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As equipes sangraram e chegam fortalecidas às semis - Sesi Franca x 123 Minas

13-05-2023 | 02:23
Por Gustavinho Lima

A Prancheta do Gustavinho conversou com dois personagens do grande duelo de semifinais; Lucas Mariano fala sobre o aprendizado do Franca nos playoffs e Shaq Johnson sobre a expectativa de classificação histórica na decisão do NBB 15

Há quem diga que é bom “sangrar” durante o campeonato antes dos jogos decisivos. Ao passar por momentos de dificuldade, o time ganha casca e se fortalece. Foi o que aconteceu com Sesi/Franca e 1,2,3 Minas para chegarem a essas semifinais. 

 

A Unifacisa fez um excelente playoff, jogando como desafiante contra o líder invicto Sesi/Franca. Fez o que até então parecia impossível e venceu duas partidas e ainda entrou no último quarto do jogo 5 vencendo a partida. O time comandado por Helinho Garcia mostrou enorme poder de reação jogando dentro de casa. Contou com o Ginásio Pedrocão completamente lotado – o seu verdadeiro sexto homem para virar o jogo e garantir a classificação na semifinal. Não foi só a torcida que representou… Novamente, o “quarteto fantástico” brilhou em quadra e anotou 72 dos 83 pontos do time (Lucão 26, Georginho 18, DJ 14, Lucas Dias 14). No último quarto, Lucão e Georginho chamaram a responsa e marcaram 20 dos 27 (27 x 12) da equipe. 

Georginho é o líder em eficiência do Sesi Franca no NBB 15. (Marcos Limonti/SFB)

 

O Minas, por sua vez, teve a classificação decidida nos segundos finais contra a aguerrida equipe do Paulistano. Jogando um basquete de muito atleticismo, sólido defensivamente e agressivo nos rebotes, o time da capital paulista conseguiu igualar as chances de vitória na série. A equipe do Minas conseguiu ser mais fria no jogo 5 e dentro da Arena UniBH viu seu astro Shaq Johnson “botar a bola debaixo do braço” e deixar 17 pontos (8 no último quarto), 6 rebotes e 5 assistências, para carimbar o passaporte nas finais. 

 

Nas vitórias durante a série, a equipe dirigida por Léo Costa apostou bastante na força de seus pivôs. Renan fez 25 pontos na 1ª vitória, Wesley 17 pontos no 2° resultado positivo e no jogo decisivo os homens grandes somaram 39 pontos dos 61 da equipe minas-tenista (Paranhos 14, Ewing 10, Wesley 8, Renan 7). 

Renan Lenz foi peça importante na vitória do 123 Minas contra o Paulistano na série das quartas de final. (Hedgar Moraes / MTC)

 

A campanha histórica do Sesi/Franca 

 

Franca foi o primeiro time a conseguir terminar a fase regular de forma invicta. Somados os jogos do Paulista, da Copa Super 8 e BCLA foram incríveis 46 jogos sem perder. Franca tem o melhor ataque com 90 ppj e quatro jogadores entre os 20 cestinhas e entre os melhores em eficiência. 

 

Apesar do poder ofensivo absurdo, o que colocou a equipe de Franca nas semifinais foi a defesa. Quando se está vulnerável tem que apelar para a segurança. Foi o que fizeram Helinho Garcia e seus comandados. Ativaram o DNA francano da defesa! Baixaram os números da Unifacisa em 74, 78 e 73 durante as três vitórias da série e conseguiram a classificação. 


Na semifinal, jogando contra o talentoso time do Minas, a defesa pode ser novamente a chave para avançar para mais uma final e ter a chance de defender o seu caneco. 

Além do DNA, quem merece destaque nessas quartas de final é o ótimo pivô Lucas Mariano. Dominante em quadra e com a mão quente nas bolas de longa distância, Lucão matou 16 bolas de três pontos e foi o principal pontuador das quartas de final com 17,8 pontos de média. 

