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NBB Caixa

Trunfosda vitória

28-04-2018 | 07:37
Por Douglas Carraretto

Raça incrível, estratégia e brilhos individuais: o que o Mogi precisou fazer para encerrar jejum de 2 anos e largar na frente na semifinal contra o Flamengo

Entenda todos os méritos do Mogi na grande vitória sobre o Flamengo (Marcelo Zambrana/LNB)

Abrir uma semifinal de NBB CAIXA com uma expressiva vitória sobre o Flamengo (79 a 62) não é para qualquer um. Para conseguir tal feito, o Mogi das Cruzes/Helbor foi praticamente impecável em diversos aspectos e deu verdadeiro show para os quase 5 mil torcedores no Hugão.

+Estatísticas, vídeos, fotos e a matéria completa da vitória do Mogi sobre o Flamengo

Além de largar na frente na série (1 a 0), a equipe mogiana ainda quebrou um jejum de dois anos sem vencer os rubro-negros – a última vez havia sido justamente na semifinal da temporada 2015/2016, no Jogo 3, no Rio de Janeiro.

Quer saber quais foram os grandes méritos da equipe do técnico Guerrinha para bater os líderes da fase de classificação? Pontuamos alguns deles. Confira!

Muita raça

Quando o que está em jogo é uma vaga na grande decisão, cada disputa de bola vale tanto quanto uma cesta. Esse foi o espírito encarnado pelo Mogi na tarde deste sábado.

Foi nítida a raça, a entrega e a dedicação da equipe em cada rebote, cada ajuda na defesa e cada contra-ataque. Se tinha bola sobrando, eram dois, três jogadores se jogando nela.

Essa determinação, sem dúvidas, foi fundamental até para os outros méritos dos mogianos, como a defesa e o brilho individual de cada atleta, que consequentemente os levaram à vitória.

Formação decisiva

O basquete moderno vem mostrando que as formações sem um pivozão de origem, com cinco jogadores abertos, são bastante eficientes. No caso de Mogi, pode se dizer que foi fundamental.

Durante muito tempo da partida, o técnico Guerrinha teve seu garrafão formado por Tyrone e Fabrício, mesmo com a volta do pivô Caio Torres, recuperado da lesão na panturrilha. Seguindo suas características, os dois atuaram mais abertos e deixaram o garrafão livre para o jogo de um contra um, que é uma das grandes armas do Mogi.

Esse “small ball”, que ficou famoso no Golden State Warriors na NBA, foi letal contra o Flamengo, que a todo momento tem em quadra um de seus pivozões, JP Batista ou Anderson Varejão. Um deles sempre acabava tendo que marcar Tyrone, por exemplo, que é mais rápido, habilidoso e forte no um contra um. Foi aí que os mogianos tiraram vantagem e encontraram a quebra defensiva no adversário.


“Eu e o Ty nos entendemos bem, trocamos sempre, abrimos bem a quadra. Temos atletas muito fortes no 1×1, como Larry, Shamell e o próprio Tyrone, então isso facilitou bastante nosso trabalho.  Eles (Flamengo) sempre têm um pivô 5 em quadra, ou Varejão ou JP (Batista), então eu e o Ty somos mais velozes e assim podemos criar alguma coisa para o ataque”.

“Nossa grande desvantagem contra o Flamengo é dentro do garrafão. Se a gente coloca o time mais aberto, abre mais o jogo, permite jogar no corte, quebrar a defesa e ter um arremesso de fora. Na verdade, o jogo de basquete é feito de vantagens e desvantagens. Os jogadores entenderam esse o conceito e souberam explorar bem as desvantagens da defesa Flamengo”, declarou o técnico do Mogi, Guerrinha.

Defesa implacável

Foi a partir da mesma formação com Fabrício e Tyrone juntos que o Mogi também gerou dificuldades ao ataque do Flamengo. Com essa versatilidade, a marcação mogiana pôde fazer trocas defensivas a todo momento, em todos os corta-luzes, sem causar um desequilíbrio grande e não dar vantagem ao ataque carioca. Além dessa, diversas outras variações entre individual e zona foram usadas pelo técnico Guerrinha na defesa.

“Quando há um o bloqueio e acontece uma dobra, naturalmente sobram quatro do ataque contra três defensores. Se você fizer a troca no corta-luz, não tem desvantagem numérica. A única desvantagem pode acontecer se cair um grande com um pequeno. A partir do momento que fazemos essas trocas sem sofrermos o desequilíbrio, não tem como haver uma rotação, e quanto menos rotação tivermos contra um time das qualidades do Flamengo, melhor”, disse Guerrinha.

Com isso, o Mogi limitou o Flamengo a apenas 62 pontos e impôs ao clube rubro-negro sua menor pontuação em toda a temporada. Além disso, foi a primeira vez na história que o Flamengo foi derrotado por uma diferença superior a dez pontos em uma partida de semifinais.

“Conseguimos limitar uma equipe com tantas armas a apenas 62 pontos, isso mostra tudo. A defesa nos proporciona um bom jogo de transição, contra-ataque. Se a gente for jogar o jogo inteiro no 5×5 contra o Flamengo, parado, o que chamamos de ‘jogo de perímetro’, eles levarão vantagem, porque têm mais vigor físico, são mais altos e têm mais revezamento”, analisou o comandante do Mogi.

