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Copa Super 8

PRANCHETA DO GUSTAVINHO - VENÇA OU VÁ PARA CASA!

16-01-2023 | 06:47
Por Gustavinho Lima

A Prancheta do Gustavinho conversou com dois atuais campeões sobre a expectativa na disputa da Copa Super 8. Renan Lenz que defende o título pelo 123 Minas e o atual MVP da competição, Gui Deodato que esse ano briga para repetir o feito, mas vestindo as cores do Flamengo

A Copa Super 8 reúne os oito melhores classificados do primeiro turno do NBB em um torneio mata-mata em cruzamento olímpico (1×8, 2×7, 3×6, 4×5) e chega em boa hora para apimentar a temporada. É o caminho mais fácil para a BCLA (Basketball Champions League Américas), já que o campeão carimba o passaporte para a disputa do torneio internacional. São apenas três vitórias, para garantir a classificação para a “Libertadores do basquete”. 

 

É interessante observar como os atletas e treinadores se comportam encarando a possibilidade de eliminação. Não é um jogo comum. Perdeu, tá fora! O controle emocional é fundamental em momentos desse tipo. Grandes craques, habituados a chutar as bolas mais importantes costumam ser decisivos nesse tipo de situação.

 

“Se tiver um pênalti aos 45 do segundo tempo, quem bate?”. Essa foi uma das célebres frases que ouvi do lendário Cláudio Mortari quando era meu treinador. A analogia carregada de ironia e inteligência do técnico não precisa de resposta. (Alô, Tite, é o craque do time que bate o primeiro penal!). No basquete, um time bem organizado sabe quem dará o último arremesso. 

 

Esse trabalho é fundamental e muito delicado por parte dos treinadores. Fazer com seus atletas entendam seu papel dentro da equipe e continuem motivados. Claro que se tratando de um basquete moderno, mais de um jogador pode assumir o protagonismo para fechar as partidas. Mas conseguir essa sintonia e minimizar a briga de egos dentro do vestiário pode ser o grande trunfo dos comandantes.

 

Química 

 

Um fator que pode ser determinante para uma vitória é a química entre os atletas. Algo não mensurável, mas que foi relatado por Renan Lenz em um bate papo aqui na Prancheta do Gustavinho. Renan fez parte do 1,2,3 Minas campeão da Super 8 em 2022 e enfatizou a mentalidade trabalhadora, focada em evoluir que encontrou desde o primeiro dia do ano em 2022 no Minas. 

Renan Lenz, do Minas

“Não tinha treino, era primeiro de janeiro. Passou o ano novo, era folga mas eu já queria começar a treinar para estar pronto. É nosso ganha pão, é nossa vida!

Chegamos no Minas de manhã pra arremessar eu e o Gui (Deodato) e, entrando no ginásio estava praticamente o time inteiro lá já arremessando, fazendo treino extra. Então acho que essa era a mentalidade do nosso time. Algo que acho que o Léo (Costa ) conseguiu incorporar na gente. Acho que foi por isso que conseguimos ganhar a Super 8. A gente sabia que pra ganhar ninguém podia trabalhar mais que nós”.

  

Aos 32 anos, Renan vive o melhor momento de sua carreira com médias de 12,7 ppj, 5,7 rpj com 40 bolas de três convertidas e com 37% de aproveitamento no NBB. E fala agora sobre a boa fase e a expectativa para a Copa Super 8. 

 

O fato do 123 Minas defender o título da Super 8 traz uma motivação extra para a equipe? E você acha que as demais equipes do NBB passaram a olhar o Minas diferente depois da conquista em 21/22? 

 

Cara, defender o título da Super 8 com certeza dá uma motivação a mais pra nós. Foi o primeiro título nacional do Minas, então vamos fazer de tudo pra defender esse título e mostrar que estamos num patamar acima do que os anos anteriores e que ainda estamos numa crescente. Sabemos que os outros times começaram a olhar diferente pra gente porque agora temos algo que todo mundo quer, que é o título da Super 8. Vamos motivados e sabendo que todos vêm pra tentar tirar o que é nosso!

 

Como mudar a mentalidade, atuando em três campeonatos diferentes. NBB, BCLA e agora o Super 8? 