Lucas Mariano é uma das peças fundamentais na campanha de sucesso francana. (Marcos Limonti/SFB)

A “Prancheta do Gustavinho” bateu um papo com o versátil pivô francano sobre os playoffs do NBB:

 

Lucão, foi uma vitória para dar moral. Ginásio lotado no jogo 5. Mas Franca entrou perdendo até o último quarto, quando você particularmente conseguiu 12 dos 27 do time para a virada. Você acha que para uma série tão equilibrada, foi algum ajuste que a Unifacisa fez para os Playoffs ou o Franca que não manteve a regularidade da campanha? 


R: Esse playoff foi muito difícil, a gente acabou perdendo o 1° jogo em casa e indo pra lá (Campina Grande) tendo que vencer, o que ainda não tinha acontecido em nenhuma série de playoff com a gente. Mas achei que o time foi muito guerreiro, batalhamos muito e ganhamos o 2° jogo difícil e jogando bem e o 3° perdemos na última bola. Em casa, o jogo 4 foi mais tranquilo e no jogo 5 foi aquela guerra, né? A gente batalhou demais e conseguimos abrir só no finalzinho. Fico feliz por ter ajudado a equipe no final a conseguir a voltar a motivação e confiança necessárias para fecharmos a série.

 

Essas duas derrotas servem de alerta para a semifinal? E o que fazer para voltar a se impor em quadra contra o Minas? 


R: Essas duas derrotas com certeza servem de aprendizado. Eu falo muito para a equipe que a derrota ensina mais que a vitória. A gente pegou mais experiência com essas derrotas e vamos entrar com tudo contra o Minas, com o foco total para jogar bem no 1° jogo em casa. É o jogo 1 e vamos estar em casa, e conta muito esse começo… A gente sentiu um pouco essa derrota contra a Unifacisa então a gente quer tentar fazer diferente contra o Minas. 

 

Você está vindo de uma série incrível de 17.8 ppj com 16 bolas 3 convertidas. Primeiro de onde vem essa confiança? E em segundo lugar, esses chutes certamente vão estar no scout do Minas. Está preparado para variar o jogo (mais interior) se necessário?

R: Primeiramente, essa confiança vem de Deus, como eu sempre falo. Sou uma pessoa de muita fé e creio muito em Deus e todos esses momentos ele me abençoa e sempre digo que toda a honra e glória a Deus. É claro que Minas estudou os jogos e sabe do meu ponto forte das minhas bolas. Mas a série de playoffs é outro jogo, né? Se a bola não tá caindo, a gente vai pra debaixo da cesta. Se a bola não cai debaixo da cesta, a gente “abre o aro” e tenta enfiar a bola lá dentro. A gente tem que dar o nosso melhor e o time pode sempre contar comigo, pode contar com meu 100% para a gente poder sair com a vitória nesse primeiro jogo e depois na série, rumo à final de mais um NBB. 

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No garrafão francano Lucas Mariano faz dupla com outro jogador que gosta desse tipo de decisão. Lucas Dias foi eleito MVP das finais no NBB 21/22 e costuma aparecer nesses momentos da competição. Tem ainda o Márcião, que é peça na boa engrenagem do time, e sempre contribui com muita energia, dunks e boas defesas.


Vai se desenhando um match interessante com os pivôs do Minas. Renan, Wesley, Paranhos e Ewing são complementares e oferecem coisas distintas dentro de quadra, o que traz muitas possibilidades para o Minas. 

 

Na armação, Franca tem Georginho, que novamente lidera o NBB em eficiência (19,9). Pelo lado do Minas, Alexey o 4° em eficiência da Liga (17,9), teve uma lesão muscular contra o Paulistano e desfalcou o time no jogo 5, e é dúvida para a continuação na série. Para suprir seu lugar, o Minas tem o experiente armador argentino Lucas Faggiano e também o craque ala/armador Shaq Johnson, que pode ter que assumir um protagonismo ainda maior nessa semifinal. 

Shaq Johnson é o cestinha do 123 Minas na temporada 22/23. (Hedgar Moraes / MTC)

 

A Prancheta do Gustavinho conversou com Shaq, eleito melhor estangeiro na temporada 21/22 sobre o clima desses playoffs do NBB:

 

O Minas conseguiu a grande vitória contra o Paulistano. O que você pensa que aprenderam e podem tirar dessa série dura de quartas de final?


R: Sim, contra o Paulistano foi uma série muito dura e acho que realmente nos ajudou para outra série duríssima. Eles são um time com uma das melhores defesas e também dos mais fortes atacando os rebotes ofensivos. Então, ter conseguido jogar contra eles toda a noite sem dúvida foi um “plus” para nossa equipe. Aprendemos que todo jogo será uma batalha nesses playoffs e que temos que estar prontos para os 40 minutos do jogo.

 

Essa semifinal contra Franca. O que na sua opinião pode ser a chave para Minas tentar vencer o melhor time da Liga no momento? 


R: Eu penso que a chave para o nosso time vencer é limitar nossos turnovers (bolas perdidas), marcando bastante os arremessos de 3 pontos e conseguir atacar na nossa maneira na parte ofensiva. 

 

Shaq você é o cestinha do time e a referência nos momentos decisivos do jogo. Você acha que com a ausência do Alexey você terá que assumir uma responsabilidade maior ofensivamente?


R: Eu acho que cada jogo é diferente, especialmente agora nos playoffs. Nós temos Lucas (Faggiano) que é um armador de alto calibre e que traz muitas coisas boas para o time. E também traz outras oportunidades para outros jogadores que temos de aproveitar o momento. Por exemplo, no jogo 3 Wesley teve um ótimo jogo. Paranhos e Renan também tiveram ótimos jogos durante as séries. Não vai ser nunca somente sobre mim, nós precisamos de todo mundo para avançar nessa série e tenho certeza que cada pessoa irá fazer o que for necessário para conseguir suprir a falta do Alexey até ele conseguir voltar. 

 

Estratégia e basquete coletivo do 123 Minas 

O coletivo foi a marca registrada desse time dirigido por Léo Costa durante toda a temporada regular. O Minas foi vice líder de assistências com 20,6 passes para cesta. 

Com a bola sendo trabalhada, teve o melhor aproveitamento para dois pontos da fase regular com 58 %.


Nos playoffs foi ainda frio na linha de lances livres, tendo a melhor porcentagem com 84,1%. Renan Lenz foi impressionante! Teve 92 % de 2 pontos e 100 % de lance livre. Somando 11,2 ppj, 6 reb e 14,8 de eficiência. 

O jogo interior pode ser mais do que nunca necessário para o Minas, possivelmente sem Alexey. 


Sem dúvidas não é fácil suprir a ausência de seu principal armador, mas como avaliou Shaq Johnson todos estão prontos para dar um algo a mais. 


Estrategista como é o treinador do Minas, ele deve ter estudado muito as vitórias da Unifacisa para tentar achar alguns caminhos a seguir nessa série contra o Franca. No entanto, vimos aqui que Lucão disse que essa derrota serviu como aprendizado para abrir a série com mais autoridade. Conhecido por suas preleções enfáticas, o coach Helinho seguramente irá trazer à tona a importância desse jogo 1. 


Shaq, por sua vez, deixou claro que cada jogo é diferente. Não tem hora “certa” para perder, mas as duas equipes foram derrotadas duas vezes no playoff melhor de 5 e sangraram, mas sobreviveram. Agora trazem as “cicatrizes” para essa semifinal. 


Demonstrando o equilíbrio do NBB, nas quartas de final nenhuma série foi vencida por 3 x 0. Nas semis será que teremos a mesma história?