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15-08-2022 | 06:41
Por Gustavo Marinheiro

Rolando já marcou como primeiro jogador brasileiro da NBA, mas agora iniciou uma nova jornada como coordenador do Coritiba Monsters

Um dos maiores jogadores da história do basquete segue deixando marcas expressivas no basquete nacional, agora como coordenador do Coritiba Monsters. O ex-jogador marcou como primeiro brasileiro a jogar na NBA, em 1988, pelo Portaland Trail Blazers, e agora assumiu um novo desafio, como coordenador técnico de uns dos destaques da sede de Santa Cruz do Sul na LDB 2022, o Coritiba Monsters.

Rolando Ferreira na apresentação do Coritiba Monsters (Coxa/Divulgação)

Rolando foi nomeado o padrinho do basquete do Coritiba, mas revelou que não gosta de se envolver na parte técnica, ajuda apenas no “extra quadra”, em reuniões com a prefeitura, auxiliando os diversos projetos da cidade e do Clube. O ex-atleta chegou a treinar times de escolas e universidades, mas nunca quis ingressar de fato na vida de treinador.

“Eu sou coordenador técnico, mas devido as minhas funções profissionais se torna complicado de estar mais presente no dia a dia. Sempre que possível estou em contato com patrocinador nas reuniões, falo com os atletas quando se faz necessário, sabe? Não estou 100% presente no dia a dia do Clube, mas quando precisa, eu apareço. Desde que eu parei, o basquete mudou bastante, então nem adianta eu falar muito. As vezes o Fabio (técnico do Coritiba) pergunta algumas coisas para a mim, eu dou a minha opinião, mas não chega a ser nada de mais”, afirmou o Rolando.

Rolando faz parte do projeto desde o seu início, em 2019, que surgiu como uma alternativa de carreira para os diversos jogadores de basquete que, após finalizar a sua carreira na base, se viam sem uma oportunidade de futuro. A ideia do projeto era dar um clube para os jogadores que saiam do juvenil e não conseguiam uma equipe para disputar a LDB e os campeonatos adultos.

“Não tínhamos nada de basquete adulto aqui em Coritiba, então quando paravam, os jogadores começavam a jogar aqueles campeonatos abertos, ‘interpraças’, então surgiu a ideia de criar esse projeto. Procuramos o Coritiba, uma equipe de renome dentro do estado, o que facilita também a procura de apoiadores, assim tornamos tudo isso real. A ideia sempre foi essa, ajudar os meninos que muitas vezes não tinham a oportunidade de seguir jogando”, afirmou Rolando. O pós-jogador ainda comentou que frequentava o Coritiba desde criança. Na sua infância, morava a uma quadra e meia do estádio enos anos 50 e 60, o seu pai foi vice-presidente do clube.

A história de Rolando

Rolando Ferreira, primeiro jogador de basquete brasileiro na NBA (Agência Estado)

A sua carreira dentro do basquete começou ainda cedo, em 1976, quando ele estava na sexta série. Seu professor de educação física gostava de basquete e foi quem fez o seu primeiro contato de Rolando com a modalidade, na época, em uma escola que oferecia treinamentos e aulas sobre diversos esportes. Porém, ele comentou que sofreu muito bullying por conta da sua altura, afinal, era uma criança de 1,90 no meio de diversos colegas mais baixos.

“Eu cheguei a jogar em 1976, mas acabei parando. Na época eu sofria muito bullying por conta do meu tamanho, era bem ‘bocó’, então quando meu treinador me deixou de fora de um campeonato pela primeira vez, eu abandonei. Em 1978, fui para outro colégio, onde eu inventei de fazer vôlei, mas continuei de lado, sentia vergonha de ser tão grande, tinha 1,90 enquanto o segundo maior tinha 1,70. O técnico de basquete daquele colégio viu minha vergonha, decidiu me convidar para treinar em um clube perto de casa e eu aceitei. Quando cheguei lá, meu técnico pediu para que o time me recebesse, então quando eu vi um monte de jogadores altos como eu, me senti bem. Percebi que não era mais motivo de piada”, disse Rolando.

