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Seleção Brasileira

PRANCHETA DO GUSTAVINHO - VERSÃO BRASILEIRA

18-11-2022 | 06:00
Por Gustavinho Lima

Em mais uma edição da coluna especial de Gustavinho Lima no site da LNB, o destaque é para o bom rendimento da Seleção Brasileira em busca da vaga para a Copa do Mundo 2023

O meu personagem da semana tem que ser o escrete brasileiro!

O Brasil ganhou dos Estados Unidos! Vou dizer de novo: a seleção brasileira de basquete venceu a seleção americana!

Fôssemos menos afeitos à tragédia estaríamos comemorando como loucos essa vitória. Mas o crítico de rede social vem com aquela “ah, mas esse time dos EUA é um catado”.

Nelson Rodrigues chama esse aspecto do torcedor brasileiro em não conseguir se dar o devido valor de “complexo de vira-latas”.

Sempre tem um porém para enfraquecer o resultado, desmerecer a conquista. Sejamos analíticos. Sim, o time estadunidense é sim um catado! Mas, catado ou não, é o líder do grupo das Eliminatórias da Copa do Mundo de Basquete. A melhor escola de basquete do mundo sofreu com a intensidade e boa leitura ofensiva do Brasil e conheceu (somente) sua segunda derrota na competição em 10 jogos.

Seleção Brasileira superou os Estados Unidos na última semana (FIBA)

No time dirigido por Gustavo de Conti, a boa e velha mescla entre a juventude e experiência deu certo mais uma vez, principalmente na armação. O armador americano David Stockton, filho de John Stockton, deve ter tido pesadelo com a dupla de armadores brasileiros. Marcelinho Huertas e Yago se impuseram e, alternando bem o ritmo no ataque, deixaram o jogo mais fácil (94 x 79). Somaram 12 assistências contra somente três do filho do maior passador da história da NBA.

Por falar em NBA, pelo nível que vem atuando em quadra penso que Bruno Caboclo mereceria mais uma oportunidade na melhor Liga de basquete do mundo. Com extrema facilidade em quadra, o ala/pivô do Brasil dava enterradas como se estivesse jogando no recreio do colégio. Depois de abocanhar o prêmio de MVP do último NBB, hoje defende as cores do time mexicano Capitanes da G-League, que tem como auxiliar técnico o prodígio Vitor Galvani, um dos assistentes da seleção brasileira.

Quem também está voando é Georginho. O ala/armador é na minha opinião o melhor jogador atuando em solo tupiniquim na atualidade. O líder histórico de triple-doubles do NBB vai se soltando cada vez mais também vestindo a amarelinha. Foi muito bem nas duas vitórias da janela nas Eliminatórias, com média de 14,5 pontos e 5 rebotes por jogo.

O segundo jogo da janela foi digno de uma novela mexicana. As malas da delegação brasileira da viagem de Dallas para Chihuahua foram extraviadas. Inviabilizaram os treinos do dia seguinte e por pouco alguns jogadores não ficam sem seus tênis pro jogo contra a seleção mexicana. Os atletas foram ao shopping pra tentar comprar novos tênis, mas alguns encontraram dificuldade com a numeração. Depois de muito empenho da CBB, as malas e todo o aparato necessário para peleja chegaram poucas horas antes do confronto.

No segundo duelo desta janela, Brasil imprimiu ritmo forte e também venceu o México (FIBA)

Com todo o enredo favorável ao time da casa, o Brasil contrariou o desfecho esperado pelos mexicanos e por parte dos nossos torcedores “vira-latas” e escreveu um novo fim. O que se viu foi um verdadeiro atropelo em verde amarelo!  Do início ao fim, o Brasil demonstrou intensidade dos dois lados da quadra e fechou o jogo em 102 x 56.

Em um jogo coletivo perfeito, foram 21 assistências, tendo 10 jogadores matando bolas de três (20/40), seis jogadores com dez ou mais pontos e uma defesa consistente durante os 40 minutos.

Plano de jogo e disposição em quadra “de tirar o sombrero”!

Motivo só pra comemorar, mas sempre há o torcedor que gosta de achar pelo em ovo. E lembrou da derrota do Brasil para esse mesmo México jogando em Jaraguá do Sul, há mais de três meses, no dia 29/8 nas Eliminatórias. “Não vamos nem classificar para o mundial” gritavam os pessimistas ao fim de Brasil 72 x 82 México.

O tempo para treinar faz toda a diferença e o Brasil se beneficia por manter a base (9 jogadores) da equipe vice-campeã da Copa América no Recife em setembro. Hoje, depois da vitória sobre os Estados Unidos e na sequência sobre o México, com possivelmente a melhor atuação da seleção na era De Conti, ao invés de simplesmente comemorar, por vezes salta o “viralatismo” impregnado em alguns trazendo o revés anterior.

Ora pois: perdemos sim, mas agora ganhamos! Ganhamos e bem!

Digo que ganhamos porque penso que quando a seleção entra em quadra, é como se todos nós brasileiros estivéssemos jogando juntos. Da arquibancada ou do sofá da minha casa, torço, vibro e me sinto representado. A seleção é de todos!

A Copa do Mundo de futebol está chegando e entendo quando os mais de 120 milhões de cidadãos brasileiros vestem a camisa e se unem em “busca do Hexa”. Faço coro pelo nosso basquete e o escrete brasileiro, o meu personagem da semana, que com esses dois triunfos colocou um pé na classificação para a Copa do Mundo de Basquete em 2023. Com sete vitórias e três derrotas, o Brasil vai poder sentir o calor das suas arquibancadas em casa novamente, em fevereiro (em sede ainda não divulgada), contra Porto Rico e EUA. Só precisa de uma vitória simples em um dos confrontos para carimbar o passaporte para o Mundial FIBA 2023, que será realizado no Japão, Filipinas e Indonésia entre 25 de agosto e 10 de setembro.

Vamos juntos! Nossa seleção tá dando orgulho de ver!