HOJE
Prancheta do Gustavinho - Ano novo, a Super 8 vem aí!
Por Gustavinho Lima
Nos primeiros dias de 2023, nosso armador traz um balanço de como as equipes classificadas chegam à competição e como está a disputa pela última vaga do Torneio
Não sou supersticioso, mas convenhamos que no ano 23 o basquete tem tudo para ser grandioso. Há alguns ritos na passagem do ano. Agradecimentos, pedidos e reflexões são comuns. Normalmente paramos para fazer um balanço das nossas escolhas, atitudes e traçar novos planos e metas.
As equipes fazem o mesmo. Avaliam a produtividade individual e coletiva de seu elenco. Com o NBB já quase na metade, os preparadores físicos, que são imprescindíveis na evolução de um time, já têm o planejamento para que seus atletas cheguem fisicamente na ponta dos cascos nos playoffs e finais de campeonatos internacionais.
A comissão técnica já pode ter uma ideia clara de onde a equipe pode chegar no campeonato. Particularmente, tenho fé que o principal da pausa para o Réveillon é renovar as baterias com a família para voltar mais forte no ano vindouro.
Se eu ainda estivesse na ativa ao pular as sete ondas, certamente teria desejado um extra passe daquele “fominha” do meu time ou até mesmo um múltiplo esforço na rotação defensiva daquele outro que está sempre dizendo “não era meu”.
O basquete é um esporte coletivo e a busca pela sintonia deveria ser a chave na cabeça de qualquer jogador. Acredito no trabalho a longo prazo e no jogo altruísta acima de tudo. E durante essa primeira etapa de competição em 2022, ficou evidente que esse foi o acerto de Franca.
Líder do NBB chega embalado
O atual campeão do NBB manteve sua base e a invencibilidade na temporada 22/23. São 16 vitórias, ostentando o melhor ataque da competição com 89,1 ppj. É verdade que o time francano tem os três melhores jogadores atuando no país. Georginho, está sobrando mais uma vez. Lidera a Liga em eficiência (21,8) pela quarta temporada seguida. Lucas Dias é clutch! Sempre decisivo, é a referência do time para fechar jogos. E Lucas Mariano,como sempre dominante, é um dos recordistas da temporada em pontos (32).
No entanto, o grande desafio do coach Helinho Garcia, consiste em conseguir dividir o protagonismo do Big 3 e agregar peças que possam se encaixar ao redor das estrelas desempenhando o seu papel. David Jackson e Scala, são escolhas certeiras como coadjuvantes. Dois craques, mas com excelente timing para não ofuscar o brilho do trio.
A base vem forte
Aos 20 anos, Márcio, cria da base, tem impacto dos dois lados da quadra. Atlético e inteligente, seria titular na grande maioria dos times do NBB.
Outros jovens também têm aproveitado os minutos de quadra, caso de Reynan, Zu Jr e Edu Marília. O experiente Jhonatan, lesionado, fará uma falta enorme, principalmente nas finais. Mas pelo que vem jogando, Franca é franco (com o perdão do jogo de palavras) favorito ao bi do NBB.
Os desafiantes entre os 8 primeiros colocados
Flamengo sempre Flamengo
O vice-líder do NBB, montou um elenco forte, mas ainda não encaixou seu melhor quinteto. Nos times dirigidos por Gustavinho De Conti é comum a alta rotatividade, sempre mantendo excelente ritmo e volume de jogo. Virtude que passa muito pela sintonia de Gustavo com seus armadores. Nessa temporada, escolheu dois argentinos vencedores, Penka Aguirre e Vildoza para a difícil missão de substituir a dupla Yago e Balbi. Alternando bons e maus momentos até aqui, os hermanos, agora terão a ajuda de talentoso Ricardo Fischer, que foi “repatriado” (BRB – FLA) para tentar encontrar um melhor padrão para o time rubro negro.
No Flamengo são muitos os jogadores capazes de decidir uma peleja. O ótimo Rafael Mineiro vem sendo o jogador mais consistente. Olivinha o coração do time. Gui Deodato, Hettsheimeir, Cuello e Martinez têm poder de fogo nas mãos (impressionante o tanto de gatilho). Próximo ao aro tem Faverani e o Gabriel Jaú, muito efetivo 1×1 no poste baixo.