 

Nosso foco é manter a mentalidade e pensar um jogo de cada vez. Jogando o NBB é manter jogo a jogo pra permanecer no G4 e brigar lá em cima. Na Champions (BCLA) é tiro curto, focar pra conseguir pensar só na Champions. E na Super 8 é um jogo de cada vez. Nosso primeiro desafio é o Corinthians, então temos que virar a chave e estar focados somente neles. Essa tem que ser a nossa cabeça e saber que ninguém vai treinar mais que a gente. E se ganharmos, vai ser porque merecemos. 

 

Em números você vive o melhor momento da sua carreira 12,7 ppg + 5,7 rbp  – 14,6 ef. A que você credita esse ótimo desempenho pessoal? 

 

Cara, essa temporada está sendo uma mistura de muitas coisas. Um misto de maturidade, com uma cabeça diferente, bem mais madura. Juntando com o Léo que tem uma filosofia que eu me encaixo muito bem. Uma filosofia de trabalho, de suor, de fazer por me merecer e de intensidade. Eu estou me sentindo fisicamente muito bem, no auge da minha carreira fisicamente e também tecnicamente. Estou em um time que é sensacional na questão de egos. Nós somos um time muito coeso e muito inteligente quanto a isso. Nós sabemos que precisamos de todo mundo pra ganhar. O time tá confiando em mim e nós confiamos uns nos outros. E acho que o conjunto de tudo isso e também estar preparado mentalmente está fazendo com que eu tenha a melhor temporada da minha carreira.   

 

No 1º jogo o 123 Minas (4º colocado) enfrenta o Corinthians (5º colocado), que durante muito tempo figurou entre os quatro melhores do NBB. Mas justamente contra vocês tiveram a pior derrota da temporada (65 x 94). Esse retrospecto entra em quadra nessa Super 8?

 

O Corinthians é um time que vem jogando muito bem. Eles vêm jogando um basquete de alta qualidade e não à toa ficaram no G4 por boa parte da temporada. Conseguimos ganhar deles lá, num jogo de confronto direto e passar por eles na classificação. Mas acho que por ser um torneio tiro curto, um jogo de muita emoção, “ganhou continua e perdeu tá fora”, acho que isso não entra muito em jogo não. O que entra é, o time que quiser mais vai ganhar! Quem tiver mais vontade e mais cabeça vai ganhar. Mas eu confio no nosso time e confio que a gente tá preparado pra passar desse primeiro jogo e continuar firme e buscar esse segundo título do Super 8 pra gente.     

O 123 Minas venceu o São Paulo na final do Super 8 de 2022

 

O histórico do Super 8 traz quatro grandes craques como MVP ao longo dos anos 

 

SUPER 8 2018

Franca 75 x 79 Flamengo (em Franca)

Marquinhos – MVP

 

SUPER 8 2019

Flamengo 73 x 77 Franca (no Rio de Janeiro)

Hettsheimeir – MVP

 

SUPER 8 2021

São Paulo 71 x 79 Flamengo (em São Paulo)

Olivinha – MVP

 

SUPER 8 2022

Minas 78 x 77 São Paulo (em Belo Horizonte)

Gui Deodato – MVP

 

Em 2022 a final foi dramática. Marquinhos, o cara certo para o último arremesso, teve a chance de dar o título ao tricolor. A bola chorou no aro, mas não caiu. Festa mineira com o título de maior relevância na história do basquete do Minas Tênis Clube.  

Gui Deodato então vivendo excelente fase na carreira, anotou 25 pontos e 7 rebotes na finalíssima, sendo eleito com todos os méritos o MVP (21 ppj + 5 rpj – 22 ef).

Hoje vestindo a regata do Flamengo, tem a oportunidade de abocanhar o bi da Copa Super 8 e conta como está a expectativa do time carioca. 

“Estou feliz por estar aqui (no Flamengo). É desafio! Um desafio muito grande, do jeito que gosto. Muita pressão, mas estou sonhando em fazer as coisas acontecerem. Vamos pra cima!”

