinava mais com ele do que comigo, aí acabei com a 9”, afirmou o atleta de 36 anos.
Apesar de falta de opção ter marcado a escolha do atleta, o “maestro” do Uberlândia não consegue mais largar a camisa 9, que ele julga como uma espécie de amor à primeira vista, e que não larga o número de jeito nenhum.
“Desde a primeira vez que eu usei a 9, eu gostei. Desde aquela época pensei: ‘nunca mais largo essa camisa’. Não me vejo mais sem ela. Enquanto eu estiver jogando, vai ser o número 9 que vai estar estampado nas minhas costas, não tem jeito”, concluiu Valtinho.
Não é só Valtinho que não dispensa a camisa 9 nas costas. Quando não pôde usar a 9, Jefferson Socas, do Franca, seguiu novamente conselho de sua família, mas também não quer saber de outro número.
“Só no Real Madrid eu não pude jogar com a 9, pois o capitão do time já jogava com esse número. Então usei a 4, à pedido do meu pai. Mas sempre que puder usar a 9 eu vou querer”, disse o jogador francano. Thyago Aleo também foi impedido de vestir a 9, quando jogava em Bauru. “Só em Bauru que não pude usar pois o Gui Deodato já jogava com a 9 há muito tempo”, afirmou Thyago Aleo, do Joinville.
Luiz Felipe, do São José, considera o número como uma espécie de amuleto, algo especial, que o da mais confiança em quadra. “Para mim, jogar com a camisa nove dá uma confiança maior, aquela coisa de jogador. Já joguei em Seleção com outros números, mas a 9 é especial e eu espero sempre usá-la nas costas”, completou Luiz Felipe.

Marcelinho Huertas, da Seleção Brasileira (Colin Foster/Divulgação)
Até o armador da Seleção Brasileira Masculina tem o número 9 estampado em sua camisa. Marcelinho Huertas, atualmente no Barcelona, contou o motivo de sua opção pelo algarismo dos armadores.
“Na Seleção sou o 9 pois o jogador mais veterano e então capitão por muitos anos (Marcelinho Machado) usava a 4, que sempre foi o meu número. Então escolhi a 9 que sempre foi um número que gostei. No Barcelona, a 4 está retirada e não ser usada. Como vinha de usar a 9 no Caja Laboral (ESP) e na Seleção, ainda obtendo bons resultados, segui com ela. Agora será difícil mudar de número”, comentou Huertas.
O armador do Tijuca, Fred, faz questão de usar a nove em sua camisa, e conta que já ficou impossibilitado da usar o número, pois ele pertencia a seu adversário nos dias de hoje no NBB, o técnico do Limeira, o ex-jogador Demétrius.
“Sempre que chego em um time já peço para jogar com a nove, mas teve uma vez que não consegui. Fui para o Minas e cheguei lá o dono da nove era o Demétrius, e não teve como mudar. Encarei numa boa, mas lógico que queria jogar com a nove. Até por isso, escolhi o número 29”, contou.
Já para Paulinho Boracini, se obrigatoriamente tirassem o número dele, não mudaria nada, mas sempre que puder, prefere carregar a 9 consigo. “Mudar não muda, mas para qualquer clube que eu vou eu peço a camisa 9, e se puder trocar com alguém que já usa essa camisa eu troco.
Sabendo de todas essas curiosidades sobre as opções dos jogadores, a pergunta que fica é: Nove é realmente número de armador? Os jogadores comentaram o caso e demonstraram diversificadas opiniões.
“Tirando na NBA que os armadores gostam muito de usar a 3, o resto dos armadores no mundo gostam da camisa 9”, afirmou Paulinho Boracini.
“Sempre foi um numero de armador”, concordou Neto. “Antigamente os números das camisas eram de 4 a 15, e os uniformes de números baixos eram menores de tamanho, na maioria dos casos, ficando para os armadores”, completou
Thyago Aleo se mostrou surpreso com a curiosidade e revelou que tinha outra opinião sobre o número 9. “Se eu não soubesse dessa curiosidade, eu continuaria achando 4 e 5 mais número de armador”, disse o jogador do Joinville.
“Acho que 9 é sim número de armador. Número de atacante, armador, pois hoje os jogadores gostam de comandar e atacar. É um número muito legal, que passa um pouco de agilidade e agressividade. É um número muito gostoso de usar”, exclamou Luiz Felipe, do São José.
Esta curiosidade não se prende ao maior campeonato do basquete brasileiro. Até na NBA, famosos armadores têm o número 9 estampado em seu uniforme, caso do francês Tony Parker (San Antonio Spurs), o norte-americano Rajon Rondo (Boston Celtics), o argentino Pablo Prigioni (New York Knicks) e o espanhol Ricky Rubio (Minnesota Timberwolves).
Marcelinho Huertas finalizou dizendo que cada um tem suas escolhas, mas cravou que quando uma identidade é criada com o número, não dá para mudar.
“Cada jogador tem um gosto, um número da sorte, superstição. Depois que você se identifica com um numero é difícil acostumar com outro”, afirmou o armador da Seleção Brasileira.
Bauru Basket
Botafogo
CAIXA/Brasília Basquete
Caxias do Sul Basquete
Corinthians
Flamengo
Fortaleza B. C. / CFO
Sesi Franca
KTO Minas
Desk Manager Mogi Basquete
Pato Basquete
Paulistano/CORPe
Pinheiros
Farma Conde/São José Basketball
São Paulo
Ceisc/União Corinthians
UNIFACISA
R10 Score Vasco da Gama
Basket Osasco
Cruzeiro
E.C. Pinheiros (B)
Vitória (BA)
L. Sorocabana
Minas Tênis Clube (B)
ADRM
B.Cearense
Botafogo
Caixa Brasília Basquete
Campo Mourão
Caxias
IVV/CETAF
Flamengo
Minas
Paulistano
Pinheiros
São José Basketball
Thalia/PH.D Esportes
Vasco/Tijuca