#JOGAJUNTO

A rua tá "On Fire"

14-11-2022 | 07:03
Por Gustavo Marinheiro

O projeto já é conhecido por revitalizar quadras e criar eventos solidários, mas tem viralizado cada vez mais nas redes sociais com vídeos de rachões que "pegam fogo"

Para que a cultura do basquete dentro dos parques e das ruas cresça, é necessário cada vez mais criar um senso de comunidade, de união entre aqueles que utilizam as quadras e vivenciam essa experiência diariamente. O jogo vai além das quatros linhas e esse trabalho de unir o extra-quadra com os jogadores e a cultura, é algo que o projeto “On Fire” vem desempenhando com muita maestria.

Squad On Fire em um dos seus Rachão Solidário (Arquivo On Fire)

A On Fire é um projeto com quatro pilares: O Squad On Fire, que consiste em uma equipe do projeto que passa por diversos rachões de São Paulo, as revitalizações de quadra, o rachão solidário e os campeonatos de 3×3, 1×1 e 5×5. Outro projeto que está sendo desenvolvido a longo prazo é o da escolinha de basquete, onde o objetivo será ensinar crianças como praticar o esporte.

“No projeto de revitalização de quadras contamos com a ajuda da prefeitura de Diadema, além de alguns depósitos, e a ideia é utilizar os próprios usuários da quadra durante a obra com a intenção de conscientiza-los do cuidado com o espaço público. Isso gera um sentimento de pertencimento com o lugar”, afirmou Fernando, diretor do projeto.

Fernando, um dos diretores do projeto (Arquivo On Fire)

Hoje, os vídeos da On Fire alcançam milhares de visualizações e se tornaram referência para aqueles que estão no meio do basquete. Porém, Fernando comentou que durante o inicio, nem todos os integrantes concordavam com essa ideia de colocar nas redes sociais, que ainda demorou para que eles explodissem em relevância e vizualizações.

“A gente sempre se baseou muito no que o ‘Ball Is Life’ faz. Como dá certo no país que o basquete domina, como dar errado por aqui? Fomos um dos primeiros a fazer isso no Brasil. O Biônico já era mais conhecido, mas todos os nosso atletas apareceram muito mais depois dos vídeos”, disse Fernando.

Outra vertente muito conhecida da On Fire são os rachões solidários que acontecem em uma média de 6 em 6 meses. Na última edição, o racha foi disputado na quadra do Kalemann, em Diadema, e o projeto reuniu diversas figuras importantes do basquete, como Giovannoni, Gustavinho Lima, Sassá, Paulinho Boracini, além de outros representantes da cultura que aparecem por outras vertentes, como o rapper Nog, do Costa Gold, e até mesmo Marcel Pedroza, repórter e comentarista do NBB.

“Nós conseguimos ajudar pessoas, seja com os alimentos que arrecadamos, com as roupas que conseguimos em outros momentos, e até mesma nessa união entre fã e ídolo. Vários meninos que curtiam rap, estavam falando frente a frente com o Nog, mostrando o som que estavam produzindo, alguns estavam tirando fotos com o Giovannoni, tendo a experiência de conhecer um ídolo. Isso é muito importante”, afirmou Fernando.

Ele ainda comenta que o projeto é muito bem recebido pela comunidade do streetball e que todos apoiam muito. Nos eventos e durante as revitalizações, sempre conseguem muito apoio do público e de pessoas importantes do meio do basquete. Inclusive, o feedback de quem cuida de clubes, além de outras ações, é sempre positivo, como destaca Biônico, jogador do Squad On Fire:

Biônico, atleta do Squad On Fire (Arquivo On Fire)

“Nós conseguimos mostrar que o basquete de rua é acessível a todos. Com os vídeos e eventos, trazemos cada vez mais praticantes. Depois dos vídeos, fui muito mais reconhecido e muita gente vem falar comigo”, afirma Biônico, que ainda completou:

“Eu vejo o basquete de rua como algo acolhedor. Quem não tem oportunidade de jogar em times profissionais, procura abrigo na rua. Nós fazemos essa corrente, somos a força que você precisa pra não desistir. O basquete de rua é isso, é esperança.

Além disso, a cultura do basquete de rua carrega com si uma herança muito grande do Hip-Hop e seus principais elementos: o Rap, os Grafites, DJs e MCs, e quem sabe até mesmo o Break? Inclusive, para os membros da On Fire, o Streetball já é considerado como mais um elemento do Hip-Hop.

“Curto todos os elementos do Hip-Hop, já me arrisquei fazendo músicas e sou amante da cultura. Pra mim, o Streetball é mais de um todos esses elementos, afinal, é um esporte que vem da rua e se mistura com tudo que falamos”, afirmou Biônico.

Tem crescido cada vez mais no meio dos ‘basqueteiros’ brasileiros a ideia do basquete não se tornar apenas mais um esporte do qual praticamos aos finais de semana, mas sim uma cultura para levarmos em todos os âmbitos de nossas vidas. Como amar basquete e não se interessar pelo estilo? Ou como ignorar a cultura musical e do hip-hop que envolve tudo isso?

É uma tarefa difícil você assistir o seu time do coração jogando pelo NBB e não sentir nenhuma vontade de entrar em quadra para se divertir e se envolver com tudo isso. Quem escolhe amar o basquete, não ama apenas um esporte, mas toda a cultura que o envolve.

O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA e o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), e conta com os patrocínios oficiais da Penalty, EY, Sportsbet.io e apoio da IMG Arena, Genius Sports e Accor.