Gui Deodato, do Flamengo

Gui, qual a principal mudança que a equipe e o jogador individualmente devem ter para disputar um torneio mata-mata? 

 

Não acredito em uma mudança. Se você faz de todo jogo uma decisão, acredito que facilita o processo de jogar esse mata-mata, isso mentalmente. E no jogo é conseguir colocar em prática o que temos feito. 

 

Você como atual campeão (pelo Minas) e MVP da Copa Super 8. Qual peso carrega para manter esse retrospecto agora no Flamengo? 

 

Não existe um peso. Tem mais a ver com uma gana maior de ganhar, porque sabemos o quanto é importante pro Flamengo. Pessoalmente, um dos meus maiores objetivos que é ganhar um título aqui. 

 

Em torneio tiro curto, perdeu vai para casa. Qual o ideal: aproveitar a profundidade do elenco ou tentar encaixar um quinteto por mais minutos em quadra? 

 

Eu acredito bastante na profundidade do elenco e na filosofia de trabalho do clube. O mais importante é que todos estejam prontos. Um elenco profundo como o nosso é uma baita vantagem. O importante é estar pronto! 

 

O CAP tem a segunda melhor defesa do NBB mas recentemente, apesar do bom jogo, levou 90 pontos (84 x 90) da artilharia pesada do Flamengo. De que maneira esse último confronto ajuda na preparação para o jogo na Super 8?

 

Esse último jogo nos deu um prisma de alerta muito grande sobre o CAP, o time deles é muito forte e são caras de muita personalidade. Obviamente, nós vamos trabalhar em cima das principais características deles pra tentar minimizar o impacto que os principais atletas deles podem fazer.

 

O que esperar dos confrontos da Copa Super 8?

 

Saúde é o que interessa

 

Com tanto talento em quadra e estudo tático por parte das comissões técnicas, acredito que alguns fatores imponderáveis podem fazer a diferença. A saúde é preponderante. Baixas por lesão ou outras enfermidades podem afetar o rumo das equipes na competição.

Pelo Franca em 2022, seis jogadores (5 titulares) não puderam entrar em quadra na última edição da Copa devido a um surto de COVID 19. 

O argentino Santiago Scala botou a bola debaixo do braço e liderou os jovens francanos do Sub 20 que fizeram bonito diante de um Pedrocão lotado, mas acabaram derrotados pelo Caxias do Sul em um jogo muito parelho. 

 

Haja coração  

 

Nessa temporada o time dirigido por Helinho Garcia, líder do NBB, chega invicto para o mata-mata e enfrenta o oitavo colocado, o Bauru. Uma das maiores rivalidades do basquete nacional logo no jogo de abertura promete mexer com o coração do torcedor.  Franca tem facilidade para anotar pontos. O ataque mais produtivo com média de 117,9 pontos a cada 100 posses de bola (89,1 ppj).

Já o Dragão, com Guerrinha no comando, mostrou a sua força em torneios de tiro curto esse ano: venceu a Liga Sul Americana com muita autoridade dentro da Argentina. Já no NBB tem o segundo melhor IA (índice de assistências por erros) com 1,60. Isso dá 17 passes para cesta e desperdiçando só 10,5 bolas por jogo. 

Franca tem um elenco mais profundo e o Bauru um time mais experiente. Um verdadeiro clássico, perfeito para o abre da Super 8!

 

As duas melhores “zagas” da Liga 

 

O Paulistano é o sétimo colocado, mas já venceu dois adversários do G4. Minas e São Paulo pararam no excelente sistema defensivo do CAP.  Ofensivamente, o treinador Demétrius Ferracciú tem dado muita liberdade para Nate Barnes, Adyel e Crescenzi. O trio vem correspondendo e matando muitas bolas. Porém, sempre atento ao plantel jovem que tem nas mãos, o técnico sabe que o caminho para as vitórias passa pela defesa. O time é o que mais força erros dos adversários (16,3), além de ser dono da segunda retaguarda menos vazada da Liga. Sofre 96.9 pontos a cada 100 posses de bola (72,4 ppj).

