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Personalidades Negras
Por Juvenal Dias
LNB dá prosseguimento às ações realizadas pelo Tratado Antirracista pela Diversidade da LNB e apresenta Xica Manicongo, no segundo capítulo da série Personalidades Negras
A Liga Nacional de Basquete dá prosseguimento às ações realizadas pelo Tratado Antirracista pela Diversidade da LNB com o segundo capítulo da série Personalidades Negras. Conhecer personagens históricos brasileiros negros faz parte do importante processo de letramento racial. Além disso, mensalmente, um jogador negro do NBB CAIXA fará uma indicação de livro, filme, peça de teatro, ou uma manifestação artística que tenha a cultura negra como tema principal.
No mês do dia Internacional da mulher, simbolizando a luta por igualdade de direitos e o dia do Orgulho Gay, contra a LGBTQIAP+fobia, a série Personalidades Negras apresenta uma personagem importante nessas lutas: Xica Manicongo, com o toque cultural da atleta Luana de Souza, direto da Liga de Basquete Feminino CAIXA.
Xica do Nascimento
Descendente da realeza do Reino do Congo, foi sequestrada e escravizada no século XVI, teve sua vinda para o Brasil onde trabalhava como sapateira na região de Salvador. A história de Xica foi descoberta pelo antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, que encontrou nos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, uma denúncia de sodomia feita em 1591 à Inquisição. É a figura de resistência da população LGBTQIAP+, batizada como Francisco, ela tinha grande resistência na utilização de roupas consideradas masculinas, mantendo–se vestida em seus trajes femininos, tal como se vestia na África, reforçando sua identidade.
Segundo os documentos, Xica faria parte de “uma quadrilha de feiticeiros sodomitas”. A palavra sodomia se refere a uma interpretação de uma passagem bíblica que faz referência a atos considerados imorais. Os arquivos diziam também que Xica, que trabalhou como sapateira na capital baiana, tinha grande resistência em usar roupas ligadas ao imaginário masculino.

Retrato de Xica Manicongo. Imagem: Site Grupo Gay da Bahia
Após ser denunciada, Xica foi condenada a ser queimada viva em praça pública, e seus descendentes desonrados até a terceira geração. Para não sofrer a condenação, ela deixou de lado o vestuário e os modos femininos e passou a se comportar como um homem. De acordo com a literatura, Xica foi definida como travesti pela primeira vez, na década de 2000, por Majorie Marchi, então presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (Astra-Rio).
O redescobrimento da história de Xica Manicongo, tem tornado sua figura um símbolo de resistência da população LGBTQIAP+ negra brasileira, que lidera a mais de 10 anos o ranking mundial de mortes a essa população. Seu nome é frequentemente citado em estudos sobre gênero, raça e escravidão no Brasil. Em Salvador e em outras partes do Brasil, a memória de Xica Manicongo tem sido resgatada por movimentos populares, artistas e historiadores que buscam dar visibilidade às histórias de pessoas LGBTQIAP+ na diáspora africana.
Ela também é citada em produtos culturais e artísticos, como na música Amor amor da cantora e compositora Linn da Quebrada, e tem seu nome estampado em coletivos e institutos, como o Quilombo Urbano Xica Manicongo, em Niterói (RJ). Em 2022, as vereadoras de São Paulo, Luana Alves e Erika Hilton propuseram nomear uma rua de Xica Manicongo, no Distrito do Grajaú, mas a proposta foi vetada pelo prefeito Ricardo Nunes. Em 2025, Xica Manicongo foi homenageada com o samba enredo da escola carioca, Paraíso do Tuiuti, com o tema “Quem tem medo de Xica Manicongo?”
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Fontes: Site Brasil de Fato, DW, Grupo Gay da Bahia e canal de YouTube Amor Além da Diversidade
Toque cultural, parceria NBB CAIXA e LBF CAIXA

Luana Alves, do Unimed Campinas. Foto: Divulgação/LBF
Atleta que atua como ala do Unimed Campinas, Luana Souza sugeriu como indicação o filme Estrelas Além do Tempo, lançado em 2016. A história se passa em 1961, no meio da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial, entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar a parte. Mesmo assim, as atrizes Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, interpretando Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson, enfrentam o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da NASA.
“Esse filme me chamou atenção por envolver mulheres negras em um contexto segregação racial e como era difícil lidar com seus superiores brancos. Esse filme é muito profundo pois sempre imaginamos o desespero da época, de toda situação e conseguimos traçar um paralelo com a nossa realidade”, afirmou Luana