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NBB Caixa / Prancheta do Gustavinho

Prancheta das finais

31-05-2024 | 04:06
Por Gustavinho Lima

Flamengo e Sesi Franca se enfrentam em uma série melhor de cinco jogos para definir o campeão da temporada 2023/24 do NBB CAIXA

A série melhor de cinco jogos pelas Finais do NBB CAIXA 2023/24 entre Flamengo e Sesi Franca começa neste sábado (01/06), às 11h10, no Maracanãzinho, no Rio, com transmissão da TV Cultura, ESPN, sportv, YouTube do NBB CAIXA, NBB BasquetPass, Jumper e FlaTV. Os jogos 2 e 3 estão agendados para quinta-feira (06/06), às 19h, e sábado (08/06), às 17h10, no Pedrocão.

A Grande Final

Depois de analisar os números e estratégias durante a temporada e me debruçar sobre os detalhes e ajustes das equipes durante os playoffs, dá pra garantir que os melhores times do NBB CAIXA vão disputar o título.

O Flamengo atropelou todo mundo que viu pela frente e ainda não perdeu nos playoffs (8v). Na semifinal não tomou conhecimento do desfalcado Bauru Basket e, com média de 96,6 pontos por jogo, venceu por 3 a 0. O Dragão sem Dontrell Brite, seu principal armador, foi presa fácil para o Rubro-Negro e não conseguiu sair da pressão do adversário, que subiu as linhas defensivas, forçando 49 bolas perdidas em três jogos.

Gui Deodato lembrou seus tempos áureos e pegou o armador Cabrera quadra toda, durante toda a série e não deixou o argentino pensar.

Vendo Didi marcando na linha do passe, Gabriel Jaú e Devon Scott sempre intensos e bem posicionados nas ajudas, o Flamengo praticamente só defendeu e acelerou em contra-ataque durante toda a semifinal.

Forçaram incríveis 12 bolas recuperadas por jogo sempre gerando muitos pontos fáceis.

Contra Franca dá pra pensar em Deodato pegando Santiago Scala na saída de bola, mas além de Scala ter mais experiência, com a formação inicial, Balbi teria de defender ou David Jackson ou Hinkle e pode levar prejuízo no jogo de poste baixo.

 

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Esse é o bonito do basquete como xadrez. Mexe aqui, sofre ali.

Gustavinho de Conti como característico rodou bastante seu elenco, jogou com diferentes quintetos sem deixar cair a intensidade para se classificar com uma margem de 31 pontos de diferença. Olivinha, Scott Machado e Maique vieram muito bem do banco e dá pra antever um bom duelo contra a segunda unidade do Sesi Franca, que também vem entrando bem com Wesley, Jhonatan Luz e Zu Jr.

Flamengo na meia quadra deixa a bola na mão de Franco Balbi para organizar o jogo. O “Mago” joga muito bem o “pick and roll” e chama jogadas de saídas de corta-luz indireto paras seus chutadores que vem com muito bom aproveitamento nos 3 pontos nos playoffs: Gui (1,7 convertidas com 41%), Didi (2,6 convertidas com 44%) e Cuello 1,4 convertidas com 48%). No jogo interior, o Flamengo também é bruto com Devon Scott, Olivinha e principalmente Gabriel Jaú.

Jaú é dominante de costas para cesta, mas vem muito bem finalizando em transição e também a partir de segundas chances. O ala-pivô foi o principal jogador flamenguista na semifinal com 15,5 pontos e 6,7 rebotes de média.

Defensivamente joga muito forte e é o principal indicado para tentar brecar Lucas Dias, mas vai precisar de um sistema preparado para coberturas.

Na semifinal contra Franca, o Minas Tênis Clube acreditando nos seus ótimos defensores poderiam parar LD, arriscou por muitas vezes na defesa de 1 contra 1. Mas Lucas Dias “virou” bolas em cima de Mineiro, Paranhos e Renan Lenz com excelente aproveitamento, foi o cestinha do confronto e mais uma vez determinante para o passaporte do Franca para a grande final.

Quem também demonstrou que ainda tem muita lenha para queimar foi o interminável Olivinha, que, em sua última temporada declarada, teve excelente aproveitamento nos arremessos de quadra (62%) e registrou 12,3 pontos e 6 rebotes na série.

O “Deus da raça” chega a sua 8ª final de NBB CAIXA e se torna o jogador com mais decisões na história e, se ganhar, ultrapassa Marquinhos e também se isola como o principal vencedor.

Pelo Franca, o consistente ala Jhonatan Luz chega a sua 7ª final seguida e se abocanhar a medalha de ouro empata como maior de todos os tempos com Marquinhos e Olivinha.

Há quem diga que é bom sangrar antes de chegar a uma final

O esporte ensina que experimentar o sabor amargo da derrota te deixa mais resiliente e preparado para uma eventual turbulência numa fase importante da competição e também sedento por voltar a sentir o gosto doce das vitórias.