Nunca duvide do Mengão. Afinal, historicamente é o maior vencedor do NBB, e até o momento soma 14 vitórias em 16 jogos.
Resiliência no Morumbi
O São Paulo demonstrou enorme capacidade de superar adversidades e se reinventar. Perdeu Bruno Caboclo, o último MVP do NBB para o Capitanes da G-League. Os dois cestinhas da história da competição, Marquinhos e Shamell, estão lesionados e mesmo assim consegue a proeza de se manter no G4.
O time é cascudo e a competitividade é a cara do Tricolor! Para enfrentar a dupla de armadores Élinho (segundo em assistências da Liga, 7,7 apj) e Bennet (eleito “Defensor do Ano” na temporada 2021/2022), quem não estiver muito bem preparado corre o risco de passar vergonha. Na minha opinião, trata-se do melhor backcourt do NBB. E ainda tem o sólido Coelho vindo do banco. Realmente, não é pra qualquer um!
Uma grande virtude dos técnicos é arrancar o melhor de seus comandados e Bruno Mortari, assim como fazia seu pai Cláudio, vem tendo êxito nesse quesito.
Tyrone (que infelizmente está fora da temporada por uma lesão no tendão de Aquiles na última rodada) vivia o melhor momento de sua carreira. Sob o comando de Bruno é um dos recordistas de pontos da temporada (32).
Malcolm Miller também subiu de produção com a camisa do São Paulo. O ala vem jogando solto, é o cestinha de bolas de três do NBB e já matou incríveis 60/120 (50%) em 15 jogos. Com 12V e 3D, é o terceiro na tabela, e recentemente contratou Tulio da Silva, outro atleta com muito potencial para deslanchar.
Entre os quatro “uai”
Nos últimos anos o 123 Minas (10V e 5D) se acostumou a estar no G4. Para retomar sua posição passou por cima do Corinthians (64x 95) e contou com a derrota do mesmo para o lanterna Cerrado para assumir a quarta posição.
O time mineiro evoluiu nitidamente desde o início da competição, mas ainda carece de regularidade durante os 40 minutos. Após duros embates na BCLA criou uma casca maior. O tripé remanescente tem extrema facilidade para se achar. Alexey, Shaq Johnson e Renan Lenz vêm mais uma vez ditando o tom do time.
Detalhista, o treinador Léo Costa formou diferentes quintetos, ora utilizando o versátil Wesley, ora o intenso Paranhos. O Minas é o time que melhor passa a bola (20,6 apj) na Liga e vem aprimorando o espaçamento em quadra se aproveitando das boas mãos de Vezaro e Hamilton.
Eficiência no Parque São Jorge
O Corinthians ainda briga pelo G4 (10V e 5D) e por muitos momentos teve o basquete mais encantador do NBB. Léo Figueiró acertou demais na montagem de sua equipe. O fato de contratar jogadores que já conhecia de trabalhos anteriores, facilitou o entendimento do sistema de jogo. O Corinthians tem 3 entre os 7 primeiros em eficiência da Liga.
Mãozinha já caiu nas graças da Fiel. Não tem bola perdida nem rebote que ele não vá atrás (líder com 9,7 rpj). Reeditando a dupla campeã da LDB pelo Pinheiros com o habilidoso Gabi Campos, ele coleciona highlights com ponte aéreas e enterradas fenomenais. É o segundo em eficiência (19,1) da competição.
Ao seu lado no garrafão tem Big Maique, que faz sua melhor temporada disparada na carreira. O pivozão é o líder de tocos (1,5) e o terceiro em eficiência (18,9). Mas o principal destaque do Timão é Davaunta Thomas. Dono de um repertório absurdo de recursos ofensivos, é o segundo cestinha com 18,5 ppj e o sétimo em eficiência (17,6) .
For Fun
O Pinheiros (9V e 5D) está redondinho. O treinador David Pelosini, apostou na manutenção de seu elenco e deu oportunidade para garotos surgidos na base do clube. É o caso de Felipe Ruivo, que retornou ao clube formador e vem sendo um dos melhores armadores do campeonato. Recorde da temporada para o maestro, com dois jogos de 15 assistências.
