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NBB Caixa / Prancheta do Gustavinho

Prancheta das quartas

02-05-2024 | 10:07
Por Gustavinho Lima

Sesi Franca (2º) e Paulistano (7º) se enfrentam na série melhor de cinco pelos Playoffs do NBB CAIXA 2023/24 por vaga na semifinal

A série melhor de cinco jogos entre Sesi Franca e Paulistano/CORPe, pelas quartas de final dos Playoffs do NBB CAIXA 2023/24, começa nesta quinta-feira (02/05), às 20h, no Pedrocão, com transmissão da ESPN e NBB BasquetPass. O segundo jogo está agendado para segunda (06/05) e o terceiro para quarta (08/05), ambos às 19h, no ginásio Antonio Prado Jr.

Arte: Pedro Sant

No primeiro confronto definido nas quartas de final fica configurado um emblemático duelo entre Sesi Franca, o melhor ataque 88,3 pontos por jogo, e Paulistano/CORPe, a melhor defesa com 70,3 pontos sofridos no NBB CAIXA.

Nas oitavas de final, jogando sério e demonstrando a força do seu elenco, o Sesi Franca bateu sem problemas o Mogi Basquete, com 87,5 pontos de média na série.

Já o Paulistano conseguiu sua vaga impondo a sua principal característica de vender caro cada posse de bola em cima do Corinthians e ficou em 66,5 pontos sofridos por jogo.

Para quem gosta de analisar o basquete do ponto de vista tático, é muito bonito quando um plano de jogo bem executado pela comissão técnica surte efeito e desestabiliza o adversário.

Ficou evidente nos dois confrontos como a proposta de jogo dos treinadores foi posta em prática em quadra.

O técnico Helinho Garcia do Sesi Franca traçou uma estratégia clara em baixar os números de Shamell e Lucas Lacerda. Defendendo com dobras nos bloqueios foi muito agressivo em cima dos destaques mogianos.

Sofrendo com a dupla marcação, Mogi teve extrema dificuldade de mover a bola e teve média de 61,5 pontos nos confrontos.

Com ótima defesa individual dos jogadores exteriores, Scala, David Jackson, Jonathan e Zu, sempre em sintonia com os pivôs Márcio, Lucas Dias e Wesley, os cestinhas do time de Mogi desceram suas médias de pontuação drasticamente. Shamell caiu de 14,8 para 8,5 pontos e L.L. de 13,8 para 7 pontos por jogo.

O Paulistano seguiu a mesma toada da temporada e endureceu sua defesa durante os 80 minutos dos embates diante do Corinthians.

 

 

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Não é fácil fazer cestas no time dirigido por Demétrius Ferraciú. Muito disciplinado taticamente, pressionou a bola, usou muito contato passando rente aos bloqueios indiretos e usou muitas trocas nos bloqueios diretos, sendo capaz de sustentar a posição conseguiu reduzir o volume de jogo do time corintiano de forma violenta.

O Alvinegro do Parque São Jorge, que vinha como 6° melhor ataque da Liga com 80,9 pontos por jogo, fez somente 65 no primeiro jogo e 68 no segundo.

Complementar a excelente defesa, o Paulistano manteve o ímpeto da temporada regular em disputar os rebotes ofensivos (12,5 rebotes ofensivos por jogo, 2° do NBB) e agregou um número enorme de segundas chances.

No primeiro jogo foram 11 contra 8. Já no segundo jogo foram absurdos 26 rebotes de ataque contra 5 do Corinthians, resultando em 45 pontos a mais tentados.

O garrafão alvirrubro foi bem nas duas tabelas: Lucas Dória, Victão e o versátil Gui Abreu, que atuou bastante na posição 4, foram muitos firmes pra cima dos pivôs corintianos. Hettsheimeir ainda conseguiu se virar e fez bons números (16,5 pontos de média), mas depois de uma boa temporada regular, nem Léo Demétrio (8 pontos de média) nem Lucas Cauê (5,5 pontos de média) conseguiram entrar na série.

A trinca do Paulistano também representou ofensivamente: Victão sobrou e teve 15 pontos e 7,5 rebotes de média, Dória teve 9,5 pontos e 6 rebotes e Gui Abreu, jogando o seu melhor basquete, teve 13,5 pontos e 8 rebotes.

Os pivôs do Paulistano gostam do contato, mas tem uma tarefa indigesta nas quartas de final. Entram com a responsabilidade gigante de tentar frear a melhor dupla de pivôs do NBB CAIXA na temporada, formada por Lucas Dias e Márcio do Franca.

Os homens grandes de Franca também foram determinantes durante as oitavas de final.

O treinador Helinho abusou dos pedidos para jogadas de poste baixo, normalmente iniciada em cortes em “shuffle” (corte de um jogador sem bola em diagonal da lateral da linha de 3 para cair do lado contrário da quadra próximo ao garrafão) e tirou muitas vantagens a partir do jogo de costas para cesta.

Jogando fácil, Lucas Dias teve 15,5 pontos de média. Márcio foi o jogador mais dominante da série e ainda quebrou o recorde de rebotes da temporada de Brunão, do Paulistano (17),  com 18 “sobras”, terminando a série com expressivos 17 pontos e 13,5 rebotes de média.

Vindo do banco no segundo jogo, Wesley Castro trouxe muita intensidade dos dois lados da quadra e profundidade ao grupo de pivôs com 13 pontos, sendo quatro enterradas, uma delas de costas levantando o Ginásio Pedrocão!

Vai se desenhando um batalha incrível entre os jogadores interiores nas quartas de final.

Novamente vai ser interessante observar a estratégia de Demetrius para diminuir o volume dos pivôs de Franca. E também qual será o plano de jogo de Helinho para tirar proveito em cima de uma defesa forte no poste baixo e com possíveis ajudas vindas dos jogadores exteriores do Paulistano.

Mas nem só de pivôs vivem essas equipes. Franca e Paulistano tem muita qualidade entre alas e armadores.

Um match entre David Jackson (16 pontos por jogo nos playoffs) e Kevin Crescenzi (14 pontos por jogo nos playoffs) promete ser dos mais interessantes de se apreciar. Dois jogadores muito técnicos e com alto potencial de fogo.

DJ pode ter problemas para navegar pelos bloqueios para evitar as saídas para arremessar de Crescenzi, ao passo que pode levar vantagem contra ele jogando no poste baixo de costas para a cesta.

O ala norte americano Charles Hinkle tem ótimos 52% de aproveitamento nos chutes de quadra e contra o Paulistano possivelmente vai ter que encarar Brunão e Anderson, dois dos melhores defensores do NBB CAIXA.

O estudo adversário é necessário para se traçar uma estratégia assertiva, mas o que torna o esporte tão fascinante é a força do imponderável.

O melhor jogador da primeira vitória do Paulistano foi Santiago Ferreyra. Inspirado, o armador argentino, em 24 minutos em quadra, anotou incríveis 21 pontos de 25 tentados, mas acabou sofrendo uma lesão no nariz (em um choque acidental com Hettsheimeir), que o tirou do jogo 2.

O velho clichê de estar preparado para quando uma eventual oportunidade aparecer se tornou verdadeiro. Vitinho Brandão, armador de 19 anos que não vinha sendo muito utilizado, teve enfim a chance de jogar um playoff do NBB CAIXA.

Estreia em mata-mata do campeonato nacional logo com a incumbência de defender Elinho, um dos melhores armadores da Liga.

Vitinho demonstrou uma maturidade impressionante, anotou 6 pontos, 5 rebotes e 4 assistências e foi capaz de manter a intensidade da equipe. Impôs um jogo físico, esteve atento às regras defensivas para não cometer faltas desnecessárias e foi um dos responsáveis em fazer Elinho “zerar” (0 pontos).

O líder de passes para a cesta da temporada ainda conseguiu distribuir o jogo e deixou 11 assistências, mas sentindo o ritmo do Paulistano e a boa estratégia de trocas defensivas nos bloqueios diretos, foi obrigado a jogar muito 1 x 1 contra os sólidos pivôs e “faltou perna” para definir e não acertou nenhum chute de quadra (0/10 nos arremessos).

Sem Santiago disponível, Vitinho divide a posição 1 com Vinicius Mogi, outro jovem que é bom defensor e traz muita velocidade à armação. Outro jovem cria das categorias de base do Paulistano, que também teve tempo de quadra, foi o talentoso jovem Lucas Atauri, que contribuiu com 10 pontos de 12 tentados e pode voltar a ser acionado nos playoffs.

Contra Franca, os armadores do Tigre terão mais uma difícil missão pela frente. Dificultar a leitura de jogo e os ótimos arremessos do argentino Santiago Scala.

Scala é um dos melhores armadores do NBB CAIXA e tem 10 pontos, 4,4 assistências por jogo e 44% nos chutes de 3 pontos com duas bolas convertidas por jogo.

Com a lesão de seu suplente imediato Guillent (posterior de coxa) se torna ainda mais fundamental como um dos termômetros do time de Helinho Garcia e pode ser o alvo da defesa do Paulistano na tentativa de desestabilizar o atual bicampeão.

Durante uma série melhor de 5 jogos, pequenos ajustes táticos são importantes, mas o imprescindível é o equilíbrio emocional para se reinventar após uma derrota ou manter o foco depois de uma vitória.

São dois times muito bem arrumados, torço por uma série longa!

Curiosidades

Vencedores: As duas equipes estão entre as únicas cinco que já levantaram o troféu de campeão do NBB CAIXA. Franca é o atual bicampeão. Já o Paulistano levantou a taça em 2017/18, time que curiosamente tinha o hoje rivais Lucas Dias e  Jhonatan Luz no elenco.

Ex-companheiros: Os treinadores Helinho e Demétrius trazem referências do mesmo período como jogadores. Ambos craques, marcaram a era no fim dos anos 1990 e 2000 e atuaram juntos durante um longo período vestindo as cores de Franca, Vasco e da seleção brasileira.

Rivalidade: Para se sagrar campeão paulista na última edição em 2023, o Paulistano eliminou o Sesi Franca na semifinal, e, na sequência, bateu o Corinthians na final. Nessa temporada do NBB CAIXA o Franca venceu as duas: 1° turno FRA 89 x 50 CAP e 2° turno CAP 76 x 98.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.