HOJE
Prancheta do Gustavinho: Flamengo entra como favorito, Bauru tenta revanche histórica
Por Liga Nacional de Basquete
As quartas de final do NBB 15 chegaram e o confronto entre Flamengo e Bauru promete ser eletrizante! Gustavinho Lima traz a análise do confronto que tem seu primeiro jogo hoje, no Rio de Janeiro
Depois de uma temporada muito sólida (28 vitórias e somente 4 derrotas), o Flamengo teve o direito de assistir de casa os duelos das oitavas de final. Já o Bauru conquistou a vaga nas quartas de final após uma série cheia de emoção contra Oscar São José Basketball. O ginásio Panela de Pressão ferveu no jogo 3 e o Águia do Vale, jogando mais um bom jogo, vendeu caro a vitória no confronto decisivo para o time da casa.
Para fazer valer o mando de quadra, o Dragão contou com mais uma atuação “braba” de Alex Garcia. Flertando com o triplo duplo, anotou 14 pontos, 9 rebotes e 8 assistências. Danilo Fuzaro, também foi bem (18 pontos), sendo o jogador mais consistente da equipe bauruense durante os Playoffs com 20,3 ppj.
A equipe treinada por Guerrinha, não à toa, é a 2ª equipe que menos sofre pontos no NBB 15 (71,4 ppj). Muito experiente em momentos decisivos, o comandante soube fazer um bom ajuste na defesa das jogadas de “pick and roll” do São José, diminuindo os pontos dentro do garrafão do jogo 2 (38) para o jogo 3 (20).
Contra o Flamengo, essa é a chave para tentar equilibrar o playoff melhor de 5. Apesar de a equipe dirigida por Gustavinho de Conti chutar mais de três do que de dois pontos (o 2° maior volume de bolas de três pontos da temporada, 36,6 3PA), acredito que o que pode ferir a defesa do Bauru são os pontos dentro do garrafão.
Hettsheimeir tem uma mão afiada nos tiros de longa distância, mas quando utilizado próximo ao aro, também costuma causar estragos. Tem o 2° aproveitamento de 2 pontos na Liga (68%) e na vitória do Flamengo contra o próprio Bauru no 2° turno (66 x 54), anotou 20 de seus 23 pontos dentro da zona pintada.
Outro jogador difícil de ser parado jogando no poste baixo é Gabriel Jaú. Muito intenso, o ala/pivô tem nas chamadas estatísticas avançadas o melhor “Player Efficiency Rating”, que traz a performance do atleta por minuto, levando em conta o ritmo do time (23 PER). Soma 12,3 ppj em 24 minutos em quadra.
Que time tem o luxo de ter vindo do banco dois atletas “hall da fama” do Novo Basquete Brasil? Olivinha e Rafa Mineiro são acostumados a decisões: somada, a dupla tem 9 títulos de NBB (Olivinha 6 e Rafa 3). Certamente não vão sentir o peso de mais um Playoff.
Por falar em conquistas, o armador argentino Penka Aguirre tem um apelido curioso dentre os torcedores de seu ex-time, o San Lorenzo. “El señor de los anillos ” (O senhor dos anéis), em alusão aos 6 títulos conquistados na Liga Argentina, sendo 5 em sequência.
O armador tem bom porte físico para defender e pode ser mais uma arma para frear seu conterrâneo Jonny Machuca, que vem afiado nos 3 pontos (66 bolas convertidas com 39% de aproveitamento) ou até mesmo ser escolhido para conter as perigosas infiltrações de Danilo Fuzaro.
Taticamente, o time dirigido por Gustavinho tem uma defesa quase perfeita. É a equipe que força o pior aproveitamento de arremessos dos adversários, a que menos cede rebotes ofensivos e a que menos põe os oponentes na linha de lance livre. Não tem cesta fácil… Para fazer pontos no time da Gávea tem que merecer (melhor defesa do NBB com média de 69 pontos sofridos).