Com um sistema de jogo aberto onde não há jogadas cantadas (intitulado “for fun” por Pelosini), o Pinheiros tem diferentes destaques em cada jogo. Com Jefferson William e Dikembe no garrafão, o Azul e Preto é o líder em rebotes ofensivos (13,5 segundas chances por jogo).
Outra prata da casa, Rafael Munford é um verdadeiro touro em quadra. Compete nas duas tabelas e vem pontuando de diversas maneiras (17,1 ppj). Certamente é um dos candidatos a melhor ala e jogador que mais evoluiu nesta temporada.
Antecipe o Futuro
O Paulistano (9V e 6D) há anos aposta na juventude e vem fazendo uma ótima competição. O técnico Demétrius Ferracciú tem o time mais jovem da competição nas mãos (média de idade 21,1 anos) e vem se garantindo na defesa e no jogo em transição.
Bom demais ver Victão saudável (11,1 ppj + 5,1 rpj), após a lesão. O ala/pivô ganhou tudo pelas categorias de base do clube e continua com a mesma disposição e energia contagiantes em quadra.
Com moral com o treinador, o jovem promissor Adyel Borges vem correndo muito bem a quadra e desequilibrando partidas. É o líder de pontos e assistências (13,7 + 3,9) do CAP. Se conseguir melhorar sua seleção de arremessos, pode dar voos ainda mais altos!
Quem fica com a última vaga da Copa Super 8?
Com sete classificados, dois concorrentes ainda lutam pela vaga no mata a mata
Dragão
Bauru (7V e 7D) tem um quinteto homogêneo e um treinador experiente, que sabe tirar proveito dessa formação. Machuca (Larry), Danilo Fuzaro, Alex Brabo, Gemerson e Anderson mexem bem a bola no ataque e podem trocar tudo na defesa, o que causa dificuldades para os adversários.
Guerrinha mostrou o caminho e Bauru foi novamente campeão sul-americano em 2022. O Dragão foi campeão em 2014 justamente com o técnico à frente da equipe que também tinha Brabo e Larry no elenco. Dessa vez com uma vitória de personalidade na final na Argentina contra o San Martin, Bauru teve dois jogadores no quinteto ideal da competição: Gemerson e Fuzaro, também foi eleito MVP do torneio. No entanto, o plantel curto e a maratona de jogos dificultaram a estabilidade para o time bauruense no NBB.
Jack
Em Campina Grande, o torcedor apaixonado que vem lotando a Arena Unifacisa ainda sonha com uma vaga no Super 8. Depois de um início a todo vapor, a Unifacisa (7V e 7D) acabou saindo um pouco dos trilhos. A lesão do pivô Gersão contribuiu para essa baixa da equipe.
César Guidetti montou um elenco profundo, mas falta regularidade durante as partidas. Pela segunda temporada consecutiva, Antonio é o destaque do time. A organização passa muito pelas mãos de André Góes e Cauê Verzola, que vêm tentando envolver bons pontuadores como Guilherme Hubner, Jimmy e Gaskins.
Game Winner
Na esfera pessoal eu volto restaurado, com muita vontade de atuar como comentarista e ajudar a construir um basquete melhor. Em 2022, aposentado das quadras, fiz o maior game winner da vida! Minha filha Maitê!
É a maior alegria, mas também um trabalho imenso e com poucas horas de sono. Fico pensando nos jogadores que têm filhos durante suas carreiras e imagino o desgaste extra e a confusão de sentimentos. Quero jogar uma luz e fazer um agradecimento especial a minha esposa Ana e a todas as mães que são esposas de jogadores. Verdadeiras guerreiras, pois vejo o empenho e carinho superando o cansaço dia após dia. Dando muito duro na criação, amamentação e cuidados desses pequenos. Jogar é mais fácil!
Tudo isso pra dizer que somos seres humanos movidos por sentimentos. E que a tática, aprimoramento técnico e dedicação nos treinamentos são fundamentais, mas o emocional pode decidir uma partida. Que não falte nunca o olhar cuidadoso da torcida, imprensa e principalmente dos treinadores com a pessoa por trás do atleta.
Feliz 2023!
O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA e o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), e conta com os patrocínios oficiais da Sportsbet.io, Penalty, EY, Whirlpool, UMP e apoio da IMG Arena, Genius Sports e Accor.