 

A tarefa do Tigre no Super 8 não é nada fácil. Baixar o volume de arremessos do time dirigido por Gustavinho De Conti. Vice-líder, o Flamengo além de ostentar a segunda melhor marca da Liga com 115,1 pontos a cada 100 posses de bola (83 ppj), tem também a melhor defesa do NBB. Sofrendo somente 93,9 pontos a cada 100 posses de bola (68,1 ppj). O time rubro negro é bicampeão da Super 8 e esse ano conta com três atletas que já levaram o troféu de MVP do Super 8 no seu plantel: Hettsheimeir (pelo Franca), Olivinha (pelo Flamengo) e Gui Deodato (Minas).    

 

Gosto especial 

 

Depois de bater na trave nas últimas duas edições, o São Paulo parte em busca do título.

Em 2021, o argentino Franco Balbi botou água no chope tricolor, com duas bolas de três para dar a virada e o caneco pro Flamengo. Em 2022, a bola (já narrada aqui) de Marquinhos teimou em não entrar e o São Paulo perdeu o ouro para o Minas. 


Em 2023, o Tricolor é o terceiro colocado do NBB 15, e luta para manter a incrível faceta de ter chegado pelo menos à semifinal de todos os campeonatos que disputou desde a sua volta ao basquete nacional.

Seu duelo de abertura na Copa Super 8 terá um gosto especial para muitos do elenco são paulino. Foi no Pinheiros que o treinador Bruno Mortari se formou como jogador. Assim como Élinho, que jogou também desde a categoria de base até o adulto no clube. Marquinhos jogou o NBB 1. Bennet atuou cinco temporadas, Ansaloni e Betinho duas no azul e preto. O último marcou sua passagem com bolas muito decisivas vestindo a camisa pinheirense. 


O Tricolor nesta temporada tem a segunda melhor média de arremessos de quadra (57,6 %). O mundo dá voltas, e a lei do ex pode pintar por todos os cantos da quadra no Morumbi. 

 

Quebrando tabu 

 

O Pinheiros (6º colocado na tabela) ainda não venceu na Copa Super 8. O time comandado por David Pelosini se classificou em sexto e tenta quebrar o tabu jogando contra o São Paulo (3. colocado) no Morumbi. O Pinheiros é o segundo time com mais volume de jogo na temporada e tem como principal arma para esse confronto o rebote de ataque (13,5 off reb, primeiro do NBB). 

Atacar o garrafão com Munford, Jefferson, Dikembe e o canadense Amard pode ser a chave para o time pinheirense surpreender o São Paulo. 

 

Sempre altaneiro 

 

O Corinthians (5º colocado do NBB 15) parte na tentativa de um voo mais alto esse ano. O time do Parque São Jorge é outro que nessas quatro edições ainda não tem nenhum resultado positivo na Copa Super 8. No NBB, o time de Léo Figueiró vem sacudindo as arquibancadas do Ginásio Wlamir Marques com as jogadas acrobáticas de Mãozinha, Maique e Thomas. A volta de Cauê Borges pode ser importante para momentos decisivos. 


O Timão tem ótimo ritmo e uma defesa bem postada. Forçando seus adversários ao pior aproveitamento de arremessos (45,3%) no campeonato. Mas apesar da boa campanha, ainda não conseguiu vencer nenhuma equipe de cima na tabela. Depois de uma dura derrota contra o Minas em casa, na fase de classificação, o alvinegro parte para dar o troco jogando em Belo Horizonte.

 

Defendendo o título 

 

Renan Lenz já avisou “vamos defender o que é nosso”! O Minas, almejando o bi campeonato, entra sendo o time que mais deu assistências na Liga (20,4 apj). Conhecido por cobrar muita disciplina tática, o treinador Léo Costa sabe da importância do sistema de jogo e quão valioso é o rebote ofensivo. Proporcionalmente a equipe minas-tenista é  a que consegue mais segundas chances de arremessos (34% orb). 

 

Vale vaga na Basketball Champions League Américas

 

Sabendo da importância, o clima de tensão já paira no ar já com os confrontos pré definidos. O arremesso é o mesmo quando se joga valendo a vida? É a hora que os grandes craques aparecem. Quem tem coragem pra chutar a última bola? A Copa Super 8 chegou. Vença ou vá pra casa!