Além do sistema defensivo ajeitado, o Flamengo tem bons jogadores tanto na defesa de 1 x 1 como nas coberturas. Além de Penka, o Rubro-Negro tem também Rafa Mineiro (eleito melhor defensor do ano em 20/21), Jáu e Gui Deodato. Gui é uma das maiores potências do basquete nacional e tem capacidade para marcar jogadores praticamente de qualquer posição. Vem embalado depois de seu melhor jogo com a camisa do Mengão na final da BCLA. Apesar da derrota para Franca, ele anotou 25 pontos com 5 bolas de 3 pontos. Gui já foi campeão da Liga por Bauru (16/17) e esse ano tenta repetir o feito pelo Flamengo.
Quem vem também em ótima fase é Ricardo Fischer. A melhor opção na armação do time rubro negro na temporada contribui com 10,5 ppj e 4,4 assistências. É um velho conhecido do torcedor de Bauru, onde teve justamente durante sua melhor fase na carreira. Atuando sob a batuta de Guerrinha, Ricardo foi eleito o melhor armador do ano e conquistou o Campeonato Paulista, o Campeonato Sul-Americano e a Liga das Américas.
Com Fisher no comando, o Dragão chegou a duas finais consecutivas do NBB (14/15 e 15/16). Era um timaço, dos maiores de todos os tempos do NBB. Além de craques do gabarito de Robert Day, Jefferson Willian e Murilo Becker, tinha na formação outros jogadores desse confronto. Pelo lado rubro-negro: Hett, Deodato e Jaú (em início de carreira), além de Brabo e Larry pelo lado verde e branco.
Nas finalíssimas, esbarrou justamente no super time do Flamengo, que tinha craques do nível de Laprovittola, Benite, Marcelinho Machado, Marquinhos, Herrmann, Olivinha, Meyinsse, Felício e José Neto como coach, e acabou derrotado em ambas. Único remanescente daquele timaço, Olivinha foi eleito MVP das finais em 15/16.
Tentando se vingar da derrota naquelas finais, Bauru acredita na força de um tetracampeão do NBB. Brabo, continua bom como o vinho. Contra o São José, Alex teve a melhor eficiência das oitavas de final (22,3) e a incrível média de 8,3 passes para cesta. No 1° turno, foi um dos responsáveis pela quebra da invencibilidade do Flamengo no campeonato (Bau 82 x 77 Fla) com 19 pontos, 7 rebotes e 4 assistências.
Para tentar vencer o Flamengo na série de quartas de final, Alex terá que se valer da sua principal característica: a defesa. Aos 43 anos, já foi eleito 9 vezes o melhor defensor do ano do NBB e precisará mostrar vigor físico para tentar brecar o atual MVP das finais argentinas. O “hermano” Martin Cuello, em sua primeira temporada no Brasil, demonstrou potencial de fogo e já matou 59 bolas triplas nesse NBB, com 41% de aproveitamento (11,9 ppj).
O bom defensor Anderson Rodrigues será peça fundamental para diminuir o ímpeto dos homens grandes do Flamengo. Terá também a dura missão de conter as investidas rubro-negras na tábua ofensiva (Flamengo pega 12 rebotes ofensivos por jogo, 3° do NBB) e vai precisar da ajuda do ala/pivô Gemerson, outro bom jogador dos dois lados da quadra.
Bauru é um time que sabe vencer. Essa temporada foi campeão sul-americano dentro da Argentina. O Flamengo, no entanto, é favorito, tem investimento superior e foi montado para chegar às finais de todos os campeonatos que disputa. Na tentativa de revanche histórica a missão do Bauru é de superação.
Existe um livro de Gabriel Garcia Marques que se chama “Crônica de uma morte anunciada”. Nele, o escritor colombiano conta a história de uma tentativa de vingança, anunciada logo na primeira página. Mas só ficamos sabendo quem morreu no final do livro.
Assim como nessas quartas de final que tem início hoje.