O Sesi Franca teve de sangrar para eliminar o Minas em mais uma semifinal emocionante decidida apenas nos minutos finais do jogo 5.

Depois de sofrer no jogo 4, com a estratégia de três homens grandes, que gerou mais volume de jogo ao Minas, o time dirigido por Helinho Garcia foi mais agressivo na disputa pelas sobras e soube explorar os mismatches, principalmente com David Jackson no 1 x 1 contra os grandes.

Contra o Flamengo, Helinho Garcia pode ver novamente esse plano de três grandes. Gustavo de Conti já testou esse esquema e funciona bem porque fica muito forte nos rebotes e pode ser uma arma nesta final.

Franca achou uma saída contra Minas, mas agora terá de inventar uma nova forma de jogar contra essa formação alta do Flamengo já que com Jaú na posição 3 tem plenas condições de defender DJ longe do aro.

O Franca continua sabendo usar muito bem o atual MVP da competição. Os movimentos são sempre ou pra Lucas Dias  ou para usá-lo como isca. Com 18,4 pontos e 7 rebotes de média no confronto de semifinal foi novamente a referência do time.

O time dirigido por Helinho também possui um elenco profundo e traz a possibilidade de ter coadjuvantes se sobressaindo em momentos cruciais.

Sabiamente o treinador usa por vezes o “pick and roll” do lado contrário a LD para evitar rotações da defesa e vem conseguindo importantes cestas nessas ações.

Outro ponto importante de pensar é que vai defender o ala Hinkle nessa final.

Depois de perder alguns jogos do confronto contra o Minas em função do nascimento do seu filho (em uma decisão super acertada da diretoria que liberou o ala para viajar ao Canadá onde sua esposa vive), o ala voltou cheio de energia e levou muita vantagem no jogo de poste baixo, deixando 16 pontos no jogo 5.

O super consistente “base” Santiago Scala encarou o desafio de defender Franco Baralle, um dos maiores talentos desse NBB CAIXA. Durante toda a série teve muita dificuldade para brecar seu conterrâneo Baralle, mas “peleou” com coragem e ofensivamente continua a ser uma arma nos tiros de longa distância (45% de aproveitamento). No jogo 5 foi fundamental e apareceu bem com 9 dos seus 12 pontos no último quarto.

Nesta final, Scala já tem função pré-estabelecida e novamente uma tarefa indigesta de marcar outro habilidoso Franco, desta vez o Balbi, principal cérebro da equipe rubro-negra.

Há de se bater palmas para os dois projetos, novamente demonstrando excelente planejamento.

Tem talento e estratégia de todos os lados, são os dois melhores times do Brasil novamente lutando para levantar a taça, mas no lugar mais alto do pódio só cabe um.

Mas se tratando de Flamengo e Franca a pressão por títulos é grande e talvez o equilíbrio emocional possa ser o ponto chave para ver quem “pode mais” nessa série melhor de cinco jogos.

Estratégia na temporada regular 

O Flamengo venceu as duas contra Franca na temporada regular. A estratégia foi clara: dificultar as ações de Lucas Dias. Gabriel Jaú levou a sério o mote e não deixou o jogador mais eficiente da temporada ter sossego. Brigando pela posição em todas as posses de bola e contando sempre com ajudas muito bem postadas e agressivas.

No primeiro turno, jogando no Rio de Janeiro, ampla superioridade rubro-negra, defendo muito forte e sempre tentando correr a quadra e atacar o rebote de ofensivo.

Com um volume de jogo muito alucinante, o Flamengo tentou 208 pontos, 48 a mais que o Franca e cuidou muito bem da bola, 29 assistências e somente 3 erros, para fechar em um 93 a 67.

Lucas Dias terminou com apenas seis pontos, sua pior marca na temporada, e Gabriel Jaú, por sua vez, teve um duplo-duplo expressivo de 23 pontos e 14 rebotes.

No jogo de volta do Pedrocão, o Flamengo começou novamente arrasador e teve um aproveitamento de 77 % nos arremessos de quadra para vencer o 1° quarto por 36 a 19.

Franca tentou correr atrás o jogo todo e equilibrou as ações, mas foi derrotado novamente por 88 a 73. Lucas Dias foi novamente muito bem marcado e teve que jogar mais longe do aro e não teve o mesmo aproveitamento: 14 pontos em 18 chutes (30% FG). Jaú anotou discretos três pontos, já os alas flamenguistas comeram a bola. Gui Deodato teve 23 pontos (5/10 nos 3 pontos) e 8 rebotes e Didi, 15 pontos e 8 rebotes.

Agora é final

Os treinadores se conhecem bem e estão acostumados com decisões. Gustavinho chega a sua sétima final do NBB e Helinho chega a sua quarta.

Flamengo e Franca fizeram duas finais com uma vitória pra cada lado.

A história não entra em quadra, mas sem dúvida deixa marcas e pode mostrar caminhos a seguir.

Boa sorte aos melhores do Brasil!

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.