Sua relevância nacional (e internacional) começou em 1980, quando o Globo Esporte o entrevistou para o Brasil inteiro. Logo depois, Claudio Mortari foi até o Paraná para um competição nacional, o encontrou treinando para os jogos interescolares e o convidou para ir até São Paulo, focar de verdade no basquete profissional.

“Quando fui para São Paulo e comecei a integrar a seleção brasileira juvenil, muitos jogadores, principalmente os estrangeiros, me falavam para ir aos Estados Unidos. Nunca levei muito a sério, não acreditava muito em mim, mas em 86 fui convidado para jogar em Houston, então larguei tudo aqui e fui atrás desse sonho de jogar na NBA. Foram dois anos para chegar e deu tudo certo”, disse Rolando.

Ele ainda comentou que a grande diferença entre os Estados Unidos e o Brasil está na base. Segundo o Rolando, a cultura esportiva dos EUA se inicia desde cedo, quando começam os estudos, enquanto no nosso país, o único esporte que recebe esse apoio é o futebol.

“Sou muito grato a todos os clubes que me deram apoio, mas na minha opinião, a base deveria ser nas escolas, com apoio público. Os atletas deveriam conviver com o esporte desde cedo, afinal, ele também é uma grande ferramenta de educação. Lá, desde cedo, estão jogando e se desenvolvendo, eles tem um caminho muito mais frutuoso. Outro ponto: lá eles recebem bolsa para jogar, enquanto aqui, aos 19/20 anos, se você não vira jogador, é obrigado a largar o seu sonho para estudar. Eu quero ajudar pessoas a terem uma vida como eu tive: Quero educar através do esporte. Mas não depende só de mim”, disse o pós-jogador.

Rolando Ferreira com a tocha olímpica (Coritiba Monsters/divulgação)

Rolando e a LDB 

Se engana quem pensa que a única ligação de Rolando com a LDB é através do Coritiba, afinal, o pós-jogador já jogou em Santa Cruz do Sul, terra do União Corinthians, e uma das sedes da primeira etapa desta LDB. Ele ainda comentou que desde sempre a torcida foi um grande destaque da cidade, que com o tempo se tornou uma referência para o basquete do sul do país.

“Quando voltei da NBA, joguei meia temporada no Monte Líbano. Lá eu joguei com Marcel, Pipoka, um time bom, chegamos ao terceiro lugar daquele ano. Logo depois, o Ary Vidal me chamou para o projeto do Corinthians de Santa Cruz, e é aquela regra: se o Ary vai, não é qualquer projeto, não é ‘barca furada’, então foi eu, Marcel, Junoca, diversos jogadores da seleção brasileira juvenil, apostando, sem saber de nada, mas confiando nele. No primeiro ano, jogamos em uma quadra de um colégio chamado Mauá, e assim, entupia, lotava, era um verdadeiro caldeirão. O ginásio não era muita grande, mas era um verdadeiro alçapão, eles ajudavam muito a gente. No meu terceiro ano eles construíram o Arnão, Tinha torcida organizada de basquete, era uma ‘nova Franca’, virou um centro de basquete no sul do país”, comentou o ex-jogador do União Corinthians.

Para Rolando, a participação do UniCo dentro da LDB é uma credencial para o projeto. Segundo ele, é importantíssimo as conquistas que equipe vem conseguindo para ajudar a evoluir e fortalecer ainda mais o time. A conquista da CBB, ser sede da LDB, são acontecimentos que ajudam a cidade a chegar ainda mais perto de patrocinadores e apoiadores para a o clube.

A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA e o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), e conta com o patrocínio oficial da Penalty, e apoio da IMG Arena e Genius Sports.