Não é à toa que o Mogi, do técnico Guerrinha, tem a melhor defesa do NBB CAIXA, com média de 70.9 pontos sofridos por jogo (Marcelo Zambrana/LNB)

Ty monstro

Parece que a rivalidade presente no clássico contra o Flamengo colocou a seta de Tyrone para cima. Que partida fez o camisa 0 do Mogi. Foi bola de 3, contra-ataque, belas assistências, rebotes. Ele literalmente fez de tudo. Uma volúpia bonita de se ver.

Em 30 minutos em quadra, foram 23 pontos (4/9 nas bolas de 3) e dez rebotes (duplo-duplo). Além disso, o norte-americano deu quatro assistências, roubou duas bolas, deu um toco e deixou a quadra com o posto de jogador mais eficiente do duelo, com 23 de valorização.

Veja algumas jogadas de Tyrone na partida:

Jimmy aceso

E o que dizer de Jimmy? Melhor Defensor do último NBB CAIXA, o camisa 18 do Mogi vem mostrando a cada dia que seu ataque é tão eficiente quanto sua marcação e, desta forma, vem se tornando cada vez mais importante para o time mogiano.

Diante do Flamengo, Jimmy apareceu em momentos importantíssimos de pressão do adversário e mostrou um variado leque de recursos ofensivos, com bandejas e até um eficiente jogo de poste baixo, jogando de costas para a cesta. Ao todo, ele registrou 16 pontos (6/8 nas bolas de 2 pontos), oito rebotes e quatro assistências (20 de eficiência).

Veja uma bandeja de Jimmy após lindo passe de Tyrone:

Também brilharam

Mas não foram só Tyrone e Jimmy que brilharam na vitória mogiana. Mesmo sem registrar números tão expressivos – nove pontos, seis assistências e cinco rebotes – o Alienígena Larry Taylor também foi extremamente impactante. Ele apareceu em momentos importantes, brigou em todas as bolas, defendeu muito e acalmou a equipe quando precisou.

Seu impacto em quadra pode ser medido com seu “índice +/-“, que foi de 27 pontos positivos. O índice +/- indica como é o desempenho da equipe com a presença do jogador e o seu cálculo é basicamente o saldo de pontos da equipe quando o jogador estiver em quadra. Ou seja: enquanto Larry esteve em quadra, o Mogi teve saldo positivo de 27 pontos.

Veja algumas das lindas jogadas do Alienígena na partida:


Quem também brilhou foi Caio Torres. Em seu primeiro jogo depois de um mês afastado por lesão na panturrilha, o pivô voltou à cena e deu uma contribuição importantíssima para o Mogi.

O camisa 13 teve sua minutagem controlada devido à condição física, mas ainda sim pegou importantes rebotes na tábua de ataque, lutou a todo momento e ainda foi responsável por 10 pontos, além de cinco rebotes e um toco (14 de eficiência).

“O Caio foi um dos diferenciais do jogo, pois tivemos uma nova arma no ataque. Ele é um jogador muito experiente. Na hora que o JP e o Varejão estão sendo marcados por ele, não há desvantagem da nossa parte, pois ele é uma referência, que joga no mesmo nível deles. É claro que com um mês fora, ele ainda está em desvantagem física, mas manteve o nível técnico e taticamente é muito inteligente”, analisou o técnico Guerrinha.

Mesmo depois de 1 mês fora, Caio Torres esbanjou dedicação nos 15 minutos em que ficou em quadra (Marcelo Zambrana/LNB)

Hugão pulsante

Não dá para esquecer o fator Hugo Ramos. Um dos maiores ginásios do NBB CAIXA, a casa mogiana ficou lotada para a estreia da equipe nas semifinais e recebeu um total de 4.783 torcedores, o sexto maior público da temporada.

Como já é de costume, o apoio foi incondicional. A cada bola, uma festa. A cada lance livre do adversário, vaias ensurdecedoras. Mesmo nos erros, como aconteceu nos lances livres desperdiçados por Shamell, os aplausos. O clima da festa foi ditado pelas quase 5 mil vozes nas arquibancadas e foi fundamental para a grande vitória do Mogi.

“Jogar aqui no Hugão lotado, torcida empurrando, é sensacional. Só temos a agradecer. Eles vieram, encheram o ginásio, torceram, empurraram a gente o jogo inteiro e foram fundamentais para essa vitória. Agora sabemos que os dois jogos duros lá no Rio. Temos que entrar mais focados do que fomos hoje, defesa mais forte ainda e deixar o ataque fluir naturalmente”, finalizou Fabrício.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, INFRAERO, Avianca, Nike, Penalty e Wewi e os apoios do Açúcar Guarani e do Ministério do Esporte.

Ginásio Hugo Ramos recebeu 4,783 pessoas, o sexto maior público da temporada (Marcelo Zambrana/LNB)

Calendário da série:

Jogo 1 – Mogi 79 x 62 Flamengo

Jogo 2 – 04/05 (Sexta-feira), às 20 horas, Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro (ao vivo no SporTV)

Jogo 3 – 07/05 (Segunda-feira), às 20 horas, Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro (ao vivo no SporTV)

Jogo 4* – data e horário a definir, Ginásio Hugo Ramos, em Mogi das Cruzes

Jogo 5* – data e horário a definir, Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro