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Prancheta do Gustavinho: 123 Minas x Paulistano - Futuro incerto e, ao mesmo tempo, emocionante

27-04-2023 | 06:28
Por Gustavinho Lima

As quartas de final trazem o duelo entre 123 Minas e Paulistano, um confronto cheio de emoções e que o Gustavinho Lima analisou de forma fria e calculada!

Para chegar às quartas de final, o Paulistano teve que sangrar para vencer o Pato Basquete. O que é ótimo! Em um playoff a capacidade de resiliência é uma das chaves para a evolução de uma equipe. 

Depois de perder o primeiro jogo (82 x 70), o jovem time da capital paulista mostrou maturidade e poder de reação. O treinador Demétrius fez ajustes importantes na parte defensiva e diminuiu drasticamente o volume de jogo do Pato. O CAP entrou muito mais agressivo nas linhas de passe e passando firme nos bloqueios. Surtiu efeito! Atropelou no jogo 2 (90 x 57), com um jogo perfeito de Brunão (16/16 FG e 7 rebotes). Contou com sua ótima dupla de armadores para fechar o jogo 3 (82 x 78). Nate Barnes, por sua vez, comandou o ataque com 22 pontos. Já Adyel fez 10 dos seus 12 no último quarto. 

Demetrius Ferracciu comanda a equipe com a menor média de idade do NBB 15 (Beto Miller/ Corinthians)

Contra o Minas, o Paulistano vai encontrar uma equipe mais experiente e acostumada com decisões. Pelo terceiro ano seguido o time treinado por Léo Costa conquistou a medalha de bronze na BCLA. 

No NBB, tenta novamente chegar à semifinal. Apesar de uma temporada um pouco mais inconsistente que as anteriores (22 vitórias e 10 derrotas), o Minas tem uma equipe muito bem arrumada em quadra. 

O armador Alexey é o motor do time e vive a melhor fase da carreira, somando 12,3 ppj, 6,3 as e 17,6 ef (4° melhor do NBB). Corre muito bem a quadra tanto para passar como para definir. E neste playoff vai enfrentar alguém que certamente conhece todas as suas artimanhas. Adyel é o irmão mais novo de Alexey o que sem dúvidas será um atrativo a mais para ambos. 

O caçula deu um salto de qualidade jogando no Paulistano (12,6 ppj e 3,4 as). Qualquer um na posição de armador precisa poder errar e Adyel tem esse tipo de liberdade com o treinador Demétrius. 

Os irmãos têm estilo de jogo diferentes. Enquanto Adyel busca quase sempre a finalização, Alexey faz bom uso dos picks para municiar os pivôs. 

Para receber os ótimos passes do armador, o Minas tem uma versátil trinca de jogadores interiores. Paranhos faz bons corta-luzes e rola bem pra dentro (62,3% de aproveitamento nos 2 pontos). Já Renan, para aproveitar seu bom chute de longa distância, costuma bloquear e abrir na linha de três pontos (68 bolas convertidas com 34% de aproveitamento). E Wesley, que tem 12,9 pontos de média, vai bem tanto nas continuações próximas ao aro como nos chutes de três pontos. 

Se desenha um bom match com os pivôs do Paulistano, já que o elenco alvirrubro tem um arsenal de bons defensores entres seus homens grandes. Brunão cresceu ofensivamente nos playoffs, mas costuma “se garantir” na defesa. O mesmo pode ser observado em Lucas Dória. Jogador que demonstra muita disposição e não foge do contato. 

Andrezão e Victão são bons defensores no poste baixo e também não levam prejuízo marcando jogadores mais baixos. Serão fundamentais para tentar defender não só os pivôs, mas também por momentos o principal jogador do Minas. 

O ala Shaq Johnson é craque, possivelmente tem o melhor 1 x 1 do NBB e costuma machucar as defesas que realizam trocas defensivas. Nas chamadas estatísticas avançadas tem o melhor “Player Efficiency Rating” entre os laterais. Estatística que traz a performance do atleta por minuto, levando em conta o ritmo do time (Soma 21 PER). Marca 15 pontos em 28 minutos por jogo.

Shaq Johnson é quem mais pontua pela equipe mineira, contribuindo com uma média de 15 pontos por jogo (Matheus Maranhão/Brasília)

Com um repertório incrível de jogadas individuais, Shaq é muito difícil de ser parado no mano a mano ( 56% de 2 pontos e 41% nos 3 pontos). 

Léo Costa é um estrategista e promove muitas jogadas para deixar Shaq livre para decidir. Por vezes, o coach usa o norte americano como isca para chamar a atenção da defesa e poder aproveitar as brechas que sobram para utilizar seus excelentes chutadores: Vezaro (67 bolas triplas com 47% de aproveitamento) e Hamilton (38 acertos com 38%). 

Em três oportunidades, Léo Costa levou o 123 Minas à terceira colocação da BCLA (Ricardo Vieira de Sá/Bauru)

Quanto maior o desafio, maior a responsabilidade. É a chance para Anderson Barbosa mostrar porque é um dos melhores defensores do NBB. Forte fisicamente, Anderson tem sido importante para o Paulistano ter a 3ª melhor defesa do NBB (73,3 pontos sofridos de média) e terá pela frente essa dura tarefa.

Uma ideia para diminuir a agressividade de Johnson é fazer ele se desgastar na defesa. Gui Abreu pode levar vantagem jogando contra o gringo no poste baixo. Mais alto (2,01m contra 1,96m de Shaq), tem ótimo trabalho de pernas e um chute consistente na média distância (12,1 ppj com 58% de aproveitamento) que pode acarretar problemas para o Minas. 

Outro que sempre oferece perigo para os sistemas defensivos é Nate Barnes. Contra o Pato, nas oitavas, teve 16,6 pontos de média e matou 12 bolas em 3 jogos. 

Nate Barnes é o cestinha do Paulistano no NBB 15, com média de 13.4 pontos (Willian Oliveira/Foto Atleta)

O gatilho do “baixinho” norte americano é fundamental para o Paulistano sonhar com a classificação à semifinal. 

O 4° versus o 5° sempre denota o equilíbrio e possibilidades reais para ambos os lados. 

Durante a fase de classificação foram dois resultados para frustrar qualquer palpite. Uma vitória para cada lado: no 1° turno CAP 90 x 73 MIN e no 2° turno MIN 105 x 70 CAP. 

No basquete, assim como na vida, criamos expectativas baseadas em análises e vivências e fazemos muitas projeções, imaginando e prevendo o futuro. Mas também o basquete, assim como a vida, não é uma ciência exata, o que torna tudo meio incerto e ao mesmo tempo emocionante. 

Essas são as características da baita série de playoffs que começa hoje.