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PRANCHETA DO GUSTAVINHO - OS XERIFES DO GARRAFÃO

08-12-2022 | 07:25
Por Gustavinho Lima

Gustavinho Lima analisa a arte dos tocos, exaltando a intensidade defensiva de atletas do NBB que são especialistas nesse recurso

O nome do jogo é bola ao cesto, diriam os mais antigos. Sim, a velha guarda tem razão: quem faz mais cestas ganha. No basquete, o cestinha geralmente tem seu nome dentre os destaques do pós-jogo. Os pontos convertidos são sempre comemorados, mas há um lance no jogo que é tão celebrado e emblemático como quando a bola cai. O toco!

Sou fã do toco, vibro quando alguém é capaz de contar a passada do atacante e subir no terceiro andar para evitar uma bandeja ou uma enterrada. O basquete é um esporte de intimidação e possivelmente o toco seja o seu maior símbolo durante as partidas. Por isso o meu personagem da semana é o toco!

Hoje no NBB nada é mais difícil do que fazer uma cesta na zona pintada do Corinthians.

O time do Parque São Jorge é o líder disparado em tocos no NBB, com 4,8 tapas por jogo. O segundo colocado é o Pinheiros com 2,8.

Com um garrafão de respeito, é preciso coragem ou pouco juízo para tentar infiltrar e finalizar contra o time dirigido por Léo Figueiró. O técnico corinthiano foi cirúrgico na montagem do elenco e trouxe dois jogadores de sua confiança para lacrar o garrafão alvinegro.

Maique e Mãozinha, à medida que saltam, levantam também os torcedores das arquibancadas. Seja em casa ou fora, é impossível ficar impávido diante de tamanha “indelicadeza”. Os dois não pedem licença, simplesmente arrancam a bola da mão dos adversários sem o menor pudor. São conhecidos também por muitas enterradas, algumas delas, diga-se de passagem, de cinema!

Mãozinha é o 2º colocado em tocos no NBB 15

Além das dunks, a dupla M e M do Timão se complementa como a melhor dupla de “zaga do NBB”. Juntos, colecionam incríveis 3,5 tocos por partida, ultrapassando o segundo colocado da competição, o Pinheiros, com 2,8. Big Maique tem média de 1,8 tocos e Mãozinha 1,7 rejeições.

Maique é o líder de tocos no NBB 15

Ter tempo de bola e atleticismo é fundamental para ser bom nesse fundamento.

Como vocês sabem ou podem imaginar, eu levei muito mais tocos do que dei. Enfrentar os pivôs era um perigo que eu gostava de correr. Afinal, os baixinhos são atrevidos por natureza e também porque nem sempre o pivô que vem na ajuda tem a leitura correta da jogada e pode muitas vezes falhar na cobertura, cometendo uma falta ou deixando alguém livre debaixo da cesta para receber a assistência. O risco é mútuo no embate entre o atacante e o defensor.

A experiência e o timing acabam por fazer a diferença nesse duelo. No NBB, com jogadores cada vez mais atléticos, também pode acontecer o famoso “poster”. Uma das jogadas mais espetaculares do basquete, acontece quando um jogador vem para dar o toco e leva uma enterrada na cabeça, digna de um frame. Poster! Faz parte…Quem se dispõe a vir pro toco também está sujeito a levar uma ou outra na cabeça!

Um dos grandes ícones da história do NBB no quesito toco é o pivô Guilherme Teichmann. Muito inteligente na leitura de jogo e com excelente tempo de reação, é um verdadeiro mestre na defesa. Antecipa tanto as ajudas de “pick and roll” e tem boa impulsão para contestar qualquer um que se aventure a soltar uma bola sem protegê-la.

Jogou todas as edições do NBB e já defendeu o garrafão de diferentes equipes. É o líder de tocos na história do NBB (359 no total) e em sua segunda temporada pelo União Corinthians continua empolgando o Ginásio Arnão em Santa Cruz do Sul com suas jogadas defensivas e também com suas enterradas. Teichman ostenta também a liderança histórica nas dunks do NBB com 352 enterradas.

Guilherme Teichmann atuou em todas as edições do NBB

Na temporada 2022/2023, Teichman tem ao seu lado como companheiro de equipe um jogador com apetite por tocos. O uruguaio Federico Aguerre vem se destacando no time dirigido por Athos Calderaro com boas médias em diferentes fundamentos. O ala/pivô charrua é o terceiro jogador com melhor média de tocos na competição (1,1).

Mas no NBB são vários os jogadores com a volúpia necessária para subir e grudar uma bola na tabela. O torcedor francano, por exemplo, sabe o quão valioso é ter o pivô Lucas Mariano como seu “cincão”. Antenado ao basquete moderno, Lucão tem matado muitas bolas de três, mas não deixa de fazer a função clássica dos pivôs. Bons bloqueios, rolar para dentro e proteger o aro. O xerife do garrafão de Franca pode se tornar em breve o líder de tocos de todos os tempos na Liga. Aos 28 anos, é o segundo da história da competição com 295 blocks. Se nos próximos anos continuar no Brasil (tem basquete para atuar fácil nas melhores ligas da Europa), pode assumir a ponta com tranquilidade.

Lucas Mariano, do Franca

O basquete é um esporte de intimidação e bater pra dentro pode não ser a melhor opção com tantos gigantes protegendo o garrafão. Mas, como diria Guimarães Rosa, “o que a vida quer da gente é coragem”!

 

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