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NBB Caixa / Prancheta do Gustavinho

Outro campeonato

08-05-2025 | 10:56
Por Gustavinho Lima

Confrontos das quartas de final do NBB CAIXA estão definidos, e o nível promete ser altíssimo. Com favoritos, surpresas e clássicos, a próxima fase dos playoffs tem tudo para ser memorável

Os playoffs são realmente outro campeonato. O equilíbrio emocional e a capacidade de ajustar durante a série fazem toda a diferença. E o que vem por aí promete ser de altíssimo nível.

Que venham mais grandes jogos — é playoff, é NBB CAIXA!

(1º) KTO Minas x R10 Score Vasco da Gama (8º)

O KTO Minas passou com autoridade pelo Desk Manager Mogi Basquete, impondo seu jogo coletivo e bem estruturado. Agora enfrenta o R10 Score Vasco da Gama, uma das equipes mais intensas do campeonato. O time carioca eliminou o Farma Conde/São José Basketball com imposição física e atuações decisivas. Marquinhos apareceu nos momentos certos, como era esperado, com 17,5 pontos por jogo, com 3,5 bolas de três pontos convertidas com mais de 50% de aproveitamento, sendo o destaque do Gigante da Colina.

Quem aportou ótimas atuações foi Eugeniusz, que passou muito melhor a bola na série, subindo de 3 para 6,3 assistências por jogo nos playoffs. Sempre consistente, Paulichi foi bem dos dois lados da quadra e contou com as mãos afiadas de Eddy, com 12/22 nas bolas triplas na série, e também com a ótima participação do “carregador de piano” Humberto, anotando 17 pontos e pegando sete rebotes no jogo decisivo.

Na temporada regular, uma vitória para cada lado no duelo entre KTO Minas e R10 Score Vasco da Gama. Foto: Hedgard Moraes/MTC

A série promete ser um teste importante para Wini Silva, pivô do KTO Minas. Dominante no garrafão, o jovem prospecto de 20 anos foi o cestinha e líder de rebotes do time nas oitavas com médias de 14 pontos e 7,3 rebotes. Contra o R10 Score Vasco da Gama, que não tem um “cincão”, pode ser a chance de tentar se impor novamente e levar vantagem na zona pintada. Paulichi é um dos melhores defensores do NBB CAIXA e pode ser o encarregado de brecar o Wini.

Bom duelo não só entre os pivôs, mas outros matches interessantes pensando em quem será o defensor de Marquinhos. Danilo Fuzaro é excelente marcador, mas tem muita diferença de altura, 2,07 do ala do R10 Score Vasco da Gama contra 1,93 do ala-armador minastenista.

Na armação Scott Machado e Baralle versus Jamaal e Eugeniusz também promete ser um match que vai pegar fogo.

Apesar de ser 1° contra 8°, acredito em uma série equilibrada.

(2º) Flamengo x Corinthians (10º)

O Flamengo, com uma campanha consistente na temporada regular e embalado pelo título da BCLA, precisou suar a camisa e contar com atuações especiais do pivô Ruan Miranda, que somou médias de 14,5 pontos e nove rebotes, para vencer o 15º colocado Caxias do Sul Basquete por 3 a 1. Agora encara o Corinthians no Clássico das Multidões.

O time alvinegro superou o 7º Ceisc/União Corinthians com mais qualidade e leitura de jogo, fechando a série por 3 a 1. Elinho foi decisivo ao achar Victão para matar a bola de três que garantiu a liderança nos segundos finais do jogo 4. Lucas Cauê teve grande desempenho dos dois lados da quadra com médias de 15,3 pontos e 8,8 rebotes e 2,8 “stocks” (steals + blocks, ‘roubadas + tocos) e entrou para o quinteto ideal das oitavas.

Corinthians derrotou o Flamengo nos dois jogos da temporada regular. Foto: Paula Reis/CRF

O Flamengo tem o melhor elenco do NBB CAIXA e conta com muitos jogadores capazes de decidir um jogo de playoff. Uma defesa pressionada em cima de Shaq Johnson e Jordan Williams vai ser fundamental para o time corintiano diminuir o volume de jogo dos alas rubro-negros.

Mas a grande chave deste duelo vai ser a defesa de pick and roll. Os dois melhores assistentes do NBB CAIXA, Alexey de um lado e Elinho do outro, sabem tomar boas decisões depois das jogadas de dupla. Trocas nos bloqueios pelo lado do Flamengo podem tentar diminuir o ímpeto do Elinho e, em passar a bola e ter que forçar mais tiros, pode ser uma estratégia. No entanto, o maestro teve 15,2 pontos de média com 46% de aproveitamento nas bolas de três. Ao passo que Alexey é um dos jogadores que mais se aproveita dos mismatches para cortar e criar vantagens. Uma alternativa, que talvez possa ser utilizada, são dobras no amador flamenguista, com que faça com que ele tenha que soltar a bola e com que os pivôs tenham que tomar mais decisões.

A capacidade de adaptar as estratégias rapidamente durante os playoffs pode ser o diferencial.

Vale lembrar: o Corinthians venceu o Flamengo nas duas partidas da fase de classificação.

(3º) Sesi Franca x Pinheiros (6º)

Depois de um jogo duro em Pato Branco na abertura da série, o Sesi Franca, jogando no Pedrocão, não teve dificuldades para varrer o Pato Basquete por 3 a 0. Como de costume, Lucas Dias cresceu nos playoffs e liderou o time com média de 21 pontos por jogo, com um absurdo 80/65/52% de aproveitamento nos arremessos de lance livre, dois e três pontos, respectivamente.

O adversário agora é o Pinheiros, a grande “surpresa” da competição. Com um plano de jogo afiado, o time venceu a Unifacisa em uma série dura que foi até o jogo 5. O excelente armador David Sloan, eleito para o quinteto ideal das oitavas, esteve novamente inspirado e foi agressivo em relação à cesta (17,2 pontos e 7,2 assistências por jogo). Com ótimas leituras durante toda a série, o time soube explorar as dobras sobre ele com passes no short roll, criando vantagens e facilitando as infiltrações e finalizações próximas à cesta, principalmente com Agapy, sempre jogando acima do nível do aro.

Na temporada regular, uma vitória para cada lado no duelo entre Sesi Franca e Pinheiros. Foto: Marcos Limonti/SFB

Contra o Sesi Franca, a missão é dura, mas será interessante ver um time jovem, com a 2ª melhor defesa do NBB CAIXA, enfrentando o tricampeão experiente e acostumado com decisões.

O Pinheiros ataca muito o rebote de ataque e tem de ser um mantra do time contra o Sesi Franca se quiser ter alguma chance na série.

Defensivamente, o time pinheirense, que põe muita pressão na bola, vai ser exigido ao máximo para conter os cortes e tentar frear o forte jogo em transição, sempre partindo das mãos de Georginho e Didi. Na meia quadra, não deixar Lucas Dias no mano a mano é algo que muito provavelmente já deve estar no radar.

O velho e bom clichê da experiência contra a juventude!

(5º) Bauru Basket x São Paulo (13º)

O Big Three de Bauru Basket — Brite, Brabo e Andrezão — precisou jogar no modo prime para vencer o Paulistano/CORPe na prorrogação do jogo 5. O trio somou uma média de 48,2 pontos dos 77,4 da equipe durante a série. Andrezão, no melhor momento da carreira, voltando ao seu ex-clube, foi dominante, flertando o duplo-duplo de média 16,2 pontos e 9,8 rebotes, entrando para o quinteto ideal das oitavas. Imparável em quadra, o americano Dontrell Brite seguiu tendo atuações de MVP, fez 26 pontos no jogo 5 e foi eleito o destaque das oitavas.

O elenco de apoio liderado por Davi Rosseto teve boas contribuições durante toda a série, principalmente entendendo seu papel na equipe e atuando com muita intensidade em quadra.

Uma vitória para cada lado no confronto entre Bauru Basket e São Paulo na temporada regular. Foto: Andrews Clayton/Bauru Basket

Agora o Dragão enfrenta o São Paulo, que passou pelo CAIXA/Brasília Basquete com uma estratégia muito bem definida, atacando os pontos fracos do adversário e eliminando um dos times que jogou o basquete mais bonito da temporada regular.

A bagagem em fases finais pesou para o lado são-paulino, e o experiente armador Ricardo Fischer foi extremamente decisivo. Batendo a carteira do americano Anton Cook no minuto final do jogo 1, para depois de uma temporada de altos e baixos, mais baixos do que altos (13° colocado), dar a dose de confiança necessária durante o playoff. E o talento e frieza do armador apareceram novamente numa jogada espetacular, com uma cesta a poucos segundos do fim para dar a vitória ao São Paulo e derrubar o CAIXA/Brasília, 4° lugar do NBB CAIXA.

O Tricolor tem um elenco mais profundo que o Bauru Basket, com o sempre consistente Corderro Bennett, Malcolm Miller, Coelho e André Góes, além de Ralfi Ansaloni e principalmente Paulo Lourenço, que fez um baita playoff com 13,5 pontos e 8,5 rebotes de média e foi escolhido para o quinteto ideal, mas precisará mais uma vez de um plano de jogo e energia redobrada para defender e baixar os números do trio bauruense em altíssimo nível para avançar.