HOJE
PRANCHETA DO GUSTAVINHO: DUELO DE MAESTROS!DOIS ARMADORES QUE FAZEM O TIME JOGAR
Por Gustavinho Lima
O colunista Gustavinho Lima trouxe sua análise sobre os principais aspectos da série entre São Paulo x Pinheiros, que começa nesta sexta-feira (28), às 20h, no Ginásio do Morumbi
Tem uma frase que é repetida aos armadores desde a categoria de base até o basquete profissional. “A sua função é fazer o time jogar”! Essa série entre São Paulo e Pinheiros pelas quartas de final do NBB, definitivamente não terá problema nesse aspecto.
As duas equipes têm no comando das jogadas, dois armadores clássicos. Os chamados “pass first”, ou aqueles que preferem o passe ao arremesso. Élinho (7,2 as) e Ruivo (7,3 as) são os líderes de assistências da temporada e sem dúvidas o estilo de jogo coletivo de ambos deixa o basquete mais alegre e seus companheiros mais felizes.
Elinho é o 5° maior em passes para cestas da história do NBB (1933 as) e nessa temporada vem novamente jogando o fino da bola no tricolor do Morumbi. Foram oito jogos com mais de 10 assistências e de quebra anotou o 1° triplo duplo da carreira (18 pts, 12 rt e 10 as).
O time são paulino está bem servido neste aspecto e Elinho tem ao seu lado Corderro Bennett. Esta é, possivelmente, a melhor dupla de armadores do NBB.
Bennett é impactante dos dois lados da quadra (13,9 ppj e 1,1 br). Eleito o melhor defensor da temporada 21/22, normalmente é designado para marcar o melhor jogador do outro time. Ofensivamente, corre muito bem a quadra e puxa o “pace” (ritmo) do São Paulo.
Por sua vez, vestindo a camisa pinheirense Ruivo tem os melhores números da carreira (10,6 ppj, 7,3 as e 14,8 ef). Nessa temporada, tem os três recordes de assistências da competição (duas vezes 15 e uma 14 assistências). A última delas foi justamente durante as oitavas de final. Atento ao que o jogo pede, deu 14 das 21 assistências e foi fundamental para a classificação contra o valente time do Caxias.
Vestindo a camisa azul e preta, Ruivo tem boa química com o versátil Jonas Buffat. O ala/armador do pinheirense costuma criar situações para pontuar, mas também acha bons passes usando o “pick and roll” (10 ppj e 2,7 as).
No Pinheiros, o treinador David Pelosini estimula a criatividade e liberdade de seus jogadores no ataque, o que torna uma equipe muito difícil de ser defendida. Ao mesmo tempo, cobra muita defesa e efetividade nos rebotes de ataque. Sua equipe tem a 4ª melhor defesa (76,6 pontos sofridos por jogo), além de ser a líder em segundas chances (13,3 ro).
Essa pode ser a chave a ser explorada no confronto. O Tricolor é a equipe que mais cede rebotes ofensivos (11,7 ro) e talvez possa ter problemas com a agressividade pinheirense no rebote.
Esses são somente os números, já que o time dirigido por Bruno Mortari é experiente e sabe se adaptar às diferentes situações de jogo. Bruno herdou de seu pai Cláudio a habilidade para lidar com o grupo. Já virou rotina observar jogadores subindo drasticamente de produção vestindo a camisa do São Paulo.
Só para citar alguns exemplos recentes: Georginho, Lucas Mariano e Bruno Caboclo foram MVP sob o comando dos Mortari. Léo Meindl voltou a ser convocado para a seleção. Tyrone foi escolhido capitão do Jogo das Estrelas e fazia a melhor temporada da carreira antes de se lesionar. Atualmente, Túlio da Silva é a bola da vez: subiu de 7,5 ppj, 3,8 rt na temporada passada para 13 e 7,7 rt esse ano.
Nessa série, Túlio tem um “match” interessante pela frente. O jovem terá a responsabilidade de defender o veterano Jefferson Willian. Bicampeão do NBB. Jefferson é frio e costuma crescer nos Playoffs. Um dos jogadores mais “clutch” do NBB, ele foi contratado para esse tipo de decisão. É a dose certa de experiência para a jovem equipe de Pelosini.
Experiência é um atributo que o São Paulo tem de sobra. Talvez não exista ninguém tão acostumado a jogos de eliminação como o hexacampeão Marquinhos. Nessa temporada vivendo um momento diferente, após cirurgia no joelho, só atuou em seis partidas e ainda não conseguiu recuperar seu melhor ritmo. Mas obviamente não se pode duvidar nunca do poder de fogo de um dos maiores jogadores de todos os tempos do NBB. Se Marquinhos tiver a bola no fim do jogo é melhor dobrar a marcação no homem.
Caso não esteja bem fisicamente, outro jogador com faro de cesta que pode ter mais minutos de quadra. Betinho tem facilidade para pontuar e pode ser perigoso em uma série mata-mata. O elenco tricolor ainda conta com Shamell. Mas mesmo recuperado da lesão no cotovelo, o maior cestinha da história do NBB não vem tendo muitas oportunidades.
Outra briga boa que vai se desenhando é entre Munford e Malcolm Miller. Na minha opinião, os dois são candidatos ao prêmio de melhor ala do campeonato. Munford faz seus pontos (15,9 ppj) batendo para dentro, finalizando em transição e atacando o rebote de ataque. Já Miller consegue cestas (15,9 ppj) a partir de seu ótimo 1 x1 e através de saídas de bloqueios indiretos para arremessar. Nessa temporada é outro que subiu de produção sob o comando de Bruno Mortari. Malcolm é o líder de bolas de 3 pontos da Liga (108 convertidas com 44% de aproveitamento).
Bolas de longa distância também são a especialidade de outro tricolor. O ala/pivô Lucas Siewert já matou 59 bolas triplas com 44 % de aproveitamento. Jogando na mesma posição, no azul e preto, o canadense Amardi deve ser o encarregado para frear esse alto volume de arremessos de Siewert.
Na zona pintada ofensivamente, Dikembe é dominante (9,9 ppj e 8 rt) e poderá causar danos à defesa são paulina. Mas do outro lado da quadra, por conta da pouca mobilidade nas coberturas, pode ser alvo das jogadas de pick and roll de Élinho, Bennet e o intenso Coelho quando vem do banco. O mesmo pode acontecer com Ansaloni (8,5 ppj e 4,7 rt), que vem tendo bons números mas pode ter dificuldade para dar o auxílio necessário nas constantes jogadas de dupla propostas por Ruivo.
Nos Playoffs melhor de 5 são constantes os ajustes e vai ser encantador acompanhar o que cada time vai propor durante esse confronto. Agora é apreciar dois dos melhores armadores da atualidade em ação, fazendo o time jogar.
A torcida é uma só: que tenhamos uma série longa, de preferência com 5 jogos.