HOJE
Ouro histórico
Por Liga Nacional de Basquete
Brasil supera os Estados Unidos, na casa do adversário e de virada, para conquistar o título dos Jogos Pan-americanos de 1987, em Indianápolis (23/08/1987)

Com ginásio lotado, Brasil superou os favoritos norte-americanos (Arquivo CBB)
INDIANÁPOLIS (Estados Unidos) – Diante de mais de 16 mil pessoas, que lotaram o Market Square Arena, em Indianápolis (EUA), a Seleção Brasileira de basquete fez história neste domingo, dia 23 de agosto de 1987. O Brasil superou ninguém menos que a seleção dos Estados Unidos, por 120 a 115, e ficou com a medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos de 1987.
O simples fato de vencer os norte-americanos numa final já seria um feito marcante, mas a vitória na casa do adversário, algo inédito, e da maneira como foi, fazem dessa conquista uma das maiores de toda a rica história do basquete masculino brasileiro, dono de um bicampeonato mundial e três medalhas de bronze olímpicas.
O Brasil entrou em quadra para enfrentar a forte seleção dos EUA com uma expectativa de simplesmente fazer um bom jogo. Afinal, o adversário jogava diante de sua torcida, num dos estados mais tradicionais do basquete norte-americano, Indiana, e ainda possuía no elenco futuras estrelas da NBA, como o pivô David Robinson, o ala/pivô Danny Manning e o ala Rex Chapman.
“O sentimento geral era de esperar perder por poucos pontos. Alguns falavam abertamente, outros preferiam não comentar, mas a gente ia entrar na quadra para tentar fazer o nosso melhor e não perder de muito. Só que os norte-americanos começaram a partida atropelando”, revelou o armador do Brasil, Cadum.

A festa dos jogadores brasileiros foi enorme em Indianápolis (Arquivo CBB)
E no começo do jogo pareceu que a derrota estava por vir. A defesa norte-americana prevaleceu no primeiro tempo e impediu que o Brasil conseguisse manter seu fluxo ofensivo. Apostando nos contra-ataques, os donos da casa chegaram a abrir 20 pontos de vantagem nos primeiros 20 minutos de jogo (64 a 44). Os brasileiros ainda conseguiram baixar a diferença para 14 (68 a 54), no final da primeira etapa, após um arremesso do meio da quadra de Marcel estouro do cronômetro.
Na volta do intervalo, a postura da equipe brasileira foi diferente. A defesa cresceu e passou a dominar os rebotes, com boa presença dos pivôs Gerson e Israel. No ataque, o time de Ary Vidal foi ganhando confiança, quando os alas Oscar e Marcel chamaram a responsabilidade nos arremessos. Após seis minutos jogados no segundo tempo, a vantagem já era de apenas quatro pontos (77 a 73).
“Tínhamos jogadores taticamente diferenciados, um grupo veloz que pegava muitos rebotes. Eu acredito que, até aquele dia, os norte-americanos nunca tinham sido desafiados. Foi o que fizemos, arriscamos bastante. No segundo tempo daquela partida, o nosso momento psicológico era muito bom, enquanto que o deles era muito ruim”, afirmou o armador do Brasil, Guerrinha.
O jogo simplesmente mudou. Os brasileiros passaram a vibrar a cada jogada e, assim, intimidar o adversário e deixar os torcedores mais preocupados. Os brasileiros passaram à frente do marcador e o equilíbrio em quadra se manteve durante todo o restante do jogo.
“A sensação que nós tínhamos era de que os EUA achavam que o jogo estava ganho para eles. Notamos, no segundo tempo, uma diferença de postura dos EUA. No primeiro tempo, eles estavam confiantes, relaxados. No segundo, ficaram inseguros, o que é normal para qualquer jogador em uma situação que vira adversa. O que é importante ressaltar é que nós estávamos jogando de forma completa. Não eram só os chutes de três pontos. A gente estava cavando faltas, pegando rebotes, fazendo contra-ataques, pendurando os jogadores deles com faltas”, contou o ala da Seleção, Paulinho Villas Boas.

Os irmãos Maury e Marcel comemoram, emocionados, o título do Pan de 87 (Arquivo CBB)
Faltando seis minutos para o final da partida, o principal jogador da equipe americana, o pivô David Robinson, cometeu sua quinta falta pessoal e saiu de quadra, excluído. O Brasil aproveitou a saída do gigante americano e conseguiu abrir oito pontos de vantagem (112 a 104), após quatro pontos consecutivos de Oscar.
A partir desse momento, a motivação e a alegria do time brasileiro eram contagiantes e os americanos já não tinham forças para conseguir uma virada. A história estava escrita. Oscar terminou o jogo com 46 pontos, seguidos de 31 de Marcel. Os dois alas foram responsáveis por 55 dos 66 pontos do Brasil na etapa final.
“Ganhamos, e a ficha não caía. Eu ligava para o Oscar, ele me ligava, e não caía a ficha. Ganhamos dos EUA na casa dos caras. Ninguém fez isso. Só aquele time”, celebrou Marcel.
Parabéns a Oscar, Marcel, Cadum, Gerson, Israel, Guerrinha, Pipoka, Paulinhos Villas Boas, Rolando Ferreira, Maury, André Stoffel, Silvio Malvezi; ao técnico Ary Vidal e comissão técnica; e ao basquete brasileiro por esse momento histórico.

Seleção Brasileira masculina comemora a vitória sobre os EUA no Pan de 1987 (Arquivo CBB)
Bauru Basket
Botafogo
CAIXA/Brasília Basquete
Caxias do Sul Basquete
Corinthians
Flamengo
Fortaleza B. C. / CFO
Sesi Franca
KTO Minas
Desk Manager Mogi Basquete
Pato Basquete
Paulistano/CORPe
Pinheiros
Farma Conde/São José Basketball
São Paulo
Ceisc/União Corinthians
UNIFACISA
R10 Score Vasco da Gama
Basket Osasco
Cruzeiro
E.C. Pinheiros (B)
Vitória (BA)
L. Sorocabana
Minas Tênis Clube (B)
ADRM
B.Cearense
Botafogo
Caixa Brasília Basquete
Campo Mourão
Caxias
IVV/CETAF
Flamengo
Minas
Paulistano
Pinheiros
São José Basketball
Thalia/PH.D Esportes
Vasco/Tijuca