HOJE
Possível parar o Franca? Unifacisa quer quebrar tabu!
Por Liga Nacional de Basquete
Gustavinho Lima analisa o confronto entre Sesi Franca e Unifacisa, o duelo que acontece neste sábado (29/04), às 15h, com transmissão da TV Cultura
Antes de analisar o líder invicto da temporada 22/23, é preciso reconhecer as duas belíssimas partidas da Unifacisa derrubando o Corinthians dentro do Parque São Jorge. O time dirigido por Cesinha Guidetti foi preciso no plano tático e avançou sem sustos.
A “Prancheta do Gustavinho” avisou: André Góes é um dos jogadores mais “clutch” do NBB. Na hora mais importante André apareceu novamente anotando 26 pontos no jogo 1 (95 x 77). Em casa o basquete coletivo foi a máxima. Com uma Arena Unifacisa lotada, 6 jogadores pontuaram acima dos dois dígitos. Além de Góes, destaque para Gersão com 15 pontos e o argentino Corvalan que vindo do banco contribuiu com 13 de 15 tentados.
Transferindo a responsabilidade para o lado corinthiano, o time de Campina Grande veio ao Ginásio Wlamir Marques concentrado no esquema tático e confiante na classificação. Conseguindo diminuir de maneira feroz o volume de 3 pontos alvinegro (6/26), e também fechar o garrafão principalmente nas investidas de Davaunta Thomas. Jimmy colado no norte americano em grande parte do jogo foi o carrasco do cestinha do Timão que somou somente 8 pontos de 18 tentados.
Com a defesa sólida, foi a vez de Antônio brilhar na outra tabela. Um dos melhores jogadores da temporada (17,9 ppj, 2° do NBB), mostrou novamente seu potencial ofensivo e deixou 30 pontos e 7 rebotes para varrer o Corinthians pela primeira vez nas oitavas de final desde que ingressou no NBB (70 x 81).
A Unifacisa chega com moral nas quartas de final, mas tem uma verdadeira pedreira pela frente. O Franca ainda não perdeu na competição. Pela 1ª vez na história do NBB um time termina a fase de classificação sem perder uma sequer. Seu ataque é coisa de cinema. O melhor do NBB com 90 ppj (melhor eficiência ofensiva com 118 pontos a cada 100 posses de bola). Só o quarteto fantástico formado por Georginho, Lucas Dias, Lucão Mariano e David Jackson tem somados 60 pontos por jogo.
Manter uma equipe focada e sabendo dividir o protagonismo é um dos grandes trunfos do treinador Helinho Garcia. Foco e planejamento são as chaves para o sucesso do Franca em mais uma temporada. Depois de se sagrar campeão em 21/22, seguiu o famoso jargão esportivo. “Em time que está ganhando, não se mexe”. Com exceção de Adyel que se transferiu para o Paulistano manteve o restante da base vencedora.
Outro ponto importante é que os jogadores formados na base francana vem tendo cada vez mais minutos de quadra. Caso de Reynan e Edu Marília que vem conquistando aos poucos um espaço entre as estrelas. Já Márcio seria titular em quase qualquer equipe do NBB e traz muita energia principalmente defensiva para dentro de quadra. No ataque ainda precisa ter um chute de 3 mais consistente, mas briga muito na tábua ofensiva e é excelente nas continuações de bloqueio (8,8ppj e 4,5 rt).
Saber seu papel na equipe é uma das maiores dificuldades do jogador de basquete em qualquer nível e Franca conta com duas peças com postura rara nesse aspecto. O armador argentino Santiago Scala tem um gatilho silencioso, passa por vezes defendendo forte e sem volume de jogo, mas sempre que requisitado, mata bolas importantes de longa distância (52 tiros triplos com 45% de aproveitamento).
O Jhonathan Luz é o tipo de jogador que se encaixa bem em qualquer equipe. Trata-se de um “three and D”. Chutes de 3 e defesa pegada são o carro chefe desse tricampeão do NBB. Sempre encarregados de defender as principais armas dos adversários, nesta série devem ser os indicados para baixar o aproveitamento de Trevor Gaskins (12 ppj com 62 arremessos de 3 com 38% de aproveitamento) e André Góes (10,1 ppj e 4,3 assistências).
Outro match vai ser pra lá de interessante. Dois jogadores na melhor temporada da carreira e que tem capacidade para pontuar de diversas maneiras. Lucas Dias versus Antonio.
Lucas tem na minha opinião o melhor trabalho de 1x 1 no poste baixo do NBB (2° em efiecência da Liga 19,8 ef). Além de jogar de costas, arremessa bem de qualquer lugar da quadra e tem brigado mais no rebote de ataque. Mas seu principal atributo na minha visão, é a coragem quando faltam poucos segundos no relógio.
Antônio tem 74/ 55/ 39% de aproveitamento nos arremessos de quadra (l.l, 2 pts e 3 pts respectivamente). Usa bem o fadeaway e bate para dentro com muita volúpia. Além do que Antônio é nascido na capital do basquete e vai ser curioso observar como o “Lobinho” vai ser recebido pelos seus conterrâneos no Ginásio Pedrocão.
O Franca tem Lucão Mariano que continua dominante próximo ao aro e também nas bolas longas (57% pra 2 pontos e 66 bolas triplas certas com 34%). Gersão, bom protetor de aro da equipe de Campina Grande, será o encarregado de tentar brecar o pivozão. Georginho é difícil de ser marcado no mano a mano. Muito rápido e talentoso, demanda muitas ajudas, o que já deve causar muita dor de cabeça para o técnico César Guidetti tentando traçar uma estratégia para defendê-lo.
É muito talento individual em prol do coletivo. Franca é líder em aproveitamento de arremessos de quadra e também o time que mais vai a linha de lance livre demonstrando a dificuldade dos adversários de sustentar a defesa sem cometer faltas. Traçados os perfis, trago aqui a pergunta do início do texto: Dá pra vencer o Franca?
Somente uma vez na história do NBB o 8° classificado desclassificou o 1° (Flamengo x Pinheiros em 2015). Realmente é difícil imaginar a equipe dirigida por Helinho perdendo três jogos em uma série melhor de 5. Mas faço outra provocação:
Quantos fãs de basquete que tem a vitória do Franca como certa, imaginaram que o Milwaukee Bucks dono da melhor campanha da NBA perderia para o Miami Heat, 8° lugar na classificação?
O Franca está invicto então é sem dúvidas o favorito frente a Unifacisa. Mas como diria o ditado popular repetido em muitas arquibancadas seja lá qual for o esporte. “O jogo é jogado e o lambari